Modalidade de assédio moral de um ou mais funcionários no interior do ambiente de trabalho
Mobbing – uma palavra pouco conhecida, porém o contexto que ela aborda com certeza já deve ter escutado a respeito do assunto ou conhece alguém que enfrentou ou enfrenta no trabalho.
A expressão é usada quando um grupo de trabalhadores começa a tratar um colega de maneira hostil, atrapalhando o seu bem-estar e produtividade no trabalho.
A palavra Mobbing vem do verbo em inglês to mob que significa perseguir, atacar, maltratar etc.
O Mobbing foi introduzido nos anos 80 pelo psicólogo alemão Heiz Leymann através de seu estudo científico junto com seu grupo de trabalho, onde entrevistaram várias pessoas a qual analisaram certos fatos ocorridos no ambiente de trabalho, seus efeitos na saúde de cada uma delas.
Sua pesquisa inicial na área foi baseada em estudos de caso detalhados de várias enfermeiras que haviam cometido ou tentado suicídio devido a eventos no local de trabalho.
A prática do Mobbing pode vir de colegas, superiores ou subordinados, e este comportamento pode afetar colaboradores de empresas de todos os portes, incluindo os pequenos negócios.
Quais são as diferenças entre assédio, Mobbing e bullying?
Ao conhecer o conceito de Mobbing, muitas pessoas pensam que se trata de um sinônimo de assédio moral ou bullying. Na verdade, as expressões são relacionadas, mas têm significados ligeiramente diferentes.
Assédio moral é o conceito que se refere a todo tipo de abuso psicológico entre quaisquer indivíduos.
Bullying, por sua vez, é um termo mais usado quando o assédio acontece em ambiente escolar, podendo envolver tanto agressões psicológicas quanto físicas.
Já o Mobbing se refere exclusivamente ao assédio moral praticado entre colegas de dentro do ambiente de trabalho.
Apesar das diferenças, todos eles têm elementos em comum: as vítimas ficam abaladas emocionalmente, sentem-se inferiorizadas e acabam precisando de apoio especializado para superar a situação.
O Mobbing pode ser classificado de duas formas: o vertical e o horizontal.
- Mobbing vertical ocorre entre funcionários de níveis hierárquicos diferentes, geralmente vindo do profissional com posição mais elevada.
- Mobbing horizontal, o abuso acontece entre colaboradores do mesmo nível hierárquico.
Tanto um quanto o outro podem ocorrer de diferentes formas, como:
- Divulgar boatos anônimos;
- Fazer falsas acusações;
- Desacreditar da capacidade do profissional;
- Atentar contra a privacidade do colega;
- Humilhação e intimidação, normalmente por parte dos gestores.
O resultado disso é um terrorismo emocional que traz graves consequências para a saúde mental, e até física, da vítima.
Entre os alvos mais comuns do Mobbing estão os funcionários mais criativos, éticos e competentes da equipe. Alguns membros da equipe, podem enxergar esses profissionais de destaque como ameaças, e diminuem os colegas para se sentirem superiores.
Mulheres e profissionais mais jovens ou mais velhos também são vítimas constantes, por puro sexismo (discriminação de gênero) e preconceito dos colegas.
A nossa legislação não tem meios de coibir o assédio moral, mas possibilita a rescisão indireta do contrato de trabalho como forma de proteger o trabalhador do ambiente que prejudica seu bem-estar. Praticamente não existe legislação específica que regulamente o assédio moral.
Existem projetos de lei em diferentes cidades e estados, a fim de regulamentar o assédio moral. A exemplo do projeto de Lei 4.591/01, que dispõe sobre aplicação de penalidades à prática do Mobbing por servidores públicos da união, autarquias e fundações públicas federais em desfavor de seus subordinados, alterando o Estatuto dos Servidores Públicos Federais (Lei 8.112/90).
Vários desses projetos ligados aos servidores públicos já foram aprovados e transformados em lei, como a cidade de São Paulo (SP), Natal (RN), Cascavel (PR), Guarulhos (SP) e Campinas (SP) entre outros.
A prática do Mobbing não é uma questão exclusivamente brasileira, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) numa pesquisa realizada em 1996, detectou que 12 milhões de trabalhadores na União Europeia já viveram situações humilhantes em seus trabalhos que resultaram em distúrbios de saúde mental.
No Brasil, o assédio moral no ambiente de trabalho é um problema grave e recorrente, infelizmente.
De acordo com a pesquisa pioneira realizada pela médica Margarida Barreto em sua dissertação de mestrado, foi constatado que 42% dos trabalhadores entrevistados foram vítimas de Mobbing nas empresas que atuavam.
Segundo a pesquisa do VAGAS.COM, 87,5% dos profissionais brasileiros não denunciam o assédio moral no trabalho, o que representa um grande sinal de alerta para as empresas.
Toda organização deve ou deveria ter canais de denúncia anônimos e efetivos contra o Mobbing.
Os profissionais devem se sentir seguros para relatar eventuais abusos, sabendo que poderão contar com o apoio da empresa para enfrentar o problema.
Para isso, é fundamental que as denúncias sejam anônimas, para preservar a identidade dos envolvidos e evitar que o assédio se agrave.
Jamais desacredite a vítima e nem diminua o peso do problema.
Mobbing é um comportamento grave e deve ser tratado com seriedade e respeito.
Para prestar apoio à vítima, procure analisar o caso em duas vertentes: o de saúde e o laboral. Tanto um quanto o outro são essenciais para dar um suporte completo e mostrar que a organização está ao lado do colaborador prejudicado nessa briga.
No âmbito de saúde, garanta ao colaborador auxílio médico e psicológico para reduzir os danos e ajudá-lo a se recuperar o mais breve possível para não agravar e tampouco deixar que o dano se alastre em causas maiores.
Do lado trabalhista, acione imediatamente o departamento de prevenção de riscos laborais e o comitê de segurança e saúde da empresa para averiguar e tomar as medidas cabíveis.
Punir os agressores também é fundamental, para que todos saibam que a prática do Mobbing tem consequências severas e que se tal ato se repetir dentro do ambiente de trabalho, todos saibam que haverá medidas a serem tomadas no interior da empresa.
Elas podem ir desde uma advertência verbal a uma demissão por justa causa, dependendo da gravidade do assédio.
Agora que você já sabe sobre Mobbing, prepare-se para combater esse tipo de assédio na empresa e você colaborador deve fazer a sua parte.
Fique de olho no comportamento dos colaboradores, estruture um canal de denúncias eficiente e preste todo o apoio possível às vítimas.
Assim você garante um clima positivo na empresa e o bem-estar de todos os funcionários.