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Mamãe é lésbica… e agora?

A “tradicional família brasileira”, composta por um homem, uma mulher e, ao menos um filho, tornou-se o único padrão de família aceitável para a sociedade. Esquece-se que, família é mais do que biologia, é o núcleo social de pessoas unidas por laços afetivos, que geralmente compartilham o mesmo espaço e mantém entre si uma relação solidária, significado compartilhado inclusive pelo Houaiss, um dos principais dicionários da língua portuguesa.

Então como revelar a autodescoberta depois de um casamento socialmente bem-sucedido – aceitável pelos padrões atuais – e filhos? Como contar ao marido que você não vai se separar dele para se relacionar com um outro homem, mas sim com outra mulher? Como contar aos filhos que mamãe gosta de outra mulher? Mas principalmente, como “sair do armário” e encarar a sociedade?

Depois de assumir para si mesma sua própria Orientação Afetiva-Sexual, talvez o mais difícil seja encarar da porta de casa para fora, o que é irônico, pois é justamente ali que você não deveria se preocupar, muito menos cogitar dar satisfações.

A homossexualidade feminina ainda é pouco compreendida e menos ainda aceita. Violência e repressão são os primeiros pensamentos e o medo se torna algo natural. Gostar de alguém do mesmo gênero é intitulado como um erro, uma aberração o que torna ainda mais difícil o reconhecimento e a aceitação daquilo que se é.

Orientação Sexual, ou Orientação Afetivo-Sexual, é a sensação de que somos capazes de nos relacionar amorosa e/ou sexualmente com alguém, ou seja, significa por quem sentimos o desejo de nos relacionar sexual e/ou amorosamente. É, portanto, a orientação afetivo-sexual definida pelos sentimentos internos direcionados à outra pessoa, sentimentos esses como o desejo sexual, amor e paixão. O desejo não é uma opção, não é uma escolha.

Tais sentimentos podem ser direcionados à pessoas do gênero oposto, do mesmo gênero ou à pessoas de ambos os gêneros. Dessa forma define-se a orientação heterossexual (direcionada ao gênero oposto), homossexual (direcionada ao mesmo gênero) e bissexual (direcionada a pessoas de ambos os gêneros).

Convém salientar que, quando falamos em orientação afetivo-sexual, dizemos do desejo e não do comportamento, ou seja, falamos do sentimento interno e não da prática sexual e amorosa do sujeito; com quem este, intimamente deseja relacionar-se, e não com quem efetivamente se relaciona.

São Orientações Sexuais:

Homossexual: É aquela pessoa que sente desejo afetivo e/ou sexual por alguém do mesmo gênero. Para fins didáticos separo a homossexualidade em:

  • Gay: Homem que sente desejo afetivo e/ou sexual exclusivamente por outros homens. É o homem homossexual.
  • Lésbica: Mulher que sente desejo afetivo e/ou sexual exclusivamente por outras mulheres. É a mulher homossexual.

Bissexual: É aquela pessoa que sente desejo afetivo e/ou sexual por pessoas de ambos os gêneros. Os e as bissexuais desejam se relacionar tanto com homens quanto com mulheres, intercalada ou concomitantemente, com maior ou menor duração de cada relação afetiva e/ou sexual.

Heterossexual: É aquele homem ou aquela mulher que tem desejo afetivo e/ou sexual por pessoas do gênero oposto ao seu.

Pansexual: É a pessoa que sente desejos afetivos e/ou sexuais por pessoas, independente de sexo ou gênero. As pessoas pansexuais costumam dizer que a pansexualidade é: ”Ser humano, te amo!”

O primeiro passo, que é “se assumir”, não é nada fácil. As questões internas são muitas e cada pessoa tem uma maneira de enfrentar isso. Algumas levam mais tempo do que outras e muitas passam a vida sem assumir e, consequentemente sem viver. Continuam com a vida cômoda que sempre tiveram por medo de enfrentar o espelho, a família e a sociedade. Quando existem outras pessoas como marido e filhos, o segundo passo é “Como encarar essas pessoas?”.

Alguns maridos são compreensivos, apoiam a orientação afetivo-sexual da parceira, entendem que não é demérito deles, que eles não foram “ruins de cama”. É uma questão apenas de desejo e que apenas outra mulher irá se encaixar nesse querer. Alguns irão partir para a violência e o “estupro corretivo” se torna recorrente nesses casos, onde o homem quer mostrar para a mulher que ela ainda não havia recebido o “tratamento” adequado e que sendo marido, o sexo é dito como consensual. Outro homens, talvez pela questão do “macho alfa”, às vezes é mais tranquilo ser “trocado” por uma mulher do que por um outro homem. Isso quando a mulher não ouve algo do tipo “E aí, rola um sexo a três”? Pois é extremamente comum no imaginário dos homens esta possibilidade.

Quando a questão precisa ser revelada aos filhos, fica mais delicado e a questão é muito mais externa, pois as pessoas ainda não estão prontas para encarar a homossexualidade, aliás, não estão prontas para encarar a sexualidade. As crianças são puras e só veem maldade ou estranheza se isso é imposto ou ensinado à elas. Fora isso, é tudo amor. O que Nelson Mandela falou continua válido até hoje, afinal “Ninguém nasce sabendo odiar e se as pessoas são ensinadas a odiar, elas podem ser ensinadas a amar”.

A pergunta é: Por que é tão difícil amar?

 

Bárbara Dalcanale Menêses
Psicóloga, Psicodramatista e Terapeuta Sexual (Sexóloga)
CRP 06/58842-0

Instagram: @barbaramenesespsi
Facebook: Barbara Dalcanale Menêses
Email: [email protected]
Fone: (19) 996021824

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Bárbara Menêses

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