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Laço Rosa não salva vidas – Ações práticas sim. Quais têm sido as suas?

No último dia 19 de outubro foi celebrado o Dia Internacional contra o Câncer de Mama. Com iniciativas no mundo todo, durante todo o mês vários eventos celebraram o movimento mundial conhecido como “Outubro Rosa”.

O nome remete à cor do laço que representa a luta contra o câncer de mama.

Prometi para mim mesma que neste ano não faria alerta ou comentários, sobre o caminho que tomou este movimento. Ano passado escrevi o artigo ‘pelo fim do outubro rosa, no qual relatei dados críticos sobre a doença que mais mata mulheres.

Nunca tive câncer, na minha família não há casos da doença, portanto é fácil ficar palpitando, porque esta campanha pode, efetivamente, ter ajudado à diversas mulheres ao redor do planeta, porém dois fatos me deixaram estarrecidas, os quais me levaram a voltar com a minha posição.

De forma alguma sou contra este tipo de campanha, mas me assusta notar a proporção que a iniciativa  tomou. Inicialmente criada com o intuito de alertar, se transformou em mais uma manobra descarada de marketing, para incentivar o consumo a todo e qualquer custo.

# Primeira surpresa

Confesso que fiquei de boca aberta quando acabei de assistir ao documentário #WhatTheHealth, veiculado pela rede Netflix. Com foco na alimentação e seus efeitos benéficos e maléficos para qualquer tipo de doença, em especial, o câncer, vem causando grande polêmica.

Em determinada parte do documentário, o protagonista levanta a questão da associação que lançou mundialmente a campanha do Outubro Rosa, a qual recebe milhões e milhões de dólares em patrocínio vindo de empresas que fabricam produtos ‘nocivos” à saúde – segundo declaração dos especialistas e médicos entrevistados.

Ao final do vídeo, já comecei a pensar como seria meu artigo. Como se tivesse sido impulsionada pela obrigação de alertar as pessoas, comecei a pesquisar dados e informações sobre a evolução da doença no Brasil, quando me deparo com a segunda surpresa.

# Segunda surpresa

Uma determinada marca nacional que produz chocolate criou um ‘bombom rosa’, com o objetivo de reforçar seu apoio à campanha. Em uma ação deslavada de marketing, a empresa está incentivando o consumo de um produto forrado de ingredientes nada saudáveis.

Todo e qualquer médico ao ser questionado sobre os fatores de prevenção são enfáticos ao afirmar o impacto de medidas protetoras, tais como: manter uma alimentação saudável, evitar o tabagismo, manter peso corporal, evitar ingestão de bebidas alcoólicas e praticar atividades físicas (ao final deste artigo, compartilho orientações extraídas do blog mulher com saúde).

Oras, bolas. Apoiar a campanha significa incentivar alimentação não saudável e ganho de peso? Por que a tal `empresa show` não investiu a verba dedicada à criar uma linha de produção do ‘bombom rosa’, para promover caravanas de autoexame, mobilização e orientação, como as que foram realizadas pelo Hospital do Câncer de Ribeirão Preto?

Iniciativas como estas são as que, verdadeiramente, apoiam a campanha, creio eu.

Vou me abster de comentários sobre o adorno de celebração adotado por milhares de pessoas na rede social Facebook. ‘Eu adoto esta causa’, a mensagem que vem acompanhada de laços rosas na foto do perfil.

Apoia como? Tem compartilhado com a sua rede fontes de informações confiáveis sobre a prevenção e o tratamento? Incluiu este tema em alguma reunião de equipe no ambiente de trabalho?. Conversa com mulheres com menos acesso à informação?

Isso me deixa estarrecida. Me nego a acreditar que pessoas esclarecidas, realmente, acreditem que estão apoiando uma causa séria como esta com a decoração do laço rosa na foto de perfil na rede social.

Sério mesmo que o tipo de câncer mais comum e que mais mata mulheres em todo o mundo, tem sido endereçado por menção (algumas honrosas) da cor rosa em monumentos, campanhas, ações (algumas muito válidas) e laços?

Lamentavelmente e apesar dos altos valores investidos em campanhas de marketing, os casos de câncer têm sido cada vez mais frequentes no Brasil. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer — INCA, a estimativa para o biênio 2016–2017 é de que haja 600 mil novos casos.

Inegável o fato do impacto positivo de campanhas de alerta à população – como esta do outubro rosa. O próprio Ministério da Saúde comemora o aumento significativo (37%) do número de exames de mamografia realizados pelo SUS – Sistema Único de Saúde.

Em um comparativo entre os anos de 2010 e 2016, houve aumento de 64% na quantidade de exames realizados em mulheres entre 50 e 69 anos, consideradas na faixa etária prioritária, totalizando 1.4 milhão de mamografias.

Sem dúvida alguma dados excepcionais, porém insuficientes. O país tem quase 220 milhões de habitantes, sendo que 51.5% de mulheres, segundo informa o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Fazendo as contas, se 20% da população feminina estiver dentro da faixa etária prioritária, isso significa, aproximadamente, 22 milhões de pessoas. Destas, 1.4 milhão realizaram exames via SUS, e vamos supor que o mesmo número tenha realizado o principal exame preventivo via planos de saúde. Ainda assim, sobram mais de 18 milhões de mulheres.

Até quando vamos enfeitar números alarmantes com um laço rosa? Laço rosa não salva vidas. Ações práticas sim. Quais têm sido as suas?

Medidas protetoras identificadas:

Manter uma alimentação saudável
A ingestão por tempo prolongado de carne vermelha e carne processada pode contribuir para o aumento no risco de câncer de intestino devido a produção de substâncias carcinogênicas durante o seu preparo e durante a sua digestão no trato gastrointestinal.

A ingestão de cálcio, vitamina D, dieta rica em frutas, verduras e fibras tem sido apontadas como fatores protetores para o desenvolvimento de câncer de intestino.

Evitar o tabagismo
O cigarro é fator de risco para inúmeros tipos de câncer como o de pulmão, cavidade oral, laringe, faringe e esôfago. O melhor maneira de controlar as doenças causadas pelo cigarro é o ato de parar fumar.

Os benefícios da interrupção do tabagismo já são percebidos nos primeiros 20 minutos de abstinência. Após 10 anos sem fumar, o risco de câncer de pulmão cai pela metade.

Quanto mais cedo o indivíduo parar de fumar, principalmente antes dos 40 anos, menor o risco de morrer por doenças relacionadas ao cigarro. Mesmo indivíduos com idade maior de 80 anos apresentam redução na mortalidade ao parar de fumar.

Evitar ingestão de bebidas alcoólicas
O consumo de bebidas alcoólicas em qualquer quantidade contribui para o risco de câncer, principalmente quando combinado ao tabagismo. Os tumores relacionados ao álcool são: de boca, faringe, laringe, esôfago, fígado, intestino e mama.

Manter peso corporal adequado e praticar atividades físicas
A obesidade é considerada fator de risco para câncer de mama, endométrio, intestino e outros. O combate a obesidade é uma importante medida para redução na incidência de câncer.

Picture of Luciane Borges

Luciane Borges

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