O Brasil é um dos países mais burocráticos do mundo e a nossa estrutura fiscal e tributária é uma das mais complexas. Por isso, empreender não é tarefa fácil.
É necessário muito planejamento, estudo, organização, dedicação, persistência e trabalho duro, ainda mais quando se trata de uma consultoria.
A crise econômica que, apesar de ter dado sinais de recuperação, ainda tem colocado à “disposição do mercado” um grande número de trabalhadores, inclusive executivos com muita experiência e capital intelectual diferenciado.
Em 2015, após muitos anos de vida corporativa, me juntei a um grupo de executivos. Todos vindos de grandes empresas, nacionais e multinacionais, para abrir uma consultoria multidisciplinar que oferecesse serviços diferenciados.
Inicialmente levada pela vontade de “ser minha própria chefe” e pelos (muitos!) comentários e sugestões recebidos (“você deveria se dedicar à consultoria…”), posso afirmar que muitos foram os obstáculos a serem transpostos.
Entre eles, posso citar, qual a estrutura societária que adotaríamos; onde seria a nossa sede; qual o mercado e a demanda de nosso foco; como “ir para o mercado”; quem seriam nossos clientes potenciais; qual a necessidade de investimento; quem ficaria responsável por quais atividades, entre outros.
Interim Management: novo modelo de contratação
Como uma empresa em fase de constituição, formada por executivos, tivemos que pesquisar e estudar muitos cases até definirmos o nosso foco inicial.
Optamos então por um modelo de serviços diferenciado e, até então, pouco conhecido no Brasil: o “Interim Management” (ou “gestão interina”).
O “Interim Management” é um modelo de prestação de serviços pelo qual executivos experientes assumem a gestão temporária de uma ou várias áreas de uma organização.
O contrato é por um prazo determinado, ou para implementar um projeto específico, com começo, meio e fim já definidos.
Nesse modelo de “Interim Management”, o “case” é o próprio currículo, é a experiência do executivo a ser alocado.
O “Interim Management” surgiu nos Estados Unidos, após a crise de 2008. Foi quando muitas empresas, que demitiram executivos experientes, tiveram que buscar essa experiência e conhecimento, contratando-os como prestação de serviços.
Atualmente, mais de 60% dos níveis executivos nos Estados Unidos já são contratados sob a modalidade de prestação de serviços. Isso porque o “Interim Management” proporciona maior flexibilidade às empresas e aos executivos.
No Brasil, onde a legislação trabalhista é tradicionalmente mais rigorosa, a Reforma Trabalhista e a Lei da Terceirização trouxeram importante flexibilização, possibilitando que as empresas contratem essa modalidade de serviço.
A empresa contratante dos serviços continua sendo subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas e previdenciárias referentes ao período em que ocorrer a prestação dos serviços.
Neste caso, com o objetivo de conferir maior segurança às nossas clientes, a innovativa assume contratualmente a responsabilidade pelos executivos alocados em seus projetos.
Outro grande desafio é, justamente, “virar a chave”, ou seja, assumir o novo papel de consultora e empreendedora. Nesse novo papel, são necessárias novas habilidades, papéis e perfis.
Assim, além dos conhecimentos técnicos e experiência nos produtos (que me trouxeram até aqui). Hoje tenho a necessidade de investir no lado comercial (sim! é essencial prospectar clientes e “vender”!), e tratar das questões administrativas, burocráticas e estruturais.
São questões que vão desde preparar e registrar atas e documentos societários até acompanhar o fluxo de caixa e a contabilidade. Além de, claro, comprar café, copinhos e material de limpeza.
Essa jornada tem sido um grande desafio atrás do outro, sendo que em alguns, a gente tem dúvida se “vai dar conta”. Mas, no final do dia, sei que tomei a decisão certa.
É muito gratificante sentir que estamos construindo e investindo em uma organização, seja ela uma consultoria, uma padaria ou qualquer outro negócio.
Quando os resultados começam a aparecer você percebe que tudo valeu a pena.
