“Das tripas coração” – Estilista João Pimenta
Conceito: Renascimento – Anatomia Humana
SPFW nº 54 – Branco e off-white, com detalhes em vermelho, deram início à SPFW. O desfile deixou eminente a celebração do renascimento. A humanidade volta, enxergar a luz, após a época das trevas, como o ato de voltar à vida.
A coleção de moda masculina usou a sarja acetinada, tule de malha, tafetá de seda e poliéster, zibeline e nylon, para construir visuais, que pareciam emergir tanto do útero de uma pessoa, como de uma sala de bailes da época renascentista.
Os looks mostrados nessa edição, foram impactantes e cheios de esperança. Mesmo que o país esteja ferido, estaria voltando à vida. Um novo ciclo se inicia e um novo recomeço para o Planeta Terra.
O estilista colocou a anatomia humana, nua e crua, na passarela. As vísceras ficaram aparentes, em visuais, cujas silhuetas eram amplas, bufantes e arredondadas, com uma alfaiataria desconstruída e cheia de drapeados.
Casacos com ombros marcantes, deixavam à mostra camisas com cordões e estampas avermelhadas, como se estivéssemos vendo a profundidade do corpo dos modelos.
A marca é conhecida por vestir corpos masculinos, com elementos tidos como femininos. Desta vez, a minissaia de cintura baixa marcou a passarela, item que está de volta ao guarda-roupa por conta do revival dos anos 2000, e top combinado com uma capa volumosa.
João Pimenta, resgatou o gótico, da apresentação anterior (ocorrida em junho, onde celebrou um velório em sua apresentação), como se ele quisesse nos lembrar que, mesmo quando renascemos, a morte sempre está por perto.
O público ficou surpreso, que ao contrário, de suas outras coleções, nessa não existia um único look preto por completo.
O Renascentismo deu o tom da coleção, indo dos tons de cor de rosa, envelhecidos e esmaecidos, assim como as variantes, que caminharam entre o bordô e o cereja. Era apaixonante de ser ver!
João, usou uma de suas técnicas mais sofisticadas: pinturas à mão, eram reveladas no interior de casacos, a modelagem estrutural e escultural impressionava, em materiais nobres e encorpados.
O toque visceral, sem trocadilhos, se deu com vísceras e outros órgãos sendo bordados de forma ornamental. Essa relação com o interior do corpo explica a cartela de cores e o jogo de mostrar e esconder que serviu de fio condutor da apresentação.
Profundo e delicado, fez a plateia suspirar!
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