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Don-juanismo

Don-juanismo – Obsessão compulsão ou Doença?

O Don-juanismo pode também denunciar desvios de valores morais e culturais.

Don-juanismo,  a expressão surgiu após a estreia do filme Don Juan De Marco estrelado por Marlon Brando e Johnny Depp em 1995.

Na Trama Don Juan representado por Johnny Depp possui um romantismo completamente irrecuperável, contagioso e obsessivo passando até mesmo a influenciar o comportamento de seu médico psiquiatra.

O primeiro romance de referência ao personagem foi a obra El Burlador de Sevilla em 1630 do dramaturgo espanhol Tirso Molina.

Anos mais tarde, surge também em José Zorilla e em obras musicais de Strauss Mozart e muitas outras.

Segundo a psicologia junguiana, toda forma de arte, assim como toda forma de mito, são veículos de expressão ou manifestação do inconsciente coletivo.

Dessa forma, Don Juan surge em representação a um padrão de comportamento narcisista, apaixonado e totalmente sem escrúpulos, que não mede riscos ou esforços na “arte” da conquista alheia.

Tal comportamento, traduz-se por forte compulsão para a sedução, característica esta longe de ser única, também não é exclusiva apenas do sexo masculino.

Pessoas com este traço de personalidade sempre optam por conquistar pessoas “aparentemente” mais difíceis de serem conquistadas.

No entanto, uma vez alcançando o objetivo, abandonam por completo a pessoa de até então seu suposto interesse.

Por esse motivo, pessoas portadoras de tal comportamento, não conseguem ficar apegadas, a uma única pessoa a uma pessoa determinada pois necessitam sempre de novas conquistas.

São conhecidos como os “Anarquistas do Amor” e obviamente não dão a mínima para os sentimentos alheios.

Até mesmo Foucault, filósofo nascido em 1926 aponta tal questão, ao dizer que Don Juan arrebenta com as duas grandes regras da civilização ocidental, a lei da aliança e a lei do desejo Fiel.

Importante ainda mencionar que comportamentos que possuem fator principal, o desprezo e o desrespeito pelo sentimento alheio é um dos requisitos de identificação psicopata.

Para o Don-Juan, o que importa é o instante do prazer, o hedonismo, ou seja, o prazer do êxito sobre sua vítima ou conquista.

Estudiosos afirmam haver sentimentos homossexuais reprimidos nesses indivíduos, tanto é que optam na maioria das vezes pela sedução de mulheres comprometidas ou ainda mães solteiras, pois inconscientemente estariam se relacionando com o marido motivo de seu prazer maior.

Em casos ainda mais sérios essa implicação pela sedução pode adquirir caráter de compulsão, criando um efeito patológico.

A compulsão pela sedução é na verdade uma paixão pela sensação que produz o fato de alguém se apaixonar por eles ou pela simples ideia de suposta paixão.

Pesquisas identificam e comprovam baixos níveis de vasopressina, um hormônio que é segregado nos primeiros momentos da relação e que em conjunto com a ocitocina, causa a sensação de bem-estar e apego

O sentimento “amor” divide-se em três etapas: a primeira é a atração, que nem sempre é a sexual; a segunda fase é a Paixão e a terceira o apego.

Os Don Juans vivem os momentos do início do amor, conhecido também por amor lúdico

Existe nesses indivíduos uma produção de dopamina e noradrenalina maior do que o normal, fazendo com que sintam a reação bioquímica do Amor com maior intensidade.

Tal reação, transforma-se rapidamente em saturação fazendo com que se desinteressem bruscamente, partindo imediatamente para a próxima “vítima”, tornando o Don Juan ou Dona Joana um viciado no coquetel de endorfinas do início da relação.

Toda escolha do parceiro, que é sempre feita de forma inconsciente, ou seja, completamente despida da moral sagaz, presume o ajuste de duas personalidades, como se um buscasse no outro, aspectos que não conseguiu desenvolver por si só ou para que ambos busquem proteção acerca de suas maiores dificuldades.

Assim, há um encaixe de aspectos doentios das personalidades, também chamado de “conluio” (pactos inconscientes ou lealdades invisíveis).

Em pessoas que não sofrem com esse transtorno da personalidade, segundo a psicologia forense, o superego age tomando o papel da consciência, o que delimita os impulsos do aparelho psíquico chamado de ID.

Já nos portadores da síndrome, o superego exige a máxima perfeição, impedindo assim a aceitação de objetos / relacionamentos reais e imperfeitos.

Observa-se que o inconsciente, ou Falso eu, necessita que seja frequentemente reafirmado como sendo verdadeiro, portanto toda e qualquer sugestão em contrário pode gerar fúria.

Frequentemente superestimam suas próprias capacidades e exageram suas realizações, fazendo transparecer um ar de presunção ou arrogância, mas a falta de empatia sempre será o fator principal na identificação de Don Juans.

A autoestima que nunca está elevada, torna essas pessoas muito sensíveis a mágoas ou desilusões e os relacionamentos estão sempre comprometidas por problemas relacionados ao sentimento de intitulação em conjunto com a necessidade de admiração e do desrespeito pelos sentimentos do outro.

A facilidade para encontrar pessoas com a síndrome na era da internet está cada vez maior a medida que cresce o número de pessoas dependentes de afeto.

Ao primeiro suposto sinal de paixão, se entregam como se o outro já fizesse parte da sua vida há anos, transformando a felicidade do início da relação em ferramenta de desvalorização pessoal que podem vir acompanhadas de situações catastróficas.

Não caia em contos de fadas, relacionamento se constrói com o tempo e conhecimento real e pessoal, sem máscaras ou cliques.

Trailer filme Don Juan De Marco

Parabéns por ter atingido mais de 200 mil acessos
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Karol Cestari

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