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A inclusão no mundo

O mundo em si, e em particular todas as redes de relações que se formam e permeiam tanto a realidade quanto o mundo virtual, tem se tornado para mim um verdadeiro laboratório de observação, análise, pensamento crítico, filosofias cotidianas e reflexões profundas sob vários aspectos, mas há um em especial que dividirei com vocês neste espaço: a tal INCLUSÃO. Não apenas a inclusão social, mas também a inclusão digital; a inclusão em todas as idades, pensando desde a criança até a terceira idade; a inclusão escolar, no ambiente de trabalho, a inclusão tanto no seio familiar quanto nas rodas sociais…

Inclusão, segundo o dicionário, refere-se ao ato de incluir-se ou inserção. A inclusão prevê que todo aquele que esteja à margem, seja por qualquer motivo, seja trazido ao convívio e/ou à participação – efetiva e ativa, faço aqui esta ressalva. Porque incluir não pode ser meramente tirar da sombra e colocar na luz, de qualquer maneira, sem qualquer esforço, preparação, apoio, suporte ou amparo. Isso é um ato insano e desumano, que via de regra trará mais malefícios ao suposto incluído do que se mantido no seu antigo anonimato. E se precisamos falar em inclusão, é porque existe a exclusão, que vem da diferença, que não quer dizer necessariamente deficiência como muitos acreditam ser, porém que gera o pré-conceito, que divide e separa e marginaliza.

Com formação em Psicologia e 16 anos de experiência profissional, iniciei minha jornada pela atuação clínica e é onde trabalho atualmente. Passei um ano trabalhando em duas APAE´s fora de Curitiba, próximo a Irati e de onde já surgiu uma primeira construção de inclusão. Dos anos seguintes, na clínica, e até hoje trabalhando com crianças com TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade) e TEA (transtorno do espectro autista), aparece uma nova oportunidade, cheia de riqueza, para debater a questão da inclusão – do ponto de vista da criança, as dificuldades maternas, da família, da escola, dos demais irmãos. Em anos seguintes atuei com crianças e adolescentes com câncer e demais doenças hematológicas, inclusive com necessidade de transplante de medula óssea – afastadas da escola, do meio social, até mesmo do convívio familiar mais amplo por necessidades imperativas do tratamento. Assim outras portas se abriram para que o termo inclusão fosse por mim amplificado e revisto, tanto pelo prisma do paciente que precisa retomar sua vida após o tratamento levando consigo não somente as sequelas emocionais e psicossociais derivadas de todo o período da doença/tratamento, como também, muitas vezes, com sequelas físicas; como pelo foco da família, e de modo especial na mãe que geralmente é a cuidadora principal por natureza e opção, quando o paciente falece e há a necessidade de trabalhar a perda, aceitar a derrota contra a doença e retomar a vida e a rotina em uma sociedade que não sabe muito bem como lidar com a morte e com o luto – nem em si e ainda menos vivido pelo outro.

A questão da inclusão permeia também o ambiente corporativo, cada vez mais competitivo e audacioso, que nem sempre está aberto a agregar aquilo que destoa do que é padrão. O ambiente familiar também é passível de segregação quando se espera que deveria tão somente acolher, com todos os malefícios e cicatrizes que deixará impresso na história do indivíduo que a carregará consigo como uma bagagem pesada e desconfortável pela vida afora.

Não podemos deixar de pensar os danos que a Não-Inclusão pode causar, especialmente quando falamos de adolescentes e jovens que tipicamente necessitam ser aceitos por seus pares e vivenciam este momento de vida em grupos. Os extremos podem resultar em depressão, abuso de drogas e mesmo em suicídio. Cada aspecto psicossocial deve ser analisado e repensando, à luz de uma ética humanitária, pois estamos em pleno século XXI, mas em muitos momentos o ser humano tem se comportado de forma semelhante a um ser das cavernas, pouco pensante e pouco reflexivo sobre seus atos e as repercussões sobre seu entorno e seus semelhantes.

Certamente, são muitos os pontos, os contrapontos, as observações, as arguições, os levantamentos, as hipóteses e as discussões a serem feitas e divididas com vocês. Espero que juntas possamos refletir, gerar novas ideias, fortalecer bases sólidas de argumentos, disseminar mais empatia ao nosso redor, promovendo um mundo melhor e mais humano!

 

Namastê!

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Adriana Cardoso

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