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Dividir seus bens = multiplicar a renda

Você deve estar se perguntando como a divisão pode se tornar uma multiplicação. Sim, é um pouco estranho em termos matemáticos, porém em termos de sustentabilidade e economia, a equação é verdadeira, afinal a sustentabilidade nada mais é do que o tripé integrado do que é socialmente justo, ambientalmente correto e economicamente viável.

Nesta coluna traremos novidades, tecnologias e curiosidades da bioarquitetura e urbanismo sustentável, de que forma você pode aplicá-los no seu cotidiano e como eles influenciam sua qualidade de vida.

Em um mundo em que as pessoas efetivamente utilizam seu veículo próprio, em média de 2 horas por dia, sendo as outras 22 horas completamente gastas somente na deterioração do bem, a proposta do car sharing vem para dinamizar a forma como utilizamos o nosso carro, além de conseguir uma renda extra e de quebra ajudar o meio ambiente.

Car sharing é expressão que significa compartilhamento de carro. Para resumir como funciona o sistema vou contar uma pequena historinha: você tem um carro próprio, que utiliza somente para seu deslocamento entre trabalho e casa, nos dias de semana.

Precisa pagar pelos impostos, manutenção, combustível, etc. Uma outra pessoa que mora na sua cidade gostaria muito de um carro para poder viajar no fim de semana com a família, ou só precisa dele por algumas horas durante uma tarde chuvosa de terça-feira para ir ao cartório, mercado, pegar os filhos na escola. Você emprestaria seu carro para esse desconhecido?

A resposta óbvia para a maioria é não, claro! Então considere um aluguel que você irá receber durante o tempo que ela utilizar seu carro, uma empresa por trás disso para organizar os imprevistos que podem ocorrer, você tem total contato com quem alugou e ainda compensa a deterioração do seu carro com a renda extra.

Agora, você emprestaria seu carro para essa pessoa? E do outro lado, você que não tem um carro, porém precisa ter acesso a ele (sem ter que recorrer a táxis, uber, locadora de veículos), sabendo de toda a segurança por trás dessa operação, com preços muito mais atrativos do que as outras opções, toparia esse intercâmbio?

carsharing
Fonte: carsharing.org

Essa é a proposta que a empresa curitibana Fleety, pioneira na América Latina, maior do Brasil e até mesmo do hemisfério sul oferece para seus usuários. O empreendimento iniciou-se em 2014 e cresceu tanto, que atualmente a empresa também atua em São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis. Segundo Guilherme Nagueva, responsável pela estratégia digital da empresa, já são mais de 5 mil carros cadastrados de várias marcas e tipos para se adaptar a qualquer necessidade de uso, 35 mil usuários em toda a rede, e os números só tendem a crescer.

Para cadastrar seu carro no sistema é preciso atender a alguns pré-requisitos como documentação em dia, seguro ativo e o carro ter menos de 10 anos. O usuário só precisará apresentar a sua CNH válida, número do celular e cartão de crédito. A Fleety também dispõe de seu próprio seguro para casos especiais. Guilherme afirmou que somente 1% das locações tiveram problemas com o carro, sendo que desse 1%, 90% foi resolvido diretamente entre os usuários da plataforma, já que se tratavam de casos muito simples e fáceis de resolver. Nos outros 10% a Fleety interveio.

A iniciativa do car sharing contribui muito para a sustentabilidade em todo o seu tripé. Quando se compartilha qualquer bem, seja um carro em uso, uma roupa que não lhe serve mais, uma instalação comercial (a exemplo dos coworkings), você já está contribuindo para o desenvolvimento de uma sociedade mais sustentável.

Carro elétrico da Fleety
Carro elétrico disponível para compartilhamento na Fleety

Apesar disso, o maior desafio para a expansão de usuários desta plataforma é a barreira cultural. Hoje, vemos o carro como um bem de difícil conquista e demonstração de status, principalmente no Brasil. Segundo Guilherme, a faixa etária que mais utiliza a plataforma é de 25 a 35 anos, ou seja, são jovens em busca de uma forma diferente de qualidade de vida.

A geração Y (nascidos na década de 1970 até 1990) ainda carrega algumas características da geração anterior. Precisamos ter casa própria, precisamos ter um carro próprio, precisamos constituir uma família, e por aí vai. Em muitos casos, a riqueza ainda se traduz em posse de bens materiais. Já a geração Z, desconhece os limites geográficos, pois já nasceram em um mundo globalizado e cada vez mais informatizado, também são menos motivados pelo dinheiro e mais pelas experiências de vida, isso acaba por tornar a geração Z bem mais inovadora em seus empreendimentos. Deixando de lado as falhas de cada geração, é importante considerar que esta última pode quebrar muitas barreiras culturais que impedem o crescimento de muitas startups.

O car sharing pode ser uma saída para o trânsito caótico de uma cidade. Curitiba já é difícil em determinados horários e lugares, imagine-se vivendo em São Paulo, enfrentando o trânsito com mais frequência do que pisca os olhos. Então você nota que não existe a necessidade de comprar um carro se existe um sistema de car sharing, consequentemente menos carros nas ruas, menos CO2 emitido, menos trânsito, você passa mais tempo com a família, passa a ter mais saúde e mais qualidade de vida. Imaginou-se nesse quadro? Então, bora compartilhar.

Trânsito
Imagem: Portal R7

 

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Priscila Arashiro

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