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Só quero cuidar do outro e esqueço de mim

Só quero cuidar do outro e esqueço de mim

Síndrome de Wendy: Você conhece? O que é; característica; como lidar

Só quero cuidar do outro e esqueço de mim esse sentimento necessita de uma atenção pois, quando não equilibrado pode virar Síndrome de Wendy, comum entre as mulheres e pode ser caracterizada como um comportamento resultante do medo à rejeição e pela necessidade de sempre cuidar e zelar pelo outro.

Seguidamente, acabamos esquecendo de nós mesmas e direcionamos nossa atenção ao do cuidar do outro, nos esquecemos que também precisamos de cuidado, carinho, atenção, que também necessitamos do cuidar que ficamos tristes, aborrecidos, estressados, cansados.

A partir disso, nos vemos em um ciclo, onde o outro é mais importante do que eu, temos a sensação de que se outro está feliz então sou merecedor de ser feliz, mas se outro estiver triste sou merecedor de estar triste também, um ciclo que muitas vezes, ao nosso ver, pode não ter fim.

Muitas vezes nem sabemos ao certo como e quando começou. Neste movimento, nos vemos perdendo a própria identidade nos desqualificando como ser humano.

Vivemos constantemente com outros seres humanos e somos seres únicos cada qual com a sua maneira de pensar o cuidado precisa ser equilibrado para ambas as partes.

Nesse contexto, apresento as principais características dessa síndrome, a relação dela com a saúde mental e dependência química e suas características semelhantes com a codependência.

O que é a Síndrome de Wendy?

Também conhecida como complexo de Wendy, é importante lembrar que os homens não estão imunes a síndrome de Wendy. Logo, eles também precisam ficar de olho nos sintomas. Identificar o problema com precedência é fundamental para garantir a estabilidade mental e conservar as relações sociais.

Mesmo que ainda não esteja incluído no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), esse problema já é conhecido pela medicina e pela psicologia desde os anos 80.

A síndrome foi denominada “Wendy” porque as mulheres que apresentam esse comportamento são comparadas à fiel companheira de Peter Pan, que assumia todas as responsabilidades do menino para protegê-lo e poupá-lo de desapontamentos com a vida. Assim, esse transtorno é associado a mulheres que costumam agir como mães superprotetoras de pessoas que amam.

Pessoas que se encaixam nesse perfil manifestam uma excessiva preocupação em zelar pelo bem-estar do outro.

Se necessário, essas parceiras abrem mão de sua própria felicidade para tentar fazer o companheiro feliz.

Assumem, assim, as responsabilidades dos maridos ou dos filhos, por exemplo, para evitar que eles passem por algum sofrimento.

Quais são as principais características da Síndrome de Wendy?

  • Necessidade de cuidar de outras pessoas

As mulheres que sofrem desse distúrbio sentem um desejo muito forte de colocar as necessidades dos outros sempre à frente das suas. Elas acreditam que são obrigadas a estar sempre disponíveis para resolver problemas, assumir responsabilidades e garantir que seus filhos, parceiros, familiares ou amigos não tenham nenhum tipo de problema.

Entretanto, esse tipo de comportamento acaba sendo prejudicial para aqueles que têm a Síndrome de Wendy. Ainda que atinja mais as mulheres, esse transtorno também pode acometer homens, que agem da mesma forma: são pais, maridos ou amigos superprotetores e que se importam tanto com os outros a ponto de esquecer de suas próprias necessidades.

  • Medo de não ser aceito

Geralmente, as questões que afetam a estabilidade mental geram insegurança e também dificultam o controle da ansiedade e das emoções. Por tal razão, certos padrões de comportamento podem prejudicar a vida em diferentes aspectos.

A necessidade de buscar um comportamento que facilite a aceitação pelos outros contribui para reduzir a autoestima, fazendo com que a pessoa tenha medo de não ser aceita. O quadro pode evoluir para transtornos mais graves.

  • Tendência de assumir responsabilidade pelos problemas dos outros

Os indivíduos que sofrem com o complexo de Wendy têm pouca capacidade de resolver seus próprios desafios, o que acaba trazendo sérias dificuldades para as suas vidas. Ao manter a atenção voltada exclusivamente para a solução dos problemas dos outros, esquecem de si e, com isso, pioram sua condição psicológica.

O outro lado problemático da Síndrome de Wendy é que a pessoa se sentirá responsável pela vida daqueles que decide cuidar. Se alguma situação foge ao controle, ela se sente culpada, frustrada e pode até desenvolver transtornos mais graves como a depressão.

Especialista comenta que “essa síndrome tem características muito próximas da codependência. Na codependência esse exercício de fazer pelo outro, esse comportamento de se anular para viver a vida do outro, é um combustível para que a pessoa se sinta útil.”

Qual a relação da Síndrome de Wendy com saúde mental?

Um dos sintomas mais preocupantes de quem apresenta a Síndrome de Wendy é a dificuldade de exercer um controle mais efetivo sobre o seu comportamento e suas próprias emoções.

Às vezes, a pessoa se torna invasiva e até agressiva dentro de um relacionamento, o que pode gerar conflitos emocionais e afetar a saúde mental.

Isso acontece porque o indivíduo perde a noção do limite e passa a acreditar que a única forma de se sentir bem consigo mesmo é controlando os outros.

Assim, quem é dominado pelo complexo de Wendy exige que o outro se comporte da forma que gostaria. Quando há resistência, a pessoa passa a desenvolver graves problemas emocionais.

Alguns sintomas sugerem a necessidade de atenção especializada em saúde mental.

Veja quais são:

  • Mau humor;
  • Irritabilidade;
  • Agressividade;
  • Medo de rejeição;
  • Complexo de culpa;
  • Crises de ansiedade;
  • Queda da autoestima;
  • Insegurança acentuada;
  • Sentimento de inferioridade;
  • Tendência ao isolamento social;
  • Redução da produtividade no trabalho

Como lidar com a Síndrome de Wendy?

Algumas estratégias para estimular uma reflexão mais positiva e que ajude você a entender a importância de lidar com esse transtorno de forma mais saudável.

Vamos lá?

  • Ofereça ajuda somente quando solicitarem;
  • Procure ser coerente em relação às responsabilidades;
  • Evite autocobranças, pois nem sempre obterá os resultados esperados;
  • Saiba dizer ‘não’ quando for preciso e reduza as cargas de responsabilidades;
  • Não viva em função do outro, coloque o seu bem-estar em primeiro lugar;
  • Tenha em mente a necessidade de respeitar a individualidade e a capacidade do outro;
  • Ainda que você tenha mais habilidade para lidar com problemas, não significa que você tenha obrigação de resolvê-los;
  • Experimente dar uma oportunidade para a pessoa tentar resolver os problemas dela sozinha;
  • Canalize a energia nos relacionamentos, mas mantenha o foco no seu próprio desenvolvimento pessoal.

Existe tratamento para Síndrome de Wendy?

Sim. Ainda que a Síndrome de Wendy não seja uma patologia reconhecida pela DMS, ela exige apoio de profissionais da psicologia e da psiquiatria.

Normalmente, o foco da terapia é o tratamento dos sintomas de depressão e ansiedade, que requerem intervenção devido ao risco de evoluir para distúrbios mais graves.

Como você viu, a superação de padrões de comportamentos nocivos requer, em primeiro lugar, o reconhecimento do problema. Contudo, nem sempre é fácil encontrar esse caminho sem um suporte adequado. Distúrbios como a Síndrome de Wendy podem ser controlados com a ajuda de profissionais experientes na recuperação da saúde emocional e mental.

Mesmo diante de tanta sobrecarga, momentos difíceis, escolhas, culpas, fragilidades e potencialidades, dúvidas, se faz necessário que o olhar promovido ao outro equivalha àquele que dispenso e invisto em mim mesmo.

É importante que haja a percepção de que eu também preciso de amor, de compreensão, de abraço, de afago, de cuidados.

Eu cuido do outro e quem cuida de mim?

Como poderei ser capaz de cuidar de forma efetiva do outro se eu não cuidar efetivamente de quem eu sou? Há uma relação intrínseca entre a qualidade do cuidado provido a alguém e a atenção que direciono a mim.

Pense nisso!

Clique aqui e acesse meus outros artigos.

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Jucimara Dalla Costa

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