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Diversidade

Diversidade: como entender algo tão complexo?

Vamos começar pela compreensão de que a diferença é necessária, mas a desigualdade não!

O ser humano é singular e devido a isso, não somos iguais e nem desiguais, nós coexistimos na diversidade.

Passamos a tratar a complexidade de forma simples e com classificações lineares, onde as diferenças, de forma geral, são vistas como sinônimas de defeitos, não aceitação, algo estranho em relação a um padrão considerando “dominante”.

Se tomarmos como exemplo os povos indígenas, no Brasil, são mais de 200 povos falando cerca de 180 línguas.

Percebe que são todos indígenas, mas são todos singulares? Possuem histórias, visões de mundo, formas de relacionamento e estruturas de poder únicas.

Isso, porque enquanto seres humanos, temos a capacidade de gerar significados mutáveis em relação as coisas, as atitudes, as expressões e isso, a grosso modo, pode ser compreendido como cultura.

A cultura por sua vez nos permite expressar o que somos e não homogeneizar costumes e estigmatizar grupos.

Esse estigma, tem maior expressão no etnocentrismo, que pode ser compreendido como o estranhamento de um povo/cultura em relação a outro povo/cultura.

Comparando e avaliando os diferentes a partir das suas referências de cultura. No início do texto falamos sobre o paradigma dominante que é um exemplo disso.

Pois bem, o significado da diversidade cultural em qualquer lugar do mundo deve ser percebido em suas múltiplas formas, espaços geográficos, grupos sociais, costumes, política, expressões, entre outros.

Para além disso, dentro de cada uma destas formas existem marcadores sociais de gênero, religião, raça – etnia, orientação sexual, valores e geracional que são definidos a partir das histórias e visão de mundo de cada sujeito.

Nesse caso, a armadilha está na “eleição” do padrão da moda. Que no campo das ideias passa pela estereotipação e o fortalecimento dos preconceitos (sexistas, classistas, machistas, racistas, etc.).

No entanto, a materialização disso, passa para o campo da ação com a construção de uma sociedade discriminatória.

Que se manifesta por meio da violação de direitos civis, a negação ou redução de oportunidades e acesso. Vale dizer que a discriminação também pode ser vista através da omissão.

Sendo assim, as cidades contemporâneas passam a ser o locus do encontro entre as diferenças, no entanto, se acirra cada vez mais o estranhamento destas, associada ao aumento das desigualdades sociais, as discriminações e os distintos crimes de intolerância.

Um espelho para essa questão é o universo corporativo, no qual, muitas vezes, contribui de forma expressiva com os padrões de discriminação. Seja reproduzindo e/ou simplesmente omitindo e invisibilizando o tema.

A responsabilidade social de uma organização deve promover os valores e os comportamentos morais que respeitem os padrões universais de direitos humanos e de cidadania.

Tratando a diversidade como pauta basilar da cultura organizacional, pois como já vimos, a cultura é uma expressão do que somos.

Uma organização que se manifesta apenas nos documentos internos e nos discursos sem práticas efetivas de respeito à diversidade está perdendo a oportunidade de contribuir efetivamente com as desigualdades sociais e obter melhores desempenhos em sua operação.

Sim! A diversidade é tão importante enquanto humanidade que pode ser generosa, também, com o resultado de um negócio.

Os múltiplos saberes, lugares de fala e experiências de vidas dos sujeitos singulares e diversos, quando associados as competências profissionais se transformam em um ativo valoroso, empático e poderoso para o sucesso de uma organização.

O desafio para romper com esse ciclo etnocêntrico, preconceituoso, discriminatório e desigual é imenso, mas começa no comportamento de cada pessoa, de cada organização e de cada governo.

Pois, “temos o direito a ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades”. (1)

Fonte:

(1) SANTOS, Boaventura de Sousa. Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitanismo multicultural. Introdução: para ampliar o cânone do reconhecimento, da diferença e da igualdade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003:56. Disponível em: http://www.boaventuradesousasantos.pt/media/Memorial_Nair%20Heloisa%20Bicalho%20de%20Sousa_29%20Outubro%202012.pdf . Acessado em Janeiro de 2020.

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Taiana Jung

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