Uma obra que fala sobre dependência química e espiritualidade com leveza
Angela Só, pseudônimo de Angela Maria Fernandes, é uma escritora brasileira que reside no Paraná e que sofreu com a dependência química.
Angela conseguiu se recuperar através da literatura e espiritualidade com leveza, onde retrata em sua magnífica obra Minha Vida em Pedaços.
Durante muitos anos, esta autora guardou seus textos num baú. Mas não tinha coragem de reunir os escritos num livro.
Em sua trajetória, apareceu um anjo: o psicólogo Danilo Pedrosa que incentivou esta sua paciente a organizar os textos e colocar a obra num livro.
O livro é uma mistura de poemas, crônicas e contos. Nos seus textos são abordados temas como: dependência química, família, espiritualidade, amor e angústia.
Neste trabalho a autora quebra muitos estereótipos negativos que a sociedade tem sobre dependentes químicos.
Pois, infelizmente, muitas pessoas ignorantes pensam que estes pacientes são vagabundos e preguiçosos.
O livro quebra este preconceito ao provar que viciados são pessoas doentes que possuem sentimentos e precisam de ajuda.
Pois, a Ciência provou que há muitos fatores que levam pessoas para o mundo das drogas como:
- Genética;
- Decepções;
- Pressão da sociedade;
- Curiosidades;
- Problemas neurológicos.
O livro é aberto para qualquer tipo de leitor. Porém é muito interessante para profissionais de saúde mental e familiares de dependentes químicos.
A obra começa chamando a atenção já pela capa, onde aparece o corpo da autora com três cabeças com fisionomias diferentes. Na parte esquerda ela grita, na do meio a escritora reza e na esquerda a moça fica séria.
Esta foto faz o leitor reconhecer, antes mesmo de ler o livro, que a autora tem diversas faces e que todas elas são importantes. Por isto a capa está ligada com o título da obra que se chama: Minha Vida Em Pedaços.
Abaixo há comentários curiosos sobre alguns textos desta obra:
Na crônica, chamada “Por Favor, Aceite-Me”, a escritora mostra a importância da família no tratamento de um dependente químico. Pois o amor e acolhimento fazem toda a diferença.
No texto, “Eu e os Psicóticos”, Angela comenta sobre a rotina de um Hospital Psiquiátrico, dos anos 70 e 80, que muita gente não conhece.
Ela descreve os problemas de cada colega do local e o relacionamento de apoio entre estas mulheres.
Tema semelhante toma conta da crônica, “A Profunda Inteligência dos Psicopatas”, onde a autora mostra que as pessoas com transtornos mentais possuem uma inteligência interior grande, mas que é cortada pelo mundo exterior.
Já na prosa poética, chamada “Pobre Inventário”, a escritora fala das várias personalidades que sua alma abriga e chega à conclusão que o suicídio não vale a pena.
A espiritualidade ganha um lirismo especial no conto, “O Soldado Espírita”, onde um jovem rebelde se torna sensato através da Literatura Espírita, mas acaba sendo convocado pela guerra.
Lá ele pensa em se suicidar para não matar o próximo, mas se lembra dos ensinamentos religiosos e por isto desiste. O final é surpreendente.
A cônica, intitulada “Observando-se”, fala da importância da pessoa em se relacionar com o próprio corpo, pois cada parte dele tem uma função essencial.
O livro também questiona o preconceito que as pessoas possuem contra outros esquecidos pela sociedade, por exemplo: os mendigos.
No poema, chamado “Comparação”, a autora fala da importância de seu amigo morador de rua e o fato dele não ter uma sepultura decente para ser enterrado.
O tema preconceito também toma conta da crônica chamada Israel, onde uma moça israelense vem para o Brasil, se apaixona por um brasileiro e recebe discriminação por isto.
Sugiro ao leitor para ler os textos “Nunca Cor” e “Ateu Deus” normalmente e depois de baixo para cima porque o resultado é maravilhoso. Pois, os poemas fazem sentido tanto lidos de cima para baixo quanto de baixo para cima.
Portanto vale a pena ler o livro, Minha Vida em Pedaços, da escritora Angela Só.
