Empreendedorismo Artístico de Mulheres
Coletivo Marianas completa 10 anos, em 2024, porque foi fundado em 2014. Todo o tipo de empreendedorismo de mulheres é gratificante, mas tem um que merece destaque especial: o empreendedorismo literário e artístico.
Infelizmente, até poucos anos ainda era nítido o preconceito onde algumas pessoas, sem sensibilidade, pensavam que mulheres só podiam escrever sobre: amor, beleza, moda, filhos e vida de dona-de-casa.
Tanto que a criadora do Harry Potter assinava seu nome apenas como J.K. Rowling porque temia esse tipo de preconceito.
No século dezenove era comum escritoras assinarem suas obras com pseudônimos masculinos e até mesmo usarem trajes considerados de homens para impor respeito as suas obras.
Um exemplo disso foi da autora, Amandine Dupin, que usava o pseudônimo de George Sand.
Mas hoje muita coisa está mudando porque a partir de 2010, mulheres em todo o Brasil, passaram a fundar vários coletivos artísticos e literários com os seguintes objetivos:
- Reunir e colocar mulheres como protagonistas em áreas em que anteriormente eram dominadas pelos homens, uma delas é o empreendedorismo artístico e literário.
- Fortalecer a Arte das mulheres.
- Divulgar as obras de artistas até então desconhecidas.
- Formar editoras próprias para divulgar e vender livros das escritoras desses grupos.
- Participar de feiras para vender e divulgar obras das artistas.
Dentre esses coletivos, um merece destaque especial: o coletivo Marianas.
Leia abaixo como esse coletivo surgiu:
Em 2013, a escritora, Andréia Carvalho Gavita, fez uma pesquisa sobre mulheres na Literatura Paranaense.
Então ficou assustada com os poucos nomes que surgiram no Google.
Pois no Paraná há várias escritoras competentes, mas infelizmente são pouco conhecidas.
Assim, em 2013, ela decidiu montar um grupo chamado, Meninas Que Escrevem Em Curitiba, com várias artistas mulheres.
Porém, em 2014, o grupo cresceu e recebeu o novo nome de Coletivo Marinas, em homenagem à Mariana Coelho, que foi professora, escritora e jornalista feminista.
Mariana Coelho nasceu em 10 de setembro de 1857 em Portugal.
Em 1892 chegou ao Brasil mais precisamente na cidade de Curitiba.
Sempre preocupada com a formação intelectual das meninas, ela fundou, em Curitiba, o Colégio Santos Dumont onde deu aulas e foi diretora por mais de quinze anos.
Essa professora também foi diretora da Escola Profissional República Argentina.
Além disso, ela ajudou a inaugurar a Maçonaria para mulheres em Curitiba.
Aliás, ela escreveu uma obra chamada A Evolução do Feminismo.
Já naquela época, ela se preocupava em combater à violência doméstica e fez a palestra chamada: “Um Brado de Revolta contra a Morte Violenta.”
Abaixo as principais obras de Mariana Coelho:
- Discurso, 1902.
- O Paraná Mental, 1908: obra com prêmio de Rocha Pombo e reeditado pela Imprensa Oficial do Paraná em 2002.
- A Evolução do Feminismo: subsídios para a sua história, 1933 – reeditado pela Imprensa Oficial do Paraná em 2002.
- Um Brado de Revolta contra a Morte Violenta, 1935.
- Linguagem 1937.
- Cambiantes: contos e fantasias, 1940.
- Palestras Educativas, 1956: obra póstuma publicada pelo Centro de Letras do Paraná.
Para tornar a matéria educativa entrevistei as fundadoras e algumas participantes do coletivo:
Respostas da fundadora Andréia Carvalho Gavita:
- Como surgiu o grupo Marianas?
O coletivo surgiu em 2014 após uma convocatória da poeta Andréia Carvalho Gavita, em rede social, para que escritoras da cidade se unissem para divulgar a arte e a literatura com autoria de mulheres. Organizamos nosso primeiro sarau literário em 02/02/14 no Restobar Dona Doida, em Curitiba/PR. Com a presença de muitas mulheres que escreviam, continuamos a organizar eventos para leituras de textos em diversos pontos culturais da cidade, onde éramos as protagonistas.
No ano seguinte, batizamos o grupo de Coletivo Marianas, para homenagear a educadora, escritora e jornalista Mariana Coelho.
Em 2016, com a parceria da editora Vera Albuquerque (Bolsa Nacional do Livro) nos organizamos para publicar livros individuais das integrantes, em uma ação nomeada Marianas Edições.
Foram publicadas 10 integrantes.
Em 2017, 11. Em 2018, 10. (o nome das integrantes consta no link: https://www.coletivomarianas.com/marianas-edicoes). Em 2019, com a parceria de Rosana Barroso Miranda (Anadara brasiliana Edições) organizamos nossa primeira antologia, reunindo 26 autoras que participaram dos livros da ação.
Durante a pandemia de Covid-19, nos reuníamos virtualmente e editamos 27 e-books (https://www.coletivomarianas.com/ebooks)
Outras antologias foram organizadas e publicadas, incluindo integrantes de outros coletivos, como Vozes Escarlate (Lapa/PR) e Oceânicas (Paranaguá/PR).
- Quais são as atividades do grupo Marianas?
Encontros mensais nomeados, Letra de Mulher, foram planejados para lançamentos de livros e rodas de conversa e são atualmente realizados na Feira do Poeta.
Estamos na 65ª edição da ação, iniciada pela escritora Priscila Prado.
Participamos coletivamente de feiras gráficas e literárias e de eventos culturais, expondo livros publicados pelas integrantes. (ver no link: https://www.coletivomarianas.com/eventos).”
- O que uma artista deve fazer para fazer parte das Marianas?
A participação no grupo é espontânea, aberta a qualquer mulher artista e/ou escritora, bastando participar de nossas rodas mensais ou outras atividades em que participamos e conversar com qualquer integrante presente.
Nos comunicamos por aplicativos de mensagem instantânea, onde nos atualizamos dos informes coletivos e organizamos a exposição de livros e da arte produzidas.
- Deixe o endereço das redes sociais das Marianas
- Site : https://www.coletivomarianas.com/
- Instagram : https://www.instagram.com/coletivomarianas/
- Facebook : https://www.facebook.com/coletivomarianas
- YouTube : https://www.youtube.com/c/LetradeMulher
Marianas Edições”
- A integrante, Maria Lorenci, respondeu as seguintes perguntas:
- Como o Coletivo Marianas ajudou você?
“ Como o Coletivo Marianas tem me ajudado:
-
- Sou supertímida e a configuração do Coletivo me permite fazer amizades sem tanta pressão social.
- Sou constantemente inspirada e estimulada a escrever.
- Como nos comportamos de forma amorosa, não tenho medo de mostrar meu trabalho poético, pois sei que será lido sempre de forma benevolente.
- Marianas mais experientes ensinam as menos experientes sobre publicações, escrita criativa, apresentação dos trabalhos, etc.
- Somos pautadas pela transparência, honestidade e amorosidade”
- Deixe uma mensagem sobre o coletivo para as leitoras da revista aEmpreendedora:
“Uma mensagem: somos mulheres, escritoras e artistas. Somos feministas e solidárias.
Se você se encaixa neste perfil e quer se desenvolver junto a outras mulheres, venha que será sempre bem-vinda!”
- A participante, Deisi, deu esse depoimento:
“Nosso grupo é muito acolhedor, não há melhor texto, não há melhor livro.
Há histórias, há reflexões, há gritos de dor, há muito amor em cada linha de prosa ou poesia.
Somos mãos dadas, somos todas ouvidos, somos coração que é de onde surgem tantos versos.
Somos mulheres que exprimimos angústias, felicidades, paz, medo, alegria, raiva, e com isso entendemos umas às outras”
- Já, a participante, Susan Blum deixou esse depoimento:
“O grupo Marianas me trouxe amizades queridas, pessoas diferentes que pensam de forma singular e isso me ajuda a crescer como ser humano, pois vou aprendendo com esta diversidade maravilhosa.
Também me fortaleci como feminista, percebendo meus deveres como mulher na sociedade, mas também me abrindo para meus direitos.
Aprendi a lidar com relacionamentos abusivos, a ter mais força, mais garra e – principalmente – a acreditar mais em mim mesma.
Eu já tinha um livro de contos publicado, mas achava que poesia não era para mim, hoje vejo que consigo fazer poemas.
Cheguei a organizar uma exposição de fotos-poemas, além de fazer fotografias para alguns poemas de muitas Marianas.
Isso me ajudou a me conhecer mais como profissional.
Com as Marianas já publiquei mais um livro de contos, além de um infantil.
Estou preparando um livro sobre Cortázar, outro infantil e um livro didático de criação literária.
Ou seja, sempre me inspiro com as obras de minhas colegas, e adoro ler e comentar sobre os textos delas.
Mensagem para as leitoras?
Peguem seus textos engavetados ou guardados em algum arquivo do computador, e venha ler conosco. Segure em nossas mãos e vamos voar juntas!”
- Abaixo, depoimento da integrante, Izabel:
“Estar no Coletivo Marianas é me sentir fortalecida e estimulada a confiar na minha escrita e na capacidade de nós mulheres nos organizarmos e acreditarmos no nosso potencial.
- Aqui palavras da integrante Gisele Maria Bester:
“Olá, Luciana, como participante do coletivo Marianas desde setembro de 2022, digo que, lendo e praticando escuta ativa em relação às escritas potentes e cheias de vida das colegas, pude sentir identificações e, de algum modo, também fortalecer a minha escrita.
A acolhida e a convivência nesse coletivo são únicas. Fiz lindas amizades nele, e só tenho gratidão.”
No último dia 26 de março de 2024, no Palacete dos Leões em Curitiba, houve um evento em homenagem aos 10 anos desse coletivo, com as seguintes atrações:
-
- Palestra sobre a escritora Mariana Coelho.
- Exposição com vendas de livros das autoras.
- Apresentações artísticas de algumas integrantes.
Se você é mulher e gosta de Arte, então conheça o coletivo Marianas!
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Entre em contato para mais informações sobre este assunto, pelo Instagram: @lucianamallon
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