De tempos em tempos é preciso fazer uma revisão de nossa performance para verificarmos se estamos fazendo bem o que nos propomos a fazer. Essa revisão nos permite enxergar os pontos a serem melhorados e identificar nossos aspectos mais positivos.
A questão é que esse diagnóstico depende de qual o paradigma, ou modelo de mundo, que escolhemos para atuar profissionalmente. Se estamos num padrão que não fortalece nosso desempenho e resultados, o diagnóstico não servirá para produzir mudanças. Assim, vale a pena se debruçar um pouco sobre qual paradigma estamos operando.
De um modo geral as organizações e os profissionais operam com um padrão de compra e venda do tempo. As organizações decidem que se deve trabalhar das 8h00min. às 18h00min.e validam a performance pela presença, constância e respeito por esse tempo. Quando há mais tarefas as empresas compram mais tempo, horas extras de trabalho.
De seu lado os profissionais também vendem o tempo, entregando à empresa uma determinada carga horária e definindo sua vida e seus compromissos a partir disso. Porém, o equívoco dessa equação é que o tempo é um recurso onde fazemos acontecer, não o recurso como fazemos acontecer.
Para desenvolvermos métodos que constroem melhores e maiores resultados, os recursos são os neurônios, a capacidade de pensar, aprender, refletir, criar e realizar. As organizações não costumam avaliar desempenho pelo número de ideias, nem pagar por ideias extras. Não há cartão ponto para cada ideia gerada, nem desconto por falta de ideias. Não há foco para a construção criativa de resultados.
Os profissionais por sua vez também não desenvolvem sua agenda semanal com foco nas diferentes e desafiadoras ideias que deverão ser geradas. Pensa-se a agenda pelos horários e a disponibilidade possível dentro de um determinado tempo. Se o foco fossem as ideias uma reunião não poderia ser pensada para durar uma hora, por exemplo, mas para durar até que a ideia que buscamos seja encontrada, até que a solução esteja disponível. Pode demorar cinco minutos ou seis horas. O foco é a elaboração da solução, não o tempo decorrido.
Dito isto, é preciso ainda perceber que este equívoco coloca todo o processo fora de foco. As empresas contratam o tempo dos profissionais, quando isto não é relevante para os resultados e não contratam o potencial criativo, que é o mais relevante. Os profissionais entregam o tempo para a organização – que é um recurso valioso e escasso – e não entregam neurônios, criatividade, visão inovadora, que é abundante e onde se pode ser mais eficaz.
Essa inversão de valores gera um senso de inadequação para o que se precisa fazer, de insatisfação com o que se está fazendo e de impotência com relação às mudanças e superação de desafios. A maior transformação que precisamos implementar é sair da relação trabalho/tempo para a relação trabalho/neurônios.
Desta forma poderemos gerenciar nosso tempo de maneira mais eficaz e sermos mais efetivos para o mercado. Tudo é uma questão de percepção e nisso está nosso maior desafio!
Texto muito interessante para a reflexão dos , empresários! Penso que a contratação adequada é aquela em que o perfil do profissional se enquadra com a descrição do cargo que a empresa está oferecendo. O funcionário certo no lugar certo! Quando você desenvolve uma atividade que você gosta, entregar mais do que a empresa espera, é uma consequência! Somente assim você será um colaborador extraordinário, entregando não só o seu tempo, mas principalmente o seu talento, a sua criatividade , as suas competências, com um nível de produtividade além da expectativa patronal, contribuindo assim para um resultado que justifique a contratação do profissional .
Excelente texto! Um novo paradigma de atuação seria desejável, mas estamos ainda na linha fabril, com controle de tempo mesmo em atividades criativas, apesar de que nos intitulamos na era do conhecimento. As pessoas são vistas como recursos, assim como o tempo e os materiais. Isso se evidencia quando elaboramos projetos. Concordo inteiramente com a transformação a ser incorporada no novo paradigma : “trabalho/neurônios” no lugar de “trabalho/tempo”. Talvez o “home office” possa ser usado como uma estratégia de transição.