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Viralizar é importante

Viralizar é importante para sua carreira ou para seu ego?

Uma epopeia de imbecilidade nos inebriando

Viralizar é importante para sua carreira ou para seu ego? Como é triste ver as grandes mentes do nosso tempo sendo destruídas pelo algoritmo!

Ouvi a meses atrás a seguinte frase que me deixou perplexa: “o mais conhecido sempre vence o melhor”.

Acho isso dolorosamente desconstrutivo!

Ahhh “tal coisa tem valor porque se vende”. Será mesmo que tudo que se vende, de fato tem valor ou é apenas fruto de uma onda de consumismo desenfreado? Necessidade de pertencimento?

Afinal de contas, viralizar é importante para sua carreira ou para o seu ego?

Que carência é essa na qual vivemos submersas hoje… qual o motivo de atualmente todas acharmos que teríamos direito a sermos ouvidas?

Será mesmo que você é autoridade real no assunto? O quanto você estudou para poder abordar isso? Pare e pense você se considera a melhor pessoa para falar do tema?

Qual a sua responsabilidade em usar mecanismos perversos para aparecer a qualquer custo? Você pensa nisso antes de soltar conteúdo?

Você está de fato trazendo conteúdo (auxilia pessoas a crescer, evoluir, resolver problemas…) ou sua fala rasa é apenas ruído?

Qual sua real intenção? Está querendo de coração alavancar carreiras, ajudar pessoas, clarear sombras ou somente aparecer? Repito: viralizar é importante para sua carreira ou para o seu ego?

Porque nós precisamos ficar sendo hipócritas alegando ótimas intenções e não podemos simplesmente admitir que gostaríamos demais de virar subcelebridades e nada mais …

Parou para pensar na enorme diferença entre a cultura de verdade (aquela que transforma) e os hoje denominados “conteúdos” que de substância nada possuem… são espetáculos vazios e histéricos.

O que importa ainda é informar, criar, melhorar, aumentar a potência…. Ou apenas gerar reações pífias, ocas e sem sentido profundo?

Tais palavras, vídeos, geram algum acréscimo de evolução ou seriam apenas eco da superficialidade desmedida e irresponsável querendo somente gerar sentimentos que não serão elaborados, já que a máquina não pode parar e tal acúmulo fará nascer mais e mais doenças mentais como uma grande estufa de frustrações.

Uniformizar, por baixo e igualar filmes incríveis com temporadas de “casamento às cegas” e rotular igualmente como “conteúdo” é tão cruel quanto dizer que a obra de Shakespeare vale o mesmo que um “meme”!

É cruel demais com as pessoas que não tiveram oportunidade de construir senso crítico permitir que os seus vazios sejam preenchidos por lixo viral, que estão causando um estrago que estamos começando a verificar na barbárie contemporânea, onde os inocentes sempre serão os mais afetados.

As plataformas, o algoritmo, estimula essa espetacularização da imbecilidade. E a pergunta é: a quem isso serve? Viralizar é importante para sua carreira ou para o seu ego?

É certo que os tempos de análise e reflexão tem sido cada dia mais canibalizados e nascem deste cruzamento entre a falta de interpretação e as conclusões precipitadas e sem fundamento.

O medo, a tensão, o ódio, perdas, crises, conflitos … só isso, ao que parece, realmente “engaja”!

Como conseguir crescer levando informação saudável, cultura, reflexão, conhecimento fruto da ciência? Como isso tudo poderá competir com essa lógica nefasta das redes que se dizem “sociais”, mas na verdade são antirrelacionais?

A sensação de solidão acaba sendo amainada pelo número gigantesco de “personagens” que estariam vivendo na mesma lógica rota de valores que o indivíduo que consome aquele “conteúdo” e justamente por isso trás um sentimento de conforto, “afinal todos estão na mesma m… que eu”, pensa o indivíduo!

Não podemos esquecer que tudo que é massivo também é descartável. Podemos de fato considerar alguém um “criador” sendo que tal avatar apenas reproduz e na maioria das vezes que o faz ainda empobrece algo que viu por aí?

Percebam que o ódio sempre existiu, sentimento primário que é, constitutivo de todo ser, mas a velocidade de contaminação das ondas de ódio que temos visto ultimamente isso sim, não tem precedentes na história e sem dúvida se deve a internet.

A arbitrariedade escandalosa no tratamento daquilo que é grave eclode desta naturalização de que as redes sociais são ao mesmo tempo, algoz, júri, juiz e defesa!

Neste sentido a internet acaba sendo pior que uma “terra sem lei”. Acaba sendo mais um lugar onde o vale tudo sempre será julgado apenas pelas emoções… se eu gostei aplaudo se não gostei te cancelo!

Nisto ninguém, por mais cauteloso que seja e ético que seja, fica isento de ter sua vida “pública” destruída pela “opinião da massa” … a glamourização da opinio populi nunca foi tão sinônimo de sucesso ou fracasso (embora não tenha nenhum critério para pautar-se)!

A confusão entre o que o sujeito faz e o que ele É gerada pela alienação permite que o gozo efêmero de “viralizar” seja objeto de desejo principalmente na medida em que aquele sujeito nada tem a contribuir de fato.

Ou seja, já que do ponto de vista do conhecimento ele não É ninguém, fazer o que todos querem que ele faça, mostrar o que todos querem ver, a despeito de violentar seu íntimo, valerá a pena para mostrar que seu personagem faz algo importante, merecedor de aplausos.

“Viralizei, fui ovacionada pelo que fiz, o que sou não importa para ninguém. Como vou lidar com isso? Nem penso sobre isso, assim continuo fazendo e nunca sendo!”

Quanto menos refletidas nossas ações mais rápidas elas serão e também mais impulsivas, reativas, primitivas… é disso que a internet gosta, um grande caldo de reações primitivas, pulsionais, longe de buscar ou pior de alcançar, uma carga evolutiva.

Reagir ou elaborar? Se eu parar para elaborar vou perder a “trend” e aí meu engajamento irá cair… “ahhhh então (por mais inteligente e preparada que eu seja) melhor somente reagir né?!”

No momento que observamos que a quebra do pacto social é feita de forma recorrente e sem consequências, as pessoas perdem os parâmetros e isso é demasiado sério!

Fica confuso demais o que é real do que é virtual gerando uma espécie de delírio coletivo que faz a selvageria encontrar seu público com alta facilidade o que se revela terrível para a convivência social.

Me diz aí… o seu ego hoje consegue sobreviver incólume ao desaparecimento instantâneo das redes sociais (se isso ocorresse)? Ou de outro modo, o vício do self que te mantém hoje poderia ser estancado sem marcas?

Como evoluir enquanto seres humanos sem esse espelho e a necessidade de agradar potencializada pelas redes?

Lapidar a autoimagem para crescer como pessoa ou somente para mostrar o que os demais desejam ver e com isso solapar o nosso EU interior de forma talvez sem possibilidade de retorno seria a melhor opção? Audaz ou realista meu raciocínio?

Atualizar sua autoimagem com rapidez e sem elaboração altamente refletida nos torna reféns do que as outras pessoas pensam a nosso respeito (apesar de nem nos conhecerem), ficamos além de frágeis emocionalmente, perdidas em decorrência da ausência de autorreferência.

Sem cantos escuros onde nos defrontamos com nossas sombras e angústias ficamos inabitáveis em nossa própria mente, pois ninguém vive numa casa onde existe luz em todos os cantos, cômodos e lugares o tempo todo.

Quem conseguiria descansar num lugar assim? A internet acaba sendo esta morada de luz sem sombras e sem descanso, sem pausas, sem tempo para conflitos internos…

Impossível ter paz numa eterna casa de espelhos brilhantes, mesmo para os mais narcisistas…

A cada post as versões mais absurdas e irreais nos fazem sentir fora da “realidade” quando na verdade é justamente o contrário, alimentando uma frustração dolorosa e paralisante que faz com que cada vez achemos mais interessante “viver” naquele mundo idealizado, irreal e hiperbólico das redes.

Como ser autêntico, sincero, real num mundo onde somente o bizarro que performa no picadeiro das redes trás migalhas de afeto?

Realmente são tempos de uma endeusada “farofa de estupidez”!

Afinal, consegue agora me responder se viralizar é importante para sua carreira ou para o seu ego?

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Parabéns por ter atingido mais de 200 mil acessos
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Dra. Talita Arruda

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