Prisioneiros de nossas teias - aEmpreendedora

Prisioneiros de nossas teias

Em quais teias estamos presos, e, em quais prendemos?

Prisioneiros de nossas teias – Uma reflexão sobre símbolos do inconsciente, revelando prisões internas e possibilidades de autoconhecimento pela arteterapia.

Durante as sessões de arteterapia, uma cliente, sempre trazia em seus trabalhos direcionados e projetivos a temática das teias de aranha, com algumas características bem particulares.

Embora em seus relatos e falas sobre si houvesse a identificação com uma personalidade alegre, de liderança ou autonomia, e, de trazer queixas apenas de terceiros para as sessões, as teias continuavam a aparecer nas mais diferentes propostas.

Nem ela entendia o motivo que a levava aquilo, pensava ser apenas algo sem relevância ou conexão consigo mesma. Dizia que eram apenas desenhos, imagens, que gostava da estética e só. Ela as enxergava, mas, ainda não queria se ver ali.

O consciente dela tentava organizar as situações, filtrar o que era relatado, mantinha o fluxo de que apesar dos problemas seguia se superando, e, tudo estava indo bem. Mas, o inconsciente também presente denunciava o que estava sendo mantido fora da zona de controle.

No trabalho terapêutico da arteterapia, os conteúdos narrados têm que se somar aos que são projetados nas atividades, como material riquíssimo de investigação e análise para direcionamentos e intervenções.

Assim temos uma união: a forma como o sujeito se percebe em vários aspectos (consciência) e da materialização de tudo aquilo que lhe escapa (inconsciente).

Com as atividades projetadas também podermos medir, de certa forma, o nível de resistência que apresentam ao se depararem com esses conteúdos. A rapidez que se relacionam com o que produzem ou não, as justificativas, a negação, o distanciamento, etc..

Seguimos os atendimentos, nos aprofundando no tema até onde a cliente tolerava ir.

Assim, em uma das sessões ela fez uma teia diferente, havia uma parte bem entrelaçada dos fios, porém, em outra apenas caminhos, sem emaranhados. Além disso, havia um ponto central, bem demarcado.

Enquanto terapeuta, analisando toda a soma de imagens já produzidas por ela, os caminhos simbólicos ali realizados associados a seus relatos, entre outros fatores, ficava mais evidente qual movimento interno poderia estar a ocorrer.

Mas, ela perceberia, enfrentaria? Fiz algumas intervenções, reflexões, a fim de ver onde a cliente estaria em sua auto percepção dentro de todo um processo.

Assim, ela trouxe algumas reflexões bem interessantes: “todos queremos ser aranhas, mas, até elas ficam presas a suas teias”, “teias só são boas armadilhas porquê geralmente não são vistas, né?”, “as presas é que se movem até a teia, elas estão lá, paradas”, “nos meus desenhos eu seria a aranha, a teia, a presa, ou todos eles?”, “que teias estão me prendendo?”

Essas reflexões, importantíssimas, a levaram a finalmente fazer as perguntas certas diante de questões de sua vida.

Encarando o sofrimento que há muito estava presente, trazendo sintomas e consequências diárias, mas, soterrado bem no inconsciente por não estar pronta ainda a encarar.

Por isso ela seguia projetando os reais problemas em outros menores, mais facilmente aceitos de forma a não ter que de fato fazer as mudanças necessárias, mais dolorosas. E esse movimento em terapia é comum.

Feito muitas vezes de forma inconsciente. Até funciona durante um tempo, mas, chega um momento em que se torna insustentável reprimir o que de fato precisa ser visto, resolvido.

Não irei expor quais seriam as respostas e os problemas de fato encontrados. Mas, vocês podem ampliar a percepção de vocês ao unirem as próprias reflexões da cliente, com a simbologia das teias usadas na arteterapia.

E, aqui deixo claro que não se trata de um manual a ser lido sobre o que o símbolo representa.

Para a prática terapêutica que exerço, a “tradução” do que é projetado deve levar em conta não apenas o símbolo, mas, como ele é feito, proposta, materiais usados, cores, contexto, expressão corporal, falas, etc.

Por tanto, darei uma pincelada nas características gerais. As teias representam força para algumas situações, capacidade criativa, paciência.

Porém, também apresentam aspectos de se estar em uma situação ilusória, em busca de um foco ou propósito, isolamento, dependência, certa procrastinação e dificuldades em confrontar situações ou pessoas.

De fato, metaforicamente, todos estamos presos em alguma teia. Nos resta ter o discernimento para saber se essa teia nos nutre ou nos aprisiona.

Muitas vezes acreditamos que até podemos ser as aranhas, que constroem e controlam elas, mas, ao nos olharmos com atenção e coragem podemos perceber que na verdade somos as presas, para aranhas ainda maiores.

E, embora haja o medo de se mexer nelas ficando ainda mais presos, o movimento consciente pode libertar, ainda que em um processo doloroso.

E você, já refletiu sobre quais teias andam te prendendo?

 

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Foto de Nice Martins

Nice Martins

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