Os camafeus em pingentes, broches, anéis e tantas outras peças, inclusive masculinas, são joias que ainda podemos admirar em museus, antiquários e acervos de colecionadores. Historicamente, são esculpidos à mão por artesãos que transformavam conchas, corais e outras gemas em pequenas obras de artes.
Diferente da gravação em pedras conhecida a partir do IV milênio a.C. na confecção de selos e peças ornamentais na Ásia Ocidental, a técnica usada nos camafeus é a do chamado baixo relevo, a qual se destaca pelo contraste de cores na primeira camada com a segunda, em outra tonalidade.
No período helenístico, aproximadamente em 300 a.C., os baixos relevos eram esculpidos em cornalina, calcedônia, ágata e outras, em camadas estratificadas, alcançando um nível de detalhes e perfeição que no inicio do período imperial romano, os camafeus retratavam os membros das famílias reinantes, confirmando seu poder e autoridade.
Durante os séculos II e III, ainda se tem conhecimento do grande nível de qualidade na elaboração desta arte que acabou por diminuir sua produção nos séculos IV e V com a separação do Império Romano.
Viajando no tempo, podemos observar o desenvolvimento desta técnica e a admiração pelo legado deixado pelos gregos e romanos, passando pela Idade Média até o Renascimento, quando houve um retorno aos clássicos e grande incentivo à criação de várias escolas especializadas na Itália e em alguns países da Europa.
Entre os admiradores ou colecionadores famosos de quem se tem registro, muitos com séculos de distância, estão: o Ditador romano Júlio Cesar (100 a.C./44 a.C.); Alexandre o Grande, da Macedônia (356 a.C./323 a.C); Imperador Carlos Magno (748 d.C./814 d.C.); Papa Paulo II (1417/1471); Luís XIV (1638/1715); rei da França, Napoleão Bonaparte (1769/1821); rainha Vitória (1819/1901) do Reino Unido.
Retomando o percurso histórico, em meados do século XVIII, foram iniciadas as escavações em Pompeia e com isso investigações científicas e arqueológicas que, em paralelo ao novo classicismo, impulsionaram uma grande produção de camafeus.
Colecionar peças de antiguidade, obras de arte clássicas, joias, vasos e esculturas se tornou uma verdadeira paixão entre os cultos e abastados, que na época não mediam esforços nem viagens para melhorar seu aprendizado sobre tudo que se relacionasse com a cultura Greco-Romana.
O ressurgimento do clássico impulsionou uma grande produção de camafeus, especialmente os esculpidos em conchas, com representações de grande dimensionalidade, valorizando o contraste entre o claro e o escuro, antecipando os efeitos dos retratos fotográficos em preto e branco.
Os temas representados eram os mais poderosos deuses e deusas do Monte Olimpo, simbolizando amor, fertilidade, liderança, heroísmo, enfim, através deles uma longa caminhada entre a história e a mitologia.
No início do século XIX, o Estilo Império, estimulado pelo triunfo de Napoleão Bonaparte, também se consolidou com temas relacionados ao poder, de inspiração neoclássica como láureas, cavalos alados, águias imperiais, entre outros.
Na cidade de El Greco, na Itália, está os mestres gravadores que continuam a executar esse trabalho artesanalmente, herança de seus antepassados, uma arte reconhecida e valorizada ainda hoje.
Na Alemanha, existe um novo processo de produção de camafeus que, por meio de computadores reproduz, a partir de um modelo esculpido à mão, a gravação em pedras consideradas duras como ágata, cornalina e ônix.
Os camafeus, nos modelos conhecidos hoje, usados em joias clássicas e confeccionados em ouro ou prata, vêm passando por várias gerações de mulheres como herança de família.
Originais ou não, muitos de nós tem um camafeu em casa, que sai do cofre ocasionalmente com o fascínio e o clamor da moda, resgatando as memórias do passado, o romantismo e a feminilidade.
Bibliografia
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