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Nos próximos anos vai realmente faltar comida?

Precisamos dar mais atenção ao que temos disponível.

Tem-se falado muito que nos próximos anos vai realmente faltar comida. A população em 2050 vai atingir a marca de 9,1 bilhões de habitantes e a ONU prevê que precisaríamos produzir 70% a mais do que é produzido em alimento hoje.

Essa é “desculpa” dada pelo agronegócio e a indústria alimentícia para justificar o aumento da criação extensiva de gado e da plantação das monoculturas, que acarreta em consequências desastrosas para o meio ambiente.

Como as queimadas, degradação do solo, contaminação dos lençóis freáticos e uso abusivo de agrotóxicos dentre outras.

Sem entrar no mérito da discussão do assunto sobre essa ótica, quero falar sobre esse tema sobre uma outra perspectiva: precisamos dar mais atenção ao que temos disponível e entregue pela natureza.

Quando no meu primeiro artigo falei que alimentar é um ato político, aqui ele se evidencia novamente, porque somos nós, cada indivíduo, que podemos agir, mudando nossas atitudes cotidianas.

O quanto de comida você desperdiça ao cozinhar, retirando talos, folhas, cascas e outras partes do alimento que estão boas para consumo?

Vamos lá, cerca de 30% do alimento colhido no campo é desperdiçado por não ser “comercialmente” vendável, ou seja, que não está no padrão estético do consumidor, mas isso não compromete seu valor nutricional.

6% é perdido durante o processamento, 22% durante manejo e estocagem, 17% no transporte e mais 28% no consumo, aqui onde a responsabilidade é sua.

Aquele que você deixa de escolher porque é “feinho” na banca do supermercado ou descarta algumas partes “indesejáveis” na hora de preparar.

Agora façamos uma conta simples, se conseguíssemos diminuir pela metade essas quantidades, iria ter tanta gente passando fome?

E aqui falo de fome nutricional, porque estamos falando de comida de verdade e não das bolachas e fast food da vida.

Não usamos muitas partes dos alimentos que contem nutrientes, privando nosso corpo de macro e micronutrientes, enzimas e vitaminas que conferem saúde e evitariam tantas doenças ao nosso corpo.

Você sabia que a rama da cenoura tem 306% a mais de proteína e 187% de fibras em relação a sua parte convencional?

E a casca que temos a mania de raspar contém 169% a mais de potássio, é só lavar bem levadinha e consumi-la por inteiro.

Assim como a casca do abacaxi que pode ser usado em sucos e chás tem 102% a mais de proteína e 151% de fibras em relação a polpa, da maçã com 242% a mais de fibra e 102% de vitamina C e somos obrigados a ver propaganda de laxante para regular o intestino.

E a casca da laranja contém 4607% de cálcio e 465% de potássio a mais que sua polpa.

Sem contar as PANC – Plantas Alimentícias Não Convencionais, consideradas “mato” ou “ervas daninhas” que possuem um alto teor nutritivo e estão voltando a ter destaques graças a pesquisadores, médicos, biólogos, nutricionistas e cozinheiros que se empenham em resgatar essas plantas tradicionais que perdemos o conhecimento trazidos há várias gerações.

Então, vem a parte que mais gosto, depois de tudo isso. Você se pergunta o que posso fazer? Sei que na maioria das vezes é por desconhecimento que acabamos cometendo esses “deslizes”.

Realmente, é preciso pesquisar um pouco e buscar uma forma melhor de se alimentar, mas é preciso querer dar o primeiro passo e descobrir as maravilhas e benefícios que você pode ter tomando pequenas atitudes.

Por isso, estou aqui para ajudar e passar aquela receita gostosa e nutritiva. Escolhi um bolo de laranja com casca (falei o quanto ela é nutritiva em cálcio e potássio) e uso a folha de lavanda fresca (considerada uma PANC).

Bolo de laranja com casca e lavanda
Bolo de laranja com casca e lavanda
Ingredientes:
  • 1 xícara de farinha de aveia
  • 1 xícara de farinha de arroz integral
  • 1 xícara de farinha de amendoim (amêndoa, castanha)
  • 1 xícara de açúcar demerara
  • ¼ de xicara de óleo de girassol ou coco
  • 2 colheres de sopa de linhaça hidratada
  • 1 laranja (vai usar com casca e tudo, mas tire as sementes)
  • 1 abobrinha pequena
  • 1 rama de folhas de lavanda (opcional)
  • 1 pitada de sal
  • 2 colheres de fermento químico
Modo de fazer:
  • Coloque numa bacia os ingredientes secos: as farinhas de aveia, arroz, amendoim, a pitada de sal e misture. Reserve.
  • No liquidificador bata os outros ingredientes: a laranja, o açúcar, o óleo, a linhaça, abobrinha e as folhas de lavanda até ficar bem misturado e líquido.
  • Despeje na bacia com os secos e mexa bem, adicione por fim o fermento e misture até incorporar na massa que fica tipo cremosa e não liquida.
  • Coloque na forma e leve para assar no forno pré-aquecido a 180° por aproximadamente 35 minutos ou até fazer o teste do palito.

Espere uns 10 minutos esfriar para desinformar.

Então, comece a pensar no que você pode usar de outras partes não convencionais de um alimento, aquilo que iria para o lixo pode dar mais sabor e valor nutricional ao seu prato.

Você economiza dinheiro, ganha mais saúde e preserva mais o planeta…

Tem coisa melhor?

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Deixe seu comentário, dúvidas e sugestões que eu respondo.

Até a próxima!

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Ilana Alencar

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