Uma artista polivalente que colaborou com a cultura
Mês de Cecília Meireles, porque a artista nasceu em 7 de novembro de 1901 e faleceu em 9 de novembro de 1964.
Desde os anos 90, professores de Língua Portuguesa e Literatura de todo o Brasil, começaram o movimento de homenagear Cecília Meireles em novembro, principalmente, na primeira semana desse mês.
Mês de Cecília Meireles em 2023, a semana especial em homenagem à artista acontece entre 7 de novembro à 14 de novembro.
Mas as homenagens a essa escritora duram o mês inteiro.
Nesse período, professores trabalham a obra de Cecília Meireles com seus alunos e também postam seus textos nas redes sociais com as seguintes hashtags:
- #novembromêsdeCecíliaMeireles
- #CecíliaMeireles
- #CecíliaMeirelesvive
Aliás, quem foi criança entre os anos 60 e 90, já leu algum texto de Cecília Meireles nos livros didáticos da escola.
Conheci as obras de Cecília Meireles ainda criança, num momento muito crítico da minha vida.
Em 1979, eu tinha cinco anos, peguei meningite e fiquei internada no Hospital Pequeno Príncipe de Curitiba durante alguns meses.
No meu quarto não havia televisão.
Porém freiras passavam nos quartos das crianças distribuindo livros para os doentes.
Naquela época, eu gostava de ver as figuras dos livros, mas sabia ler um pouco e me esforçava muito para isso.
Então, duas freiras chegaram no meu quarto e pediram para que eu escolhesse um livro para ler.
Como era criança escolhi a obra pela capa e peguei: O Menino Azul da autora Cecília Meireles.
Já na primeira parte me identifiquei com o garoto porque ele se sentia sozinho e queria um animal de estimação, um burrinho.
Na época eu estava sozinha no quarto e sonhava com um bicho para me fazer companhia.
O interessante era que o menino queria um burrinho que soubesse conversar e ensinasse coisas para ele.
Naquele instante percebi que o adjetivo burro era pejorativo. Pois burro é um animal que pode ser inteligente.
Isso mudou muita coisa no meu desenvolvimento. Pois lembrei das várias vezes que fui chamada de burra mesmo tendo a capacidade de imaginar.
Aliás, esse foi o primeiro texto que li que me despertou o interesse pela Poesia.
Alguns dias depois, as freiras voltaram e precisei devolver o livro. Porém emprestei outro: Ou Isto ou Aquilo também de Cecília Meireles.
Na verdade, o livro era um poema todo ilustrado e ensinava a importância da decisão que as pessoas possuem quando têm dois caminhos a seguir.
Essa obra me ensinou que a indecisão é ruim e que muitas vezes temos que deixar algo que gostamos para seguir o caminho escolhido.
Na terceira vez, quando as freiras trouxeram as obras, escolhi uma edição decorada de: Giroflê Giroflá de Cecília Meireles.
Esse livro, na época, apesar das ilustrações, foi mais denso para meu entendimento. Mas, apesar disso, gostei muito.
Giroflê Giroflá é composto de oito contos que fazem referências às lendas brasileiras e ao folclore do nosso país.
A partir dessa obra, minha curiosidade sobre lendas aumentou e mais tarde me tornei uma pesquisadora de Lendas Urbanas.
Essa minha viagem ao mundo da leitura, aos cincos anos da idade, aconteceu graças às obras de Cecília Meireles e contarei sobre a biografia dessa artista abaixo:
Como já foi dito acima, Cecília Meireles foi: escritora, artista plástica, musicista, bailarina, professora e jornalista.
Portanto, foi uma artista polivalente.
Ela fez parte do grupo literário da Revista Festa de tendência espiritualista.
Essa artista estudou o primário, na Escola Estácio de Sá, onde recebeu das mãos de Olavo Bilac a medalha do ouro como a melhor aluna da turma.
Biógrafos dizem que quando ela recebeu a medalha das mãos do poeta, ela se emocionou, chorou e disse:
- Também sonho em ser escritora!
Como atividades extras, ela estudou: pintura, música, costura, dança e línguas.
Ainda na adolescência, ela gostava de escrever cartas com textos de diversos gêneros para revistas e jornais.
Mas sem intenções propositais de se tornar jornalista um dia, o que acabou acontecendo mais tarde.
Alguns desses artigos chegaram a ser publicados.
Em 1917, se tornou professora primária pela Escola Normal do Rio de janeiro.
Assim ela deu aulas em várias escolas.
Em 1919, lançou seu primeiro livro de poemas, “Espectros” com 17 sonetos de temas históricos.
A paixão pelas artes fez Cecília se aproximar do pintor, Fernando Correa Dias, com quem se casou.
Mas, em 1935, o pintor, que sofria de Esquizofrenia, se suicidou.
Assim cinco anos após o falecimento do pintor, ela se casou com o engenheiro agrônomo, Heitor Vinícius da Silveira Grilo, com quem teve três filhas.
De 1930 a 1931, essa artista trabalhou como redatora e jornalista no “Diário de Notícias”.
Em 1934, Cecília viajou para Portugal, onde deu palestras sobre literatura e o folclore brasileiros.
No mesmo ano, essa artista fundou a primeira Biblioteca Infantil do Brasil, no bairro do Botafogo, no Rio de Janeiro.
Alguns anos depois deu aulas de Literatura e Folclore brasileiros nos Estados Unidos e em diversos países do mundo.
Também publicou em Lisboa o ensaio “Batuque, Samba e Macumba”, com ilustrações de sua autoria.
Um fato interessante sobre Cecília Meireles era sua descendência cigana.
Ela foi a primeira cigana a ganhar um título de Doutora Honoris Causa recebido em Délhi, Índia, no ano de 1953.
Carlos Drummond de Andrade chamava Cecília Meireles de Cigana das Letras.
Aliás, Cecília Meireles apareceu vestida de cigana e jogando tarô para a revista, O Cruzeiro, veículo de comunicação renomado da época.
Segundo biógrafos, essa artista em festas da família, bailava Dança Cigana Artística com saias rodadas, leques, pandeiros e castanholas. Além de jogar tarô e ler as mãos.
Poema de Cecília Meireles que fala sobre sua origem cigana:
“A tua raça de aventura
Quis a terra, o céu, o mar.
Na minha, há uma delícia obscura
Em não querer, em não ganhar.
A tua raça quer partir,
Guerrear, sofrer, vencer, voltar.
A minha, não quer ir nem vir.
A minha raça quer passar.”
Outra curiosidade interessante sobre Cecília Meireles é que ela foi convidada para tirar fotos e desfilar como modelo para grandes marcas da época.
Mas ela não aceitou.
Alguns prêmios que Cecília Meireles ganhou:
- Prêmio de Poesia Olavo Bilac
- Prêmio Jabuti
- Prêmio Machado de Assis
Principais obras de Cecília Meireles:
- Espectros (1919)
- Criança, meu amor (1923)
- Nunca mais… e Poemas dos Poemas (1923)
- Criança meu amor… (1924)
- Baladas para El-Rei (1925)
- O Espírito Vitorioso (1929)
- Saudação à menina de Portugal (1930)
- Batuque, Samba e Macumba (1935)
- A Festa das Letras (1937)
- Viagem (1939)
- Vaga Música (1942)
- Mar Absoluto (1945)
- Rute e Alberto (1945)
- O jardim (1947)
- Retrato Natural (1949)
- Problemas de Literatura Infantil (1950)
- Amor em Leonoreta (1952)
- Romanceiro da Inconfidência (1953)
- Batuque (1953)
- Pequeno Oratório de Santa Clara (1955)
- Pistóia, Cemitério Militar Brasileiro (1955)
- Panorama Folclórico de Açores (1955)
- Canções (1956)
- Romance de Santa Cecília (1957)
- A Bíblia na Literatura Brasileira (1957)
- A Rosa (1957)
- Obra Poética (1958)
- Metal Rosicler (1960)
- Poemas Escritos na Índia (1961)
- Poemas de Israel (1963)
- Solombra (1963)
- Ou Isto ou Aquilo (1964)
- Escolha o Seu Sonho (1964)
- Baladas Para El-Rei, poesia (1925)
- Viagem, poesia (1925)
- Viagem, poesia (1939)
- Vaga Música, poesia (1942)
- Mar Absoluto, poesia (1945)
- Evocação Lírica de Lisboa, prosa (1948)
- Retrato Natural, poesia (1949)
- Doze Noturnos de Holanda, poesia (1952)
- Romanceiro da Inconfidência, poesia (1953)
- Pequeno Oratório de Santa Clara, poesia (1955)
- Pístóia, Cemitério Militar Brasileiro, poesia (1955)
- Canção, poesia (1956)
- Giroflê, Giroflá, prosa (1956)
Os temas de seus textos são: a efemeridade, a delicadeza, o amor, a espiritualidade, a música, o folclore, as lendas, a metalinguagem e os quatro elementos: terra – ar – fogo e água.
Apesar de ser católica, é possível encontrar elementos místicos e da Doutrina Espírita em suas obras.
Ela tinha consciência do seu destino e de sua missão, isso fica bem claro no trecho desse poema:
“Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.”
De vez em quando me perguntam:
- – Qual é o poeta que você recomenda para as empreendedoras?
Minha resposta é: Cecília Meireles!
Pois, muitas frases dessa artista inspiram as empreendedoras de forma motivacional, como as orações abaixo:
- “Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira”.
- “Entre mim e mim, há vastidões bastantes para a navegação de meus desejos afligidos”
- “Há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre”.
- “Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”.
- “Tenho fases, como a Lua; fases de ser sozinha, fases de ser só sua”.
No final dos anos 80, a Casa da Moeda colocou o rosto da Cecília Meireles e um trecho do poema Cânticos numa nota de cem cruzeiros. Hoje em dia essa célula é disputada por colecionadores.
Portanto, não perca tempo; neste mês em que comemoramos Mês de Cecília Meireles, leia um de seus textos para descobrir essa grande artista polivalente.
Entre em contato para mais informações pelo Instagram: @lucianamallon
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