Quem pensa que o comércio na Coreia do Sul é uma réplica do amontoado de quiosques que encontramos na rua Vinte e Cinco de Março, em São Paulo está enganado (assim como eu, antes de poder conviver com a cultura dos Sul Coreanos).
Claro, há algo super parecido por aqui. Aliás, a famosa rua de compras da capital paulista deve ter sido criada com base no megacentro de compras de Seul, Namdaemum. O mais antigo mercado de comércio da Coreia do Sul é uma loucura. Ruas que formam um labirinto, lojas enormes que surgem de uma portinha minúscula, sobe e desce de gente por todos os lados.
Já me perdi por lá algumas vezes, mas amo de paixão a aventura. Um misto de espaço para compras, convivência com a cultura local e treinamento da arte de fazer mímica (em algumas situações, a única forma de comunicação e que funciona perfeitamente).
Mas há algo que é exatamente como nos filmes e que chama a atenção (noto que é algo típico da maioria dos países asiáticos) – a utilização quase que excessiva de neon. Quando visitei Ulsan, umas das principais cidades da Coreia do Sul, fiquei encantada com o jogo de luzes e cores iluminando as ruas da cidade – que aliás, estão sempre lotadas.
Pela densidade demográfica de 487,7 habitantes por quilômetro quadrado, mais de dez vezes em relação à média mundial, é de se imaginar que as ruas estejam sempre cheias, com ligeira queda no inverno – quando a temperatura bate quinze graus negativos.
A forte, planejada e estável economia favorece o consumo, que por sinal é altamente promovido pelo Governo tanto para o mercado doméstico quanto para o turismo. Somente no ano passado oito milhões de chineses visitaram o país. E consumiram, muito!!
Depois de algum tempo por aqui, comecei a entender porque marcas desconhecidas há 10 anos, como LG, Samsung, Hyundai têm ganhado market share em todos os países nos quais atuam.
O Sul Coreano é excepcional no quesito de construção de marca e experiência de compra.
Uma das fortes marcas locais chama-se Lottle, um conglomerado de prédios comercias e residenciais, centros de compras, hotéis e espaços para eventos. Em qualquer uma das situações o ambiente envolve, propiciando uma vivência além do tradicional.
Decoração primorosa, cores, texturas, cheiro, organização e acesso para portadores de necessidades especiais. Tudo fascina. Tudo em grande estilo. Tudo pensado para que a experiência de compra seja inesquecível.
Semana passada visitei o megacentro de compras Lottle Young – uma loja de departamento gigante, com foco na geração adolescente. Inacreditável. O prédio é ligado ao Lottle Mall (para adultos) por uma ponte envidraçada, no sexto andar.
Logo de cara o consumidor se depara com uma ambientação sedutora, luzes piscando e som de balada. À frente, vários estofados tipo puff distribuídos ao longo do corredor de entrada da loja. Tipo, um local ponto de encontro para os jovens. Sem brincadeira, é possível ficar uma manhã inteira desfrutando da mágica sensação de estar num local superbacana como esta loja de departamentos.
Claro, também há locais no Brasil onde a experiência de compra é envolvente, em especial nas grandes cidades, e mesmo assim em locais direcionados para o público AAA. A questão é que em Seul, um único bairro pode ter a mesma megaloja a apenas alguns quarteirões de distância (todos, sempre cheios de gente comprando). As grandes marcas estão presentes mesmo nas pequenas cidades.
E não para por aí não. InnesFree é uma marca de cosméticos Coreana que se posiciona como ecológica. No segundo andar de uma de suas grandes lojas, criaram um café com cardápio “verde-zen”, diversos tipos de chá, alimentação natural e sucos funcionais. Outro canto onde é possível passar outra manhã.
Uma amiga Alemã que vive na Coreia do Sul me apresentou o local. Nosso café básico com cardápio natureba durou mais de três horas. E depois de consumir no café, claro, impossível resistir ao encantador mix de produtos da loja.
Chegamos ao bairro de compras para turistas, Myeongdong. Outro local onde faço questão de me perder, pois a cada esquina há algo inovador e superinteressante. Desde as grandes marcas até às pequenas lojas e os originais e criativos ambulantes.
O consulado da China fica próximo, por isso este é o local onde encontramos mais chineses com sacolas e sacolas de compras. Gravei o vídeo abaixo num sábado à noite.
Não há dúvidas sobre como o comércio flui e promove o crescimento da economia do país.
Um dos lugares mais fofos que visitei foi a mega-blaster-loja da Line Friends Corporation (é assim que eles se autodenominam). Coisa de louco. Line Friends é um aplicativo de mensagem automática como o WhatsApp.
Sabiamente, foram criados Emojis gratuitos para os usuários, e destes personagens você encontra todos os tipos de produtos licenciados. Desde case para computador, capa de celular, meias, utensílios domésticos e por aí vai.
Todas as lojas sempre têm um cantinho especial para fotos (impressionante como os Asiáticos gostam de fotos). Impossível resistir!!! Fiquei na fila e tirei a minha com o urso gigante – símbolo da marca.
Quer mais? Shinsegae. A chiquérrima marca de loja de departamentos da Coreia do Sul. Amo de paixão me deliciar com cada um dos 14 andares da loja principal, mas confesso que me sinto pobre ao ver mulheres comprando bolsas de marca que chegam a custar 6 mil dólares. De toda forma, este é outro local considerado ponto turístico da capital.
Milhares de pessoas se aglomeram para apreciar a famosa e tradicional decoração natalina. Momento mágico e emocionante, sem dúvida alguma.
Com transporte público abrangente, investimento em infraestrutura dos setores público e privado, incentivo do governo, economia estável, creio eu que seja menos difícil promover a aceleração do comércio. Sonho que um dia o Brasil chegue a este nível, onde todos possam ter a chance de fazer um negócio trazer bons resultados.
Mas ir além, e absolutamente superar as expectativas do cliente, oferecendo uma experiência de compra memorável é algo que o Sul Coreano sabe fazer. E muito bem. E isso pode ser copiado a qualquer momento!!
Obrigada pela leitura.
Até a próxima