Quem pode determinar se temos ou não qualidade de vida, somos nós mesmos. E muitas vezes, nosso maior vilão sai de nossos próprios pensamentos.
Claro que esse vilão é alimentado por redes sociais, por padrões de comportamentos sinalizados como ideais e por peritos de plantão: conselheiros bem-intencionados que desenham uma vida baseada nos seus próprios modelos de mundo e nos seus filtros.
Amigos, familiares ou profissionais dos mais variados tipos se enquadram neste perfil. E quantas vezes não somos nós mesmos os conselheiros dos outros?
É importante perceber que não podemos balizar o que é qualidade de vida a partir de ideias comerciais que tentam nos empurrar produtos, modelos de negócio, necessidades de consumo de vários tipos como comidas, lugares para frequentar e até relacionamentos.
Abaixo apresento alguns vilões mais comuns que sugam nossa energia para a vida e que nem sempre percebemos. São armadilhas que estão dentro de nós e partem do nosso pensamento e afugentam nossa melhor performance.
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A Sombra da Perfeição
Quantas vezes exigimos perfeição e não ficamos contentes com nossos resultados, pois estamos sempre esperando que fique melhor?
Esquecemos duas coisas óbvias: a primeira é que perfeição não existe e a segunda é que sempre haverá o que melhorar e nem por isso o que você fez ou faz não é muito bom.
Quem sempre se cobra por perfeição vive sem o resultado que deseja e sempre está inconformado. Não quer dizer que não precisamos sempre melhorar e buscar a excelência de nós, mas é diferente pensar em “perfeição” ou “em melhor que podemos”;
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O Desfocador de Plantão
Há uma voz em cada um de nós, mais ou menos controlada, que nos desvia do foco, desvia do que realmente importa.
É “assistir um filme” no lugar de “planejar a agenda de amanhã”, ou jogar no lugar de escrever o conteúdo necessário, ou ainda olhar as curtidas do Facebook em vez de brincar com as crianças.
Muitas vezes é trocar um prazer a longo prazo por um prazer imediato, mais fácil, mais simples.
Nosso tempo é sugado por inúmeras atividades que muitas vezes não são nem importantes e nem urgentes, são meras distrações, mas que fazemos e colocamos energia e tempo a disposição.
Quando deixamos o foco de nossos genuínos interesses se dissipar gastamos energia em coisas que não levam a nada e quando olhamos a nossa vida, sentimos o peso dessa falta de foco.
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O Terceirizador de Culpa
Quando culpamos a falta de dinheiro, o governo, o nosso chefe, a internet e qualquer outra coisa para não agirmos do jeito que nos parece certo, ou seja, quando nos tornamos vítimas, passamos a viver em resposta ao que nos vitimiza e não responsáveis por nossos atos.
Às vezes, fazemos isso para a responsabilidade sobre o que não dá certo ficar mais leve. Às vezes é um alívio a curto prazo, porém a consequência, a longo prazo, pode ser desastrosa.
Pois, se não somos responsáveis pelo que acontece, também não podemos alterar.
O pensamento que pode contribuir mais com a nossa vida é se perguntar “o que eu posso fazer para ter um bom resultado, apesar disso que atrapalha?”.
Faça o pequeno exercício de se perguntar o que você gostaria de ter hoje que não tem? Por que? E sua resposta pode apresentar um Terceirizador de Culpa.
O mesmo vale para o questionamento: O que você gostaria de ser hoje que ainda não é?
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O Comparador de Sucesso
Esse vilão é muito presente e usa ferramentas tecnológicas para se disfarçar, como as redes sociais.
Quantas vezes nos comparamos com os outros e medimos nossos progressos baseado no progresso dos outros?
Mesmo sabendo que tudo o que se diz e o que aparece em redes sociais não é verdade, somos levados a olhar e, muitas vezes, a medir se estamos ou não progredindo com base nos outros.
Sabemos que sucesso é um conceito diferente para cada um e o próprio conceito já pode mudar muito o que vemos como qualidade ou não.
Se você considera sucesso como ter tudo o que deseja, então talvez você trilhe uma jornada infeliz e de fracasso para talvez chegar onde quer no final.
Já se você considera sucesso utilizar o que tem como talento da melhor forma possível, você tem chance de sucesso todos os dias.
Vale considerar que, não importa quem você seja, sempre haverá alguém que avança mais, que tem mais. Ou ainda, quem avança menos do que você e tem menos do que você.
O mais importante é você se comparar a si mesmo e perceber que o seu “eu de hoje” é melhor do que o seu “eu de ontem”.
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O Detector de Incapacidade
Acredito que esse seja o vilão que mais nos fere e que está presente em todos os demais.
O Detector de Incapacidade é uma voz que parte de nós mesmos e nos faz acreditar que não temos capacidade para fazer o que queremos.
Uma voz que diz que não somos o que pensamos ser. Parece uma voz carregada de medo que tenta nos proteger de passar por uma situação que vai nos frustrar ou magoar.
Já aconteceu de você estudar um assunto, se preparar e na hora de utilizar o conhecimento, você paralisar? O Detector de Incapacidade é perito em nos paralisar com o argumento da crítica e da falta de preparo.
Quanto mais próximo ele está mais dificuldade temos de agir. Sem ação não podemos progredir, melhorar, vencer.
Talvez esses vilões vivam próximos a você, talvez não. Esperamos que esse texto tenha feito sentido para você e que, a partir dele, você decida mudar alguns pensamentos com o objetivo de viver francamente melhor.
Lembre-se: o antídoto para todos esses vilões, em primeiro lugar, é identificá-los e depois formular frases fortalecedoras com base na realidade e na lógica para aplicá-las à medida que cada um deles venha a tentar te desviar do caminho que você formulou como o melhor.