Decisões Pessoais e Profissionais - Racionalidade x Inconsciente

Decisões Pessoais e Profissionais: Racionalidade x Inconsciente

De onde vêm nossas escolhas?

Decisões Pessoais e Profissionais resultam de memórias, emoções e razão, moldando escolhas que refletem nossas experiências e identidade.

Desde os primeiros momentos da existência, nosso cérebro está constantemente absorvendo informações e moldando o modo como percebemos o mundo.

Decidir não é apenas uma ação momentânea; é o resultado de um processo intrincado que envolve memórias, experiências e mecanismos neuronais que operam como uma sinfonia invisível em nossa mente.

Aristóteles dizia: “Somos o que fazemos repetidamente. A excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito.” Essa reflexão resume como cada decisão é influenciada pelas bases criadas ao longo de nossas vidas.

Nossas primeiras experiências, desde o útero, começam a modelar o modo como processamos o que nos rodeia. O neuropsiquiatra Thomas Verny, em seu livro “O Bebê do Amanhã”, explora como o ambiente intrauterino, as emoções da mãe e até os sons externos influenciam o desenvolvimento cerebral do bebê.

Essas experiências primárias não apenas moldam nossas estruturas neuronais, mas também impactam como reagiremos ao mundo mais tarde. O que experimentamos nesse período forma uma espécie de filtro perceptivo, através do qual futuras experiências serão interpretadas.

Nos primeiros anos de vida, nosso cérebro é altamente plástico. As conexões sinápticas são formadas em ritmo acelerado, estabelecendo redes que determinam nossa capacidade de aprendizado e nossas inclinações comportamentais.

Decisões Pessoais e Profissionais são profundamente influenciadas pelas primeiras memórias que criamos. Essas experiências moldam tanto a maneira como percebemos o mundo quanto a nossa habilidade de responder a ele. O ambiente em que crescemos – positivo ou desafiador – exerce um papel essencial em nossas escolhas futuras, sejam elas emocionais, sociais ou profissionais. Ao compreendermos essa dinâmica, temos a chance de reavaliar nossos padrões e nos tornarmos mais conscientes das forças que guiam nossas decisões.

Platão, em sua República, argumentava que o conhecimento é essencialmente memória, e isso faz eco na neurociência moderna, que confirma que nossa percepção e decisões dependem, em grande parte, do que está armazenado em nossa memória.

As memórias de curto prazo, processadas no hipocampo, nos ajudam a lidar com informações imediatas, enquanto as memórias de longo prazo, consolidadas principalmente no córtex, fornecem a base para interpretações mais complexas e tomadas de decisões conscientes.

Contudo, essas memórias não estão isoladas. Emoções armazenadas na amígdala influenciam como acessamos e usamos essas memórias. Como Shakespeare sabiamente escreveu: “Nós somos feitos da mesma matéria que os sonhos.” E nossos sonhos, ou medos, muitas vezes guiam nossas escolhas.

Quando enfrentamos uma decisão, nosso cérebro opera em duas frentes: o processamento emocional, liderado pela amígdala, e o processamento racional, comandado pelo córtex pré-frontal. Essa dinâmica explica por que muitas vezes nos encontramos divididos entre o que sentimos e o que sabemos.

Estudos em neurociência revelam que a amígdala pode “sequestrar” nosso sistema de tomada de decisões em situações de alta carga emocional, priorizando respostas instintivas em detrimento de análises racionais.

É aqui que as memórias desempenham um papel crucial. Quando associamos uma experiência passada a uma forte carga emocional, a probabilidade de que essa experiência guie decisões futuras aumenta exponencialmente.

No meu livro “As Marcas Ocultas da Violência”, que tem despertado interesse em nosso pais e fora dele, descrevo como traumas e vivências intensas podem reprogramar nossa percepção de risco e recompensa.

Assim, a mente não esquece, apenas aprende a redirecionar. Isso nos mostra como o impacto emocional pode perpetuar padrões de decisões que não servem mais aos nossos objetivos.

Viés Cognitivo: Uma Espécie de Atalho Mental

Nossos cérebros gostam de economizar energia, por isso, tendem a usar atalhos mentais, ou viés cognitivos, para tomar decisões mais rapidamente. Esses vieses, que muitas vezes passam despercebidos, podem levar a erros sistemáticos.

Por exemplo, o viés da confirmação faz com que busquemos informações que reforcem nossas crenças preexistentes, ignorando evidências contrárias. Embora não aprofundemos agora, esse tema será explorado mais adiante na série.

A consciência desses vieses pode nos ajudar a desafiar padrões automáticos e a tomar decisões mais alinhadas com nossos objetivos. E isso inclui libertar-se das armadilhas cognitivas que influenciam nossas escolhas.

Ao refletir sobre Decisões Pessoais e Profissionais, é importante entender que nossos cérebros nem sempre escolhem o caminho mais racional. Muitas vezes, as decisões são resultado de atalhos mentais formados por experiências anteriores. Esse processo, ainda que eficiente, pode limitar nossas possibilidades e nos manter presos a padrões automáticos. Reconhecer essas influências é o primeiro passo para decisões mais conscientes e certificadas aos nossos propósitos.

Quando somos expostos a novas experiências, especialmente na infância, nosso cérebro tende a categorizar rapidamente as informações para criar uma base de dados iniciais.

Essas primeiras impressões, por sua vez, se tornam moldes que influenciam como interpretaremos situações futuras. A neurociência chama isso de plasticidade inicial, um fenômeno onde as redes neurais são altamente moldáveis.

Por exemplo, uma criança que cresce em um ambiente de apoio emocional terá maior probabilidade de desenvolver uma visão positiva sobre o mundo, o que se refletirá em suas decisões adultas.

Por outro lado, experiências negativas podem criar padrões de defesa ou desconfiança, impactando tanto relações interpessoais quanto escolhas financeiras e profissionais. Essa temática está profundamente conectada ao próximo artigo desta série, que explorará a inteligência emocional e as decisões.

Construindo o Futuro com Consciência

Ao compreender como as primeiras experiências e as emoções moldam nossas escolhas, ganhamos uma ferramenta poderosa para mudar padrões automáticos e construir um futuro mais alinhado com nossos propósitos.

A neurociência não apenas nos mostra o que acontece em nosso cérebro, mas também nos oferece um convite: ser coautores de nossas próprias histórias.

No próximo artigo, aprofundaremos o impacto da inteligência emocional em nossas decisões, explorando como reconhecer e gerenciar emoções pode transformar não apenas o que decidimos, mas também quem somos.

Entre em contato para mais informações pelo Instagram: @juliana.ferreira.ofc

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Juliana Ferreira

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