Uma Viagem de Emoções!
Palavras e Imagens – A era da informação nos traz um extraordinário desenvolvimento da ciência e tecnologia, e possibilita pesquisas e inovações, sendo a força motriz do progresso.
Contudo, deve-se levar em conta que é na cultura em geral e que é um denominador comum da experiência humana. Independe de quem uns e outros que leiam, assistam ou vejam diferentes obras.
Aprendem o que partilham como seres humanos, independentemente de posição social, geografia, situação financeira e período histórico.
Nada nos protege melhor do preconceito, do racismo e do sectarismo religioso ou político do que esta verdade que sempre surge na grande arte: todos são essencialmente iguais. As boas obras nos ensinam a ver, nas diferenças étnicas e culturais, a riqueza do legado humano, essa riqueza de manifestação multifacetada da criatividade humana.
Apreciar boas obras é aprender o que e como somos, com nossas ações e nossos sonhos, pois estimulam a imaginação e refinam nossa sensibilidade.
Nós, brasileiros, não poderíamos deixar de usufruir e pensar sobre o que os nossos romancistas, os nossos poetas, nossos artistas plásticos, os nossos cineastas, os nossos historiadores trouxeram e trazem a respeito da subjetividade contemporânea e brasileira, seja tratando temas que articulem a urbanidade, seja mostrando a violência e os impasses sociais.
O cinema seria um imitar da vida? E a invenção? A criação seria parte da realidade e parte da invenção? Já a poesia é insubordinada. Insubmissa, rebelde, não imita — traz uma invenção e uma verdade, porque já traz um olhar que se pretende verdadeiro.
É preciso dizer que poesia, literatura e cinema não são apenas imagens visíveis, pois ultrapassam a realidade sensível para atingir o invisível. É uma forma de pensar e sentir através da imagem e da palavra.
A psicanálise e o cinema são contemporâneos, duas criações humanas que são, coincidentemente, nascidas no mesmo período. E continuam dialogando, digamos. Enquanto, em 1895, os irmãos Lumière faziam suas primeiras projeções, Estudos sobre a histeria, o primeiro livro de Sigmund Freud, também estava sendo publicado.
Em 1900, Freud publica A Interpretação dos Sonhos, livro que marca o início da psicanálise. Dentro desta convergência histórica, entendemos que ambos dão notícias do sujeito e de sua forma de produzir imagens e palavras, sua relação com as narrativas e seu modo de se colocar em cena no mundo.
A psicanálise não é apenas um método de leitura do cinema, mas também um auxílio para a compreensão das emoções do espectador e sua interação com o filme. Mesmo sabendo que está diante de um filme, o espectador pode ter reações intensas diante dos acontecimentos: o cheiro de pipoca, o silêncio do ambiente, sentado em uma sala escura e olhos vidrados na grande tela.
Quem nunca sentiu estar tão envolvido na experiência que poderia jurar que estava sonhando ou vivendo naquele universo? Vários autores veem uma série de paralelos que podem ser feitos entre a psicologia e o cinema, que surgem aproximadamente no mesmo período, no final do século XIX.
Conceitos da psicanálise como a sublimação, a fabulação e o humor são frequentes nos filmes. A experiência cinematográfica pode se assemelhar às experiências mentais, em que narrativas são desenroladas como sonhos e devaneios. Os psicanalistas estão mergulhados em suas culturas.
A palavra e a imagem estão de mãos dadas, mas não necessariamente no mesmo passo. Uma palavra tem muitas significações, ela é polissêmica. Por exemplo, um poeta, mesmo aqueles que trabalham o som, traz e carrega a possibilidade da imagem.
Assim como a imagem requer a palavra, ela se inscreve nas conversas e discussões sociais e traz necessariamente a palavra como veículo dessas que são as nossas ideias, os nossos sentimentos, os nossos afetos, os nossos impulsos. Não há imagem sem palavras, assim como não há palavra sem imagem.
A meu ver, uma não prescinde da outra, uma não existe sem a outra. Fazer essa divisão é empobrecer a riqueza da diversidade humana, que se expressa de diferentes maneiras e se vale dos mais diversos meios para dar conta do real da vida. A linguagem nos humaniza, mas sempre haverá um resto, uma incompletude da qual as imagens, os sons e as palavras fazem o suplemento, nunca, a completude.
O cineasta, o poeta, o escritor são criadores e, quando criam, criam com a sua inteligência, com a sua sensibilidade. Estão postas na invenção de personagens físicos, fictícios, eróticos, em espaços agrestes ou encantadores, em climas e atmosferas simpáticas ou adversas, em contrastes feitos e produzidos pela montagem no e entre os planos.
O mais importante é o efeito que a obra traz e terá no leitor e no espectador, nos debates que irá suscitar. Pequenas lembranças, cenas, objetos, lugares e sons constituem um repertório fundamental na estrutura subjetiva. Muitas vezes, o autor será confrontado com interpretações que ele nem tinha imaginado.
Palavras e imagens na criação poética, palavra e imagem permitem o acesso, em todas as sociedades, a universos diversos, a verdadeira viagem de emoções. De modo geral, entende-se por poesia a emoção, o aspecto imaterial do texto. Assim, podemos encontrar poesia em poemas, canções, textos narrativos, peças publicitárias, pinturas e filmes, por exemplo. Isso é poesia. A poesia consiste em um gênero textual.
Está ligada a diferentes áreas, como a literatura, música, teatro, cinema, artes plásticas. Os poetas, os produtores de filmes, os escritores, os contadores transmitem a narrativa de suas origens, sua história e seus sentimentos. É assim, sem mapas e sem roteiros, seguindo os sinais da natureza e do inconsciente.
Palmilhando caminhos inseguros e inusitados, zonas obscuras da imaginação que o poeta faz ressoar por meio da palavra consciente, as imagens simbólicas, estabelecendo pontes com um cotidiano admirável.
O estudo das imagens possibilita o trânsito pelo trajeto antropológico do poeta e o contato com o seu imaginário. Concede ao leitor inserção na criação poética, assim como o poeta pode selecionar e acessar as imagens, libertando-as de seu estado denotativo e de inércia.
Os leitores, por meio do devaneio poético, também têm a autonomia de libertar as formas prisioneiras. Mas a interação entre arte e literatura permite também enfocar outros níveis de relação e outros tipos de abordagem.
Por exemplo, filmes adaptados de romances, obras de arte a partir de poesias e temas literários. Livros ilustrados, palavras ou poesias na pintura, no teatro ou no cinema, se faz necessária essa troca entre os mundos do dizer e do ver.
O poema e a literatura, em geral, transcendem a linguagem, mas o cinema, transcende a imagem. Isto é, quando explicados, às vezes se perde um pouco da riqueza. Então é muito interessante isso: que um complementa o outro.
Existe poesia no cinema, e existe um pouco disso, da imagem através das palavras, se imagina alguma coisa. Toda vez que um poeta declama ou interpreta alguma poesia, visualizamos alguma imagem.
As imagens altamente elaboradas têm o poder de alterar conceitos outrora impregnados. O poeta pode transformar paisagens; imagens e sentimentos são verdadeiros transformadores de palavras, o que assegura a perenidade da obra artística em uma comunhão eterna entre os tempos.
O poder da poesia, da literatura, do teatro, do cinema, da música é a potência humanizadora da arte, que lhe atribui o papel de promotora do equilíbrio social, por mais desconcertantes que sejam suas imagens. Pois são elas que libertam o homem e o levam a sonhar.
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