Fibromialgia é uma síndrome, que acomete em grande parte mulheres, entre 20 e 50 anos. A pessoa sente dores por todo o corpo durante longos períodos, apresenta sensibilidade nas articulações, músculos, tendões e tecidos moles.
Silenciosa e dolorida, a máxima que “até o cabelo dói” existe aqui.
Um dia pulando feito uma gazela feliz, noutro a incapacidade de tocar os pés no chão, segurar um copo d’água, de raciocinar, de conviver.
Muito se discute no meio acadêmico e médico e pouco a sociedade civil conhece.
Incapacitante, não tem cura, e tão silenciosa que coloca em dúvida a sua veracidade.
Ah! Mas você não tem cara de doente! Está se vestindo bem, sorrindo, conversando. Esta é uma das maiores falhas que se comete com o portador da fibromialgia. O preconceito, a pena, a dúvida, são os piores obstáculos enfrentados pelo fibromiálgico, e que afetam diretamente o seu psicológico.
A Fibromialgia não mata, mas leva a pensar em morrer.
A dor é tão intensa que alguns especialistas a comparam com os sintomas de um câncer terminal, porém é invisível. Somente quem carrega este fardo pode (ou não) descrever seus sentimentos. Muitas vezes não há palavras para traduzir tamanho sofrimento, e aí vem o isolamento e o silêncio.
Se a fibromialgia fosse visível, você a veria assim.
Relaxantes musculares, anti-inflamatórios, antidepressivos, até soníferos são utilizados para amenizar os traumas diários. Poucos falam sobre como deixar a mente sã para enfrentar isso tudo.
Mente sã, corpo são. Esta é a frase mais verdadeira para um fibromiálgico. Pensar positivo, não passar por stress severo, ter uma alimentação saudável, praticar exercícios físicos regulares, ter o auxílio de um terapeuta e/ou psicólogo e o apoio dos familiares e amigos são caminhos para abandonar os remédios e viver tranquilamente com esta enfermidade.
Na verdade, se remédio fosse bom se chamaria “curédio”, pois curaria, remédio só remedia, não cura.
É importante, tanto para o portador da Fibromialgia quanto para quem convive, manter a qualidade de vida, fazendo coisas que tragam prazer, pois assim o gatilho da dor é desativado e a vivência e convivência ficam mais fáceis.
Relato: uma carreira promissora, MBA em andamento, família formada, vida perfeita. Eis que crises de enxaqueca eram frequentes a ponto de desmaiar, síndrome do intestino irritável que restringe a alimentação, distúrbios do sono, dismenorreia e hemorragia, uma dor no joelho leva a cirurgia, dor no maxilar que acaba em aparelho ortodôntico para correção, incapacidade de governar uma das mãos. Não se ligava um fato a outro até encontrar um médico que olhou com carinho para todos os exames, mais de 20 tipos de imagens e 61 de sangue. Veio o diagnóstico que caiu feito bomba e com efeito dominó. Os medicamentos permitiam caminhar, dias livre, dias com o auxílio de muleta ou bengala, mas feriam a capacidade de pensar rápido, o fígado e os rins. O corpo inchou e as crises de ansiedade e depressão chegaram diante do preconceito e da pena. Ousados cruzaram o caminho se aproveitando da fragilidade física e emocional daquela doente. Chegou um momento que sua vida deu um nó, seus pensamentos já não eram mais lógicos, já não gostava de ouvir música, nem de escrever, tudo era no automático. Deslizes a levaram para um abismo que afetou seu trabalho, sua família e sua alma. Consequentemente perdeu cada um, até chegar o momento de querer se despedir deste mundo, e tentou fazê-lo.
A família, um reumatologista e um terapeuta foram essenciais para a recuperação em 3 etapas: psíquica, com Deus e física.
E hoje?
Bom, foi necessário reaprender a viver, encontrar outras atividades para exercer com amor, criar barreiras, cortar cordão umbilical, ver o lado positivo das coisas, saber esperar e agradecer a Deus a cada segundo vivido.
E os remédios?
Hoje não são mais parte do dia a dia.
Seu sorriso já não é mais casca, vem da sua alma, cheia de luz e alegria, certa de sua capacidade, acreditando nas suas competências e afirmando sua beleza interior.
Parece fácil, mas o caminho está só começando.
Se você conhece alguém que tem ou pode ter esta doença incapacitante, informe-se sobre e ajude-a a se tornar capaz de vencer e desligar a dor. Conhecer também é tratar.
Fibromialgia é invisível, mas é real. Não tem cura, mas tem como desliga-la, pense nisso.
Eu só tenho uma vida e não vou permitir que a fibromialgia me tire a alegria de viver.” Morgan Freeman