Saiba identificar esta prática
Gaslighting pode ser definido como uma violência ou tortura psicológica sutil que causa instabilidade emocional e outros problemas na mulher.
Quando abordamos as mais diversas violências contra mulheres, a primeira que nos vem à mente é a violência física, porém vamos abordar uma outra violência tão importante quanto as demais que já conhecemos e pouco explorada até o momento: tortura psicológica.
O termo gaslighting surgiu após o filme À Meia-luz, ou Gaslight (1944), que contava a história de um homem que fez de tudo para convencer a esposa que ela estava perdendo a razão. A intenção era ficar com sua fortuna.
Para isso, realizava manipulações frequentes até que ela questionasse a sua sanidade mental.
É uma forma de abuso psicológico na qual informações são distorcidas, seletivamente omitidas para favorecer o abusador ou simplesmente inventadas com a intenção de fazer a vítima duvidar de sua própria memória, percepção e sanidade.
Casos de gaslighting podem variar da simples negação por parte do agressor de que incidentes abusivos anteriores já ocorreram, até a realização de eventos bizarros pelo abusador com a intenção de desorientar a vítima.
A tortura psicológica é tão preocupante que a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem uma definição própria para ela:
“Qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação.”
A tortura psicológica é a causa para qualquer tipo de sofrimento mental, seja causado por desequilíbrio emocional a qual é a raiz do problema.
Não podemos deixar de mencionar os fatores externos e não menos importantes a qual ocorre com as vítimas dessa agressão: ofensas, humilhações, xingamentos, entre outros, que podem traumatizar e causar angústia e sofrimento, e em diversos casos perduram por anos deixando às vezes marcas irreparáveis nas vítimas que sofrem.
A tortura psicológica, algumas vezes causam mais danos do que as agressões físicas, podendo afetar não só uma pessoa mais todo um círculo de relacionamento entre pessoas (família, amigos, trabalho que fazem parte do convívio da vítima em questão) desestabilizando a harmonia e equilíbrio do ser e do ambiente, a qual, o cerca.
Podemos mencionar como exemplo o sexismo contra a mulher (machismo).
Nesse caso, a mulher é colocada como o ser inferior em relação ao homem. A situação de autoridade do homem e submissão da mulher e, consequentemente a caracterização da violência contra a mulher como tortura.
De acordo com a psicóloga Natália Marques, atuante na área clínica com violência contra a mulher e mestranda em psicologia da saúde pela Universidade Metodista de São Paulo, as mulheres são mais afetadas principalmente por conta do machismo e do patriarcado.
“Nesse sistema, as mulheres carregam o estigma de ‘loucas, histéricas e exageradas’, mas muitas vezes estão simplesmente contestando os homens e não querem seguir as normas e padrões sociais impostos”, diz. Segundo ela, fazer as mulheres acreditarem que são loucas as enfraquece na sociedade. “É uma violência que envolve poder”….
Há casos em que a tortura psicológica pode ser utilizada por algumas pessoas propositalmente e com o intuito de alcançar determinado objetivo, como uma confissão ou pelo simples prazer em desestabilizar ou ofender o outro (esse exemplo podemos mencionar o ambiente de trabalho).
A vítima da tortura psicológica – gaslighting, tem enormes chances de desencadear alguns problemas psicológicos como: depressão, estresse pós-traumático, crises de ansiedade, fobias (diversas), síndrome do pânico, sentimento constante de infelicidade, paranoia, medo excessivo, esgotamento psicológico e emocional, comportamento defensivo, falta de confiança, dificuldade para se expressa, isolamento social, crises de choro, conduta retraída, irritabilidade, insônia e outras diversos sintomas agravantes.
Para alguém que sofre algum tipo de tortura psicológica é difícil procurar ajuda, pois na grande maioria dos casos a pessoa se sente envergonhada de se abrir com outra pessoa ou mesmo por medo de enfrentar o problema.
A terapia adequada com psicólogos, o compartilhamento do ocorrido e o diálogo com pessoas de confiança e mais próximas ainda é o melhor caminho para o início do tratamento.
Como identificar se você está em um relacionamento abusivo?
- Primeiro passo é reconhecer que você está num relacionamento a qual passa por tortura psicológica;
- Geralmente as agressões são muito sutis, onde são disfarçadas por comentários maldosos ou indiretos. No entanto, os abusos são frequentes, de tal forma que a vítima se sente confusa com as atitudes do agressor e não sabe como responder ou reagir;
- Depois afastar-se do agressor; mudando de casa, endereço ou até de cidade se precisar.
Tipo de tortura psicológicas – Gaslighting:
- Constantes humilhações;
- Chantagem emocional;
- Perseguição;
- Distorção da realidade;
- Ridicularização;
- Restrição da liberdade de expressão;
- Isolamento.
Se você sofre ou já sofreu algum tipo de tortura psicológica saiba que você não está sozinha (o) e tampouco é o único (a) a passar por mais essa chaga dentro da nossa sociedade.
Muitas vezes estas dores e sofrimentos guardados agem na nossa vida de maneira inconsciente e silenciosa, mas que causam grandes estragos no decorrer dos dias e sendo prejudicial a sua saúde mental e porque não social?
A tortura psicológica contra a mulher é considerada violência doméstica. Inclusive temos a Lei nº 9.455 de 7 de abril de 1997 dentro do código penal.
1º Constitui crime de tortura: I – constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; Quem constrange, constrange alguém a fazer alguma coisa.
Os casos mais comuns se assim podemos descrever são perpetrados pelo companheiro, marido, namorado ou em qualquer relação interpessoal em que o agressor tenha convivido ou conviva no mesmo domicílio que a vítima ou no ambiente de trabalho.
Não deixe de procurar ajuda.
Você é importante na vida de alguém e alguém precisa de você.
Gráfico de Tipos de Violências Contra as Mulheres