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Transexualidade não é patologia

Transexualidade não é patologia

Falar sobre sexo / sexualidade choca muitas pessoas. A sexualidade ainda não é trabalhada e nem entendida como algo natural. Isto piora consideravelmente quando falamos de diversidade sexual. Como tratar a transexualidade em uma sociedade onde esse assunto é um tabu?

Transexuais são pessoas que têm sua Identidade de Gênero oposta ao seu sexo biológico. Há um desejo constante de adequar seus corpos e os caracteres primários e secundários (pelos, seios, voz, etc.) através de hormonioterapia e/ou procedimentos cirúrgicos.

  • A mulher transexual: psicologicamente ela é mulher, embora biologicamente tenha nascido num corpo masculino. É aquela pessoa que se identifica como mulher, porém essa identificação não corresponde ao seu sexo biológico e à sua genitália.
  • O homem transexual: biologicamente nasceu num corpo feminino, porém identifica-se como homem, psicologicamente é homem e vive a identidade de gênero masculina, rejeitando qualquer característica física feminina, principalmente os seios e menstruação.

Para as e os transexuais o conflito está na inversão completa entre sua identidade de gênero e seu corpo biológico; na exigência (pela sociedade) de viver um papel social inverso à sua identidade de gênero; e na inadequação de seus documentos, o que as impedem de exercer plenamente a cidadania.

O termo Identidade de Gênero refere-se à sensação interna de pertencer ao gênero masculino ou feminino (ou a nenhum dos dois, ou aos dois, mas estes são assuntos para próximos textos).

Possuímos um sexo biológico e a partir disso vamos construindo nossa identidade de gênero que não se resume ao fato de termos um pênis ou uma vagina. A identidade de gênero de um homem, por exemplo, é o resultado de como ele se sente homem juntamente com a imagem física que lhe diz ser homem.

Porém, existem formas diferentes pelas quais a identidade de gênero se manifesta. A relação “se nasce um menino, no futuro ele se sentirá homem” e “se nasce uma menina, ela se sentirá mulher” não é automática e óbvia. Ter a consciência da identidade corporal (sexo biológico) não é suficiente para nos sentirmos homem ou mulher.

Lembrando que, apesar de ter ainda um número no CID (Classificação Internacional de Doenças), a transexualidade não impossibilita ninguém a qualquer atividade, então, ao se referir a essa Identidade de Gênero, nada de “ismos”, pois esse sufixo remete à doença. O termo “transexualismo” é errado. Usa-se o termo Transexualidade.

É uma questão bastante delicada, pois a medicina trata ainda como um Transtorno de Identidade de Gênero, ou seja, algo que precisa ser tratado e, até curado, quando na verdade é apenas aceitação, adequação e respeito. Uma pessoa transexual nasce com um desencontro entre seu sexo biológico e sua Identidade de Gênero, buscando por métodos variados a adequação do corpo.

As pessoas no geral não têm entendimento sobre a questão, nem mesmo se preocupam em conhecer e continuam reproduzindo ideias errôneas e disseminando o preconceito. Acabam fazendo certas perguntas que são constrangedoras. Quando você conhece alguém, geralmente, pergunta nome, idade, profissão, você não pergunta, “mas, e na hora do sexo, como funciona?” Então por que perguntar isso para uma pessoa transexual?

“Mas você não nasceu mulher, você não é mulher, você está enganando as pessoas, é errado, vai se tratar”. Se sentir mulher não é enganação, não é mentira. Ser o que se é, é a única verdade possível. Ninguém precisa se tratar por dizer a sua própria verdade e viver como realmente é. Precisa tratamento aquele que não consegue compreender e respeitar isso.

Todo esse conceito de ser algo “errado” que a sociedade traz sobre a transexualidade, afeta essa população de diferentes maneiras. Algumas pessoas se escondem, outras se mutilam, outras se suicidam e outras tem muito medo de começar um relacionamento amoroso com medo do que o parceiro ou parceira vá pensar ou se vai ou não aceitar e muitas vezes acabam desistindo ou nem tentando.

O destino de grande parte das mulheres transexuais é a prostituição, onde sofrem todo o tipo de violência e estão expostas a todo tipo de humilhação. É muito difícil ver uma transexual com ensino superior e integrada no mercado formal de trabalho. No caso de homens transexuais é um pouco menos difícil essa integração, muito embora seja difícil também.

São pessoas que vêm de um histórico de desrespeito, muitas vezes, dentro da própria família, onde deveriam encontrar amor e apoio, recebem o oposto. E infelizmente a sociedade não as acolhe, as rejeita e por pior que seja o meio da prostituição, das drogas e do submundo é o único que as recebe às patadas muitas vezes, mas ainda assim as recebe.

Precisamos preparar a nossa sociedade para respeitar as diferenças, para acabar com o “mas”, com o “porém”, com o “no entanto”. Precisamos urgentemente educar as nossas crianças para aceitar a individualidade de cada um, independentemente de suas particularidades, escolhas, síndromes, desejos, gostos e amores, mas acima de tudo, para que elas respeitem essa individualidade.

Transexualidade não é doença, por isso não há nada a ser tratado, não é patológico, é apenas desejo. Desejo de pertencer, desejo de ser quem se é, desejo de amar, desejo de ser amado, desejo de respeito, desejo de entendimento, desejo de aceitação, desejo de viver, desejo puro e simples.

Imagem de destaque: Thammy Miranda – Extra Globo.com
Bárbara Dalcanale Menêses
Psicóloga, Psicodramatista e Terapeuta Sexual (Sexóloga)
CRP 06/58842-0

Instagram: @barbaramenesespsi
Facebook: Barbara Dalcanale Menêses
Email: pergunteparabarbara@gmail.com
Fone: (19) 996021824

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1 Comentário

  • Luciana
    18 de dezembro de 2016, 18:53

    Já assisti algumas palestras suas e gostei muito, são objetivas e sem blababla. Muito bom poder ler textos seus também ainda mais de assuntos que as pessoas não gostam de falar. Como tratar a questão da transexualidade na criança? Como saber se não é só uma fase? Pretende escrever sobre isso?

    Attt
    Luciana

    RESPONDER

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