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Abuso financeiro

Abuso financeiro: revelando o crime silencioso e suas marcas

Identificando, prevenindo e superando o abuso financeiro

Abuso financeiro é uma realidade e muitas vezes mantida nas sombras. Este fenômeno silencioso também é chamado exploração financeira.

O abuso financeiro nunca começará com prejuízo na conta da sua vítima, xingamentos, violência e privações. O início surgirá com um conto de fadas e muita sedução.

Tudo começa de forma muito sutil com o príncipe ou princesa encantada (não se engane que só homens cometem esse delito, mulheres também): esse(a) abusador(a) passará uma imagem prestativa, trabalhadora, correta, com muitas conquistas. Demonstrará muito interesse pela vida sentimental, emocional e segredos da vítima.

O abuso financeiro não é um movimento rápido, leva-se tempo, porque tudo é muito bem pensado, articulado como se fosse uma jogada perfeita para que saia exatamente conforme o planejado.

A próxima etapa: a conquista foi certeira. A vítima se tornou o alvo principal nesse jogo pré-estabelecido. Nessa hora, o(a) abusador(a) não pede, ele(a) começa a sugerir algumas coisas para a vítima de forma muito sutil, como:

  • A concretização da realização profissional;
  • Permanece pouco tempo no trabalho, porque nenhum desses trabalhos merece uma pessoa tão incrível como ele(a);
  • Compra de determinada coisa ou objeto(s);
  • Desejo forte de conhecer tal lugar;
  • O parente está com a doença x e precisa do dinheiro para tal coisa;
  • Quer muito abrir um negócio, mas falta x dinheiro (e ainda chama a vítima para ser sócio(a) dele(a);
  • Se oferece para cuidar das finanças;
  • Incentiva a sair do mercado de trabalho e propõe se tornar o(a) provedor(a) (com o dinheiro da vítima). Essa é a forma que o(a) abusador(a) manipula a vítima a se desfazer do patrimônio e não ter acesso a construção das finanças, se tornando completamente dependente financeiramente do(a) abusador(a);
  • Apresenta “excelentes” investimentos com altas rentabilidades.

A vítima envolvida na teia chamada de “relação”, completamente apaixonado(a), fazendo planos para o futuro, resolve ajudar, proporcionando o bem-estar para o(a) abusador(a).

Nesse momento, a vítima começa a fornecer os bens porque, o(a) abusador(a) foi conduzindo-a a acreditar que é para o bem do casal e que esse é o melhor caminho.

Nesse ínterim, o(a) abusador(a) já está no controle de todas as áreas da vida da vítima, principalmente, a financeira.

Decide como o dinheiro é gasto, investindo ou economizando, restringindo o acesso da vítima a(s) conta(s) bancária(s), cartão de crédito ou investimento pessoal, impedindo de buscar ajuda ou independência financeira.

Sem receio nenhum, o(a) abusador(a):

  • Não sentirá remorso ou culpa pelo esforço da vítima;
  • Não tem empatia;
  • Não se importa com o patrimônio da vítima que foi liquidado;
  • Por ser bancado(a) por essa vítima;
  • Não terá pena do dinheiro que está sendo gasto;
  • Não questionará de onde está vindo o dinheiro;
  • Nunca fará um movimento para consegui-lo;
  • Nunca se responsabilizará por nada;
  • O objetivo é aproveitar o agora;
  • E tem certeza plena de que pode e é merecedor(a) de tudo que o mundo é capaz de fornecer.

Para o abusador(a) que não trabalha, não produz nada, a vítima tem a obrigação de ser provedor(a), financiar e proporcionar um estilo de vida incrível como: carro, viagens, roupas, sapatos, estética, restaurantes caros, emprestar o nome para fazer empréstimos, usufruir de todo o limite do cartão de crédito, abrir e falir negócios, tudo no nome da vítima.

Quando a vítima não tem mais de onde retirar dinheiro, o tratamento do(a) abusador(a) é o silêncio. Essa vítima entra no estado de confusão, não entende o que está acontecendo e para reconquistar esse “amor”, faz de tudo para obter mais e mais dinheiro e sem perceber, entrou no ciclo e se tornou viciado(a) desse sentimento.

Para a vítima, esse ciclo demora muito para ser percebido porque envolve emoção, sentimento, confiança e lealdade, mas o caos foi instaurado e o prejuízo se tornou uma bola de neve.

Descobre-se que não tem mais crédito na praça, não existe mais limite no cartão de crédito, fica impossibilitado(a) de fazer um empréstimo porque tem vários em seu nome, a conta bancária não tem nem mais um centavo e nesse momento vem a sensação de que um abismo foi aberto e acabou o mundo.

A vítima que foi lesada financeiramente começa a ter a saúde mental afetada como: estresse, ansiedade, depressão e pensamentos suicidas.

10 dicas essências para identificar Abuso Financeiro:

  • Pede bens ou dinheiro como prova de amor: observe se ele(a) não te faz se sentir culpado(a) por não pagar as contas para ele(a);
  • Isolamento financeiro: observe está sendo afastado(a) de suas finanças e não tem acesso a informações financeiras;
  • Controle excessivo: fique atento(a) a um parceiro(a) que exerce controle absoluto sobre seus gastos e ganhos;
  • Falhas em cumprir acordos financeiros: fique de olho em promessas que não são cumpridas;
  • Mudanças não justificadas nas finanças: monitore as mudanças inexplicáveis em seu patrimônio ou em suas contas bancárias;
  • Isolamento social: reflita sobre se está sendo afastado(a) de amigos e familiares, o que pode ser uma tática comum de abusador(a) financeiro;
  • Dificuldade em acessar os investimentos: verifique se tem dificuldades em acessar seu próprio dinheiro ou bens;
  • Obrigações financeiras injustas: avalie se é obrigado(a) a arcar com mais obrigações financeiras;
  • Pressão para tomar decisões financeiras desvantajosas: note se é pressionado(a) a tomar decisões financeiras que não estão em seu melhor interesse.
  • Ameaças financeiras: identifique se há ameaças como envio de algum conteúdo como forma de coerção.

Prevenção e proteção

  • Educação financeira e terapia: é primordial para capacitar as vítimas a reconhecer e evitar situações de abuso financeiro.
  • Conversa aberta: tenha conversa abertas com amigos e familiares que pode ajudar a identificar o abuso financeiro mais cedo.

Direitos Civis Brasileiros contra o abuso financeiro:

O Direito Civil Brasileiro, conforme estabelecido na Constituição Federal de 1988, preconiza a igualdade entre os gêneros como um princípio fundamental. Além disso, a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) estabelece medidas de proteção e combate à violência doméstica, que incluem o abuso financeiro, fornecendo recursos legais para proteger as vítimas.

Denúncia

Muitas vítimas acabam não denunciando por vergonha de se expor, ameaça, medo, não confiarem na justiça e na aplicação de suas leis. Lembre-se: o abuso financeiro é crime e se não houver denúncia, não há aplicação da lei ao abusador(a) e esse abusador(a) continuará fazendo novas vítimas.

Para denunciar qualquer ocorrido, elas podem pode ser realizadas por qualquer pessoa por meio do Disque-Denúncia (181). Casos de urgência podem ser comunicados à Polícia Militar (190).

Lembre-se sempre: a vítima não tem culpa de absolutamente nada do ocorrido.

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