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Halloween - Conto de Heloisa Kishi

Halloween – Conto de Heloisa Kishi

“Está chegando o dia novamente, halloween deste ano está sendo esperado pela garotada da escola”

Halloween – Os professores sugeriram fazer uma festa entre a garotada do último ano do fundamental. Será a despedida da idade tenra para entrar na idade temida pelos adultos. A famosa era da adolescência.

Os meninos serão vampiros e lobisomens, as meninas serão as princesas e fadas, mas entre elas estão as bruxas.

Ninguém sabe como e nem quando, nessa era do século XXI, quem imaginaria que ainda existiria bruxas de verdade, vampiros e lobisomens?

Última semana do mês, as fantasias sendo confeccionadas, as atuações aprimoradas, garotada em fervorosa, mas sorrateiramente os incomuns escondiam aguardando o grande dia.

Uma senhora mais que idosa, aparentando ter mais que um século de existência, pela aparência, pelo semblante e pelas vestes rotas e antigas, sentada atrás de um poste, no lado mais escuro da calçada, olhava amedrontada, por vezes, curiosa.

Um vai e vem de garotada, alunos que iam para a prova final da fantasia, e dentre eles, criaturas fenomenais, com brilho na escuridão, visto apenas pela velha senhora, que com olhar clínico enxergava as criaturas não vistas pelos humanos.

Ela avistou na calçada, já perto de meia noite véspera da lua cheia, a rua sem claridade de lâmpadas queimadas, com apenas a luz da lua, franzino, nem menino, nem menina, ela adivinhou. Vestido com roupa simples, bermuda e camiseta, cabelos encaracolados, amedrontado pelo olhar, seguindo rumo à escola. Um garoto de nascença, criado como tal, com o coração de menina, uma hermafrodita. A preferida dos sobrenaturais.

O que será que ele está fazendo? Tão tarde da noite, indo na direção do perigo? Pensou ela, tentando alertá-lo, já sentindo o perigo aproximando-se dele.

– Psiu… Ei, garoto. – Foi chamado pela senhora, preocupada com ele.

Ele a princípio parou, procurou, encontrando-a sentada na calçada, no local mais escuro, na penumbra atrás do poste, para não ser percebida pelos demais.

– Venha garoto, se esconda aqui, não vá lá, atrás daquela esquina mora o perigo, tem monstros à espreita. Não seja uma presa fácil.

Ele se assustou a princípio, parou para ouvir, mas estranhou a voz trêmula e esganiçada da velha senhora, que parecia mais com uma bruxa má das historinhas contadas pelos pais.

Olhar fundo, nariz adunco, rosto magro, rugas em abundância. Assim foi a aparência mostrada ao garoto, já amedrontado, que associou à imagem guardada na memória da infância.

Até pensou em voltar e ouvir a história dela, porém sem tempo de ir à prova de sua fantasia, por estar ajudando a mãe sola, que viúva passou a trabalhar colocando-o para tomar conta de sua irmãzinha, até ela retornar, só podendo sair àquela hora para experimentar a sua roupa.

Viu no relógio de seu celular, pensando que teria que apertar os passos se quisesse encontrar o portão da escola ainda aberto, pois o zelador garantiu que esperaria por ele, até meia noite, faltava apenas cinco minutos.

A festa seria no dia seguinte, não teria tempo se não for agora, pensou ele.

Sem responder e nem agradecer a recomendação da velha senhora, ele apertou os passinhos miúdos, tentando chegar a tempo.

A velha senhora preocupada iniciou a mentalização, invocando os anjos da proteção, na verdade ela estava disfarçada, mas era uma fada da luz, protegia as crianças indefesas e desavisadas que na teimosia, saia no horário noturno, desafiando o perigo que existe na escuridão.

Logo, ouviu um gargalhar forte de uma bruxa, que junto de seus semelhantes, dançava alucinadamente, com uma garrafa de bebida na mão, já antecipando a alegria que viveria se juntando a garotada na farra escolar de halloween, data especial e aguardada pelos sobrenaturais, que se misturavam e se divertiam, almejando recolher dentre eles aqueles pequenos, mais perversos, levando-os para junto de si.

No bosque, na mata fechada, lugar preferido deles, onde humanos não entram, existe um castelo antigo, quase medieval, que abriga essas criaturas mitológicas que vivem e se alimentam de pensamentos perversos, sem ao menos os humanos perceberem, a cada atitude rude ou bullying aplicado aos mais indefesos, maldade, egoísmo, maledicência, servem de alimento farto e mantem vivos as criaturas do Grimm.

Na primeira noite de lua cheia, quando a lua se agiganta e reflete uma luz prateada, forte e clara, ilumina o castelo, mostrando aos humanos, a linda paisagem, as pessoas que se aventuram a ir até lá conseguem se deliciar com a imagem do castelo, mas terão que retornar antes do amanhecer do dia seguinte, para não se perder e nunca mais voltar.

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Heloísa Kishi

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