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Cinderela casou-se com o príncipe

Cinderela casou-se com o príncipe, mas optou por não ter filhos

Afinal, o que aconteceu com a Cinderela?

Cinderela e as diversas princesas dos contos de fadas foram criadas como modelos de conduta para as meninas, apresentando um padrão de comportamento moral, ético e sexual, marcados pelos ideais de amor romântico e final feliz, enfatizando o papel da mulher como exímias donas de casa, demonstrando feminilidade, boa conduta, paixão e castidade, e estabelecendo, na ligação amorosa, o matrimônio como a solução às angústias femininas em serem escolhidas pelo príncipe.

Interpretando o pequeno sapato de cristal como um símbolo de virgindade, todo esse conjunto relata histórias de submissão, cujo grande herói é o homem, o Príncipe Encantado, “sem defeitos”, por quem ela se apaixona à primeira vista.

As novas versões dessas princesas mostram a supervalorização da individualidade, e o comportamento sexual marcado pela expressão do erotismo, da sensualidade, do desejo, dos corpos e de uma dificuldade em promover encontros com certa profundidade emocional.

São mulheres com destinos definidos por elas mesmas e, os papéis dos homens, não são mais retratados como salvadores de mocinhas e, sim, como parceiros, apoiadores ou expectadores dessas conquistas.

As estratégias de sedução à procura do “príncipe” persistiram na sociedade atual, onde as mulheres discutem, entre elas, dicas de comportamento nos primeiros encontros amorosos e sexuais, a fim de impressionar um possível pretendente.

São valores da Cinderela que persistem sobre ser ou não uma “moça de família”, alguém com quem se pode estabelecer compromisso e, não somente, prazer sexual.

Mesmo com a autonomia conquistada, as mulheres ainda se sentem atormentadas pelo anseio de serem escolhidas. Portanto, se faz urgente falar sobre a sexualidade feminina e conscientizar as mulheres de seu corpo, seus desejos, suas vontades, o que lhes agrada, o que para elas é bom.

Continuar silenciando estes temas fará com que o sexo continue sendo, para tantas, motivo de sofrimento, pois, mesmo ganhando espaço assuntos relacionados aos direitos das mulheres e empoderamento feminino, a sexualidade feminina é envolvida por inúmeros tabus e crenças limitantes, que impedem a vivência das suas descobertas e, até mesmo, o conhecimento do próprio corpo e de sua saúde íntima.

Mas, quando a mulher descobre seu potencial, através da sua sexualidade, ela se torna realmente poderosa!

E se agora, a história fosse contada assim:

“Cinderela casou-se com o príncipe, mas, optou por não ter filhos. Moram na praia onde, juntos, abriram uma rede de restaurantes.”, ou “Bela Adormecida fez faculdade e está concluindo o doutorado. Tem um relacionamento à distância com o príncipe, mas, pretendem morar juntos após seu retorno.”, ou “Fiona divorciou-se do Shrek, fez cirurgia plástica e gerencia as empresas da família.” …

Qual seria a aceitação?

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Dra Cida Dornelles

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