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Transtornos Mentais e Comportamentais sob a óptica cristã – Parte I

Série Mal do Século XXI – Transtornos Mentais e Comportamentais sob a óptica cristã.

Os Transtornos Mentais não são um fenômeno recente em nossa sociedade. Desde a antiguidade eles foram estudados e catalogados pelos estudiosos comportamentais deste mal, inclusive sob a óptica cristã.

Antes da compreensão e elaboração da psicopatologia grega, toda a medicina física e psíquica do homem primitivo se apoiava em concepções de natureza mágica e intuitiva, constituindo assim atividade de sacerdotes e feiticeiros para compreender os transtornos mentais e comportamentais.

Contudo, no antigo Egito, já existiam médicos cirurgiões que operavam o cérebro. Mesmo na antiga China, 30 séculos antes da Era Cristã, o conhecimento de farmacologia e farmacoterapia já imperavam os tratamentos dos males da mente.

A partir da filosofia, dos povos antigos, devem-se muitos dos principais conhecimentos sobre a natureza dos fenômenos psicológicos.

Sobre alguns destes fenômenos, que mesmo com o avanço da ciência, insistem em propagarem-se na sociedade moderna, que desejo me ater nesta série sobre saúde mental sob óptica cristã.

Nesses últimos anos, o número de pessoas intentando contra a vida aumentou consideravelmente.

Segundo a edição do Jornal O Globo de setembro de 2018, o suicídio é apontado como a quarta maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, sendo a terceira para homens nesse grupo e, entre as mulheres, a oitava.

Em 2017, segundo o Ministério da Saúde, foram registradas 11.178 mortes por suicídio, estatística que representa um aumento de 2,28%, declara ainda que, de 2007 a 2016, foram registradas 106.374 mortes desta mesma natureza.

O suicídio traz a impressão de uma impossibilidade de auxílio existencial às vítimas adoecidas mentalmente. Esse adoecimento é um fenômeno que vem em surtos.

Um caos é alojado na alma, e em alguns casos, se multiplica de forma acelerada, levando muitos à negação de um sentido de vida, apoiando-se em modelos de autoextermínio. Em especial, tem atingindo mais os jovens na flor da idade.

26 de dezembro de 2018 – Mikael, filho da promessa do escritor e palestrante Daniel Mastral e da escritora Isabela Mastra -, saiu de casa sem o celular e sem se comunicar.

Aos 15 anos, se jogou em frente a um trem, sendo sua morte tragicamente consumada.

Eu conheci o Daniel há alguns anos, enquanto ainda fazia parte do Ministério Ágape Reconciliação. Ambos, eu e ele, temos uma história bem semelhante.

Minha autobiografia, ainda no prelo, narra parte desses encontros. Tanto ele quanto eu, experimentamos o “outro lado da força”.

Pelo que consta, Mikael foi filho muito desejado. Em “O guerreiro da Luz”, o casal narra as intempéries e reinvindicações da Irmandade, sobre a vida desta criança, por conta da “traição” de Daniel, em não assumir o posto de um dos candidatos ao anticristo no Brasil.

Vale relembrar – para quem leu -, e desvelar, para os que ainda não fizeram a leitura que, de acordo com a Irmandade (organização de controle político e econômico mundial para sediar a Era do Anticristo), cinco, seriam os escolhidos para a regência que se iniciaria em 2018.

Daniel seria um desses escolhidos. Mas segundo sua autobiografia, ele se converteu e renunciou a Abraxas (sua potestade) e passou a pregar o Evangelho, desvendando os mistérios do satanismo organizado politicamente no Brasil e no mundo.

Sabe-se que a vida desta família nunca foi tranquila. Mikael fora diagnosticado com transtorno Borderline desde a infância. A família Mastral contou nas redes sociais que lutava contra os impasses e crises de intenções suicidas do filho há bastante tempo.

Segundo consta, o menino já havia tentado o suicídio outras vezes, chegando a ficar internado na UTI por muitos dias. Não faltou oração, apoio e compreensão. Mas o que levaria um jovem de 15 anos a se matar?

Não pretendo fazer juízo moral. Muito menos entrar no mérito da questão. A Bíblia narra casos de suicídio, sendo o do Rei Saul, o mais comentado e conhecido.

Fato este, descrito pelas Escrituras, como um processo lento de adoecimento psíquico, que evoluiu ao longo de sua trajetória.

Saul tinha perturbações nervosas, alterações de humor, delírios persecutórios, transtorno afetivo e inabilidade social. Era um homem robusto, forte, foi ungido rei de Israel por Samuel, ainda que pela escolha do povo. D’us havia escolhido a Davi e não a Saul. (I Samuel 10)

Ao longo de sua existência, Saul teve muitas crises, sendo algumas dela apartada pela música de Davi. Ele amava e odiava a Davi.

Como não conseguia se livrar de seus “fantasmas”, mesmo com a bruxaria, Saul se tornou uma pessoa perigosa. O transtorno de humor de Saul se agravava a cada ano, sua melancolia o levara a muitas loucuras.

Mas, por que a Bíblia se preocupa em descrever na integra situações comportamentais como esta? Quero te demonstrar neste breve espaço, que a Bíblia não apenas descreve, como demonstra a necessidade de tratamento.

Desde a antiguidade o homem tem buscado o sentido da vida. A Bíblia revela esse vazio e ao longo das narrativas, seja no Velho ou Novo Testamento, ela busca através de seus profetas, levar o homem à esta compreensão e ensiná-lo um caminho de paz e realização.

No entanto, sob nenhum aspecto, a Palavra isenta o homem de suas responsabilidades e oportunidades de compreender e prosseguir em compreender, gerando a partir disso, alternativas para criar qualidade de vida e sentidos.

Qual seria o sentido da Vida? Penso que esta resposta seja de cunho personalíssima! Logo, não existe uma bula, uma receita pronta, um elixir ou antídoto para evitar ou suprir o vazio.

É neste lugar que a Igreja falha: criar um único caminho ou resposta, para um ser que é diverso e complexo.

No Brasil, dezenas de pastores e pastoras se suicidaram em 2018. Existem aqueles que atribuem a D’us a culpa, negando-o. Outros que julgam por demagogos e hipócritas os que se auto exterminaram. Mas de fato, é de caráter religioso a resposta aos males psíquicos?

O que é transtorno mental? Este termo visa descrever uma ampla variedade de sintomas que geram angústia ou incapacidade na vida pessoal, social ou profissional do indivíduo.

A angústia e a incapacidade podem ser brandas e apenas levemente perturbadoras, mas também podem provocar grande desestruturação e, em alguns casos, assumem proporções extremamente graves.

Ao longo desta série, descreverei os principais transtornos mentais e comportamentais, procurando identificar alguns deles em suas variedades e escopos, familiarizando nossos leitores e leitoras dos principais sintomas e psicopatologias, a fim de ajudar os pacientes e suas famílias.

Concluo este artigo com um trecho de “Histórias sem datas” de Machado de Assis:

“Rigorosamente, todas estas notícias são desnecessárias para a compreensão da minha aventura; mas é um modo de ir dizendo alguma coisa, antes de entrar em matéria, para a qual não acho porta grande nem pequena; o melhor é afrouxar a rédea à pena, e ela que vá andando, até achar a entrada. Há de haver alguma; tudo depende das circunstâncias, regra que tanto serve para o estilo como para a vida; palavra puxa palavra, uma ideia traz outra, e assim se faz um livro, um governo ou uma revolução; alguns dizem mesmo que assim é que a natureza compôs suas espécies”. (Primas de Sapucaia, 1884)

Em caso de Intenções Suicidas ligue: 188 – Centro de Valorização da Vida

CVV – 188

Referência Bibliográfica

  • CVV – Centro de Valorização da Vida
  • BÍBLIA – Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002.
  • Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders – DSM-5.5th.ed.Washington: American Psychiatric Association, 2013.DSM-IV-TRTM – Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. trad. Cláudia Dornelles; – 4.ed. rev.- Porto Alegre: Artmed,2002.
  • CID-10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde.10a rev. São Paulo: Universidade de São Paulo; 1997.vol.2.6. Organização Mundial da Saúde.
  • Dalgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais – 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
  • Colins, Gary R. Aconselhamento Cristão: ed. Século 21. Trad.: Lucília Marques Pereira da Silva. São Paulo: Vida Nova, 2004.
  • Shorter, E.(1997).Uma história da psiquiatria: da era do asilo à era do Prozac. Nova Iorque: John Wiley & Sons, Inc, p.277.
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Chris Sturzeneker

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