Há algum tempo, a autoestima tem sido um conteúdo considerado fundamental para a autoimagem positiva, para o equilíbrio emocional, mental, sentimental e também essencial para a autocura em seu amplo aspecto.
Para isto é necessário, contudo, compreender-se o que significa verdadeiramente “autoestima” e como conseguimos praticá-la em nosso dia-a-dia, principalmente quando estamos envolvidos em situações profundamente conflitantes, tanto em relação a nós mesmos quanto em relação a outras pessoas ou situações externas.
A “estima” deriva do amor, do carinho, do bem-querer e, naturalmente, impulsiona ao cuidado, à nutrição, ao guardar, ao proteger esta estima, este amor, este bem-querer; “auto” nos dá o entendimento do referencial ao “si mesmo”, necessitando, portanto, acontecer de dentro para fora. Desta forma, autoestima é o amor que manifestamos a nós mesmos e que necessita ser guardado, nutrido, protegido, amado por “nós mesmos” em relação a “nós mesmos”.
Nossa educação, isto de uma forma geral, não nos desenvolve para esta postura de amor perante nós mesmos. Somos ensinados a amar o outro, cuidar do outro, proteger o outro, nos colocando sempre à parte deste processo amoroso, como se nosso interno, não fosse um “ser” que necessita desta estima tão especial. Embora hoje esteja muito divulgada a autoestima ainda é comum a um grande número de pessoas reagir de forma espantosa ao tomar a ciência de que necessário amar a si mesmo, se querer bem, se elogiar, se prestigiar, se proteger, se impulsionar, se dar forças, se perdoar. Há uma espécie de susto ao tomar esta ciência e reconhecer que tudo o que é feito de bom para os outros é também necessário fazer a si mesmo, pois afinal, quem ama, doa, quer bem, nutre, sustenta guarda, protege é porque tem tudo isto dentro de si. Por que não direcionar esta grande capacidade amorosa e nutridora para dentro e para fora de si?
Penso que a dificuldade se encontra na falta de intimidade conosco mesmo, principalmente no sentido de reconhecer que a pessoa mais próxima a nós é: “nós mesmos”! Acostumados a olhar somente para fora, é necessário que se construa o caminho para que também possamos olhar para dentro de nós e, nos preparar para encontrarmos um ser carente e muito saudoso de nós mesmos.
“Como é difícil cuidar de nós mesmos! Como é difícil orientar a nós mesmos! Como é difícil guardar a nós mesmos! Como é difícil aceitar a nós mesmos como realmente somos sem as máscaras que encobrem nossa verdadeira essência!” Estes desabafos, que são também afirmações foi o que eu mais escutei e ainda escuto nesses vários anos de relacionamento com pessoas como terapeuta comportamental consciencial.
Para que isto não seja uma triste realidade imutável é fundamental construir esta intimidade conosco mesmo, desenvolvendo a percepção interna e um amadurecimento sobre nossa autoimagem, pois a autoestima se encontra diretamente ligada à autoimagem. Se nos achamos fisicamente bonitos, temos uma autoimagem desta forma; se nos achamos inteligentes, temos uma autoimagem desta forma; se nos achamos incompetentes, temos uma autoimagem correspondente e, assim, vamos gestando uma autoimagem afim com o que pensamos ou achamos que somos. Desta forma, nossa autoestima é extensão de nossa autoimagem, porém, ocorrendo também o inverso. Vemos então, que autoestima e autoimagem andam juntas, sendo uma extensão da outra e desta forma, ambas necessitam ser em unicidade para que realmente possamos construir uma verdadeira autoestima e autoimagem.
Um ponto muito importante que nos causa grandes transtornos e sofrimentos em relação a autoestima é a não aceitação de nós mesmos, chegando a processos de auto rejeição. Isto acontece mediante nossa forma de tratarmos a nós mesmos, pois muitas vezes somos pacientes, tolerantes e relevantes para com as dificuldades dos outros, porém nos manifestamos completamente ao contrário quando nos percebemos nesta situação. Se nós somos capazes de tolerarmos o outro, por que não manifestamos esta mesma tolerância para conosco? Se aceitamos os erros dos outros e chegamos a perdoá-los, por que não perdoamos a nós mesmos?
Algumas pessoas dizem que já se perdoaram de escolhas difíceis, porém, quando em contato consigo mesmas manifestam uma atitude de profunda rigidez, não aceitando que erraram; que fizeram uma má escolha; que não conseguiram o desempenho que esperavam e que não são o que imaginavam que fossem. A não aceitação de si mesmo leva ao não acolhimento, ao não perdão de si mesmo, consequentemente, a uma autoestima muito superficial e dual. PERDOAR NÃO É DIZER: “EU ME PERDOO!” Perdoar é aceitar a si mesmo em todos os momentos, mesmo que tenhamos cometido o maior erro de nossa vida, onde, a partir desta auto-aceitação, nos é possível chegar ao auto-acolhimento que é a verdadeira autoestima.
Assim, a verdadeira autoestima é construída passo a passo no dia-a-dia, não sendo, portanto, pronta nem perfeita. Acolher a si mesmo nos momentos de alegria é sempre mais fácil, porém, quando somos conscientes que devemos sempre nos acolher, sejam quais forem as situações que nos envolvam, construímos nossa verdadeira autoestima, pois o acolhimento nos traz para o amor, para o cuidar, para o nutrir, para o guardar.
Dicas para a construção diária da verdadeira autoestima
– Sustente todos os dias a prática da auto-aceitação para o reconhecimento de si mesmo.
– Ame-se como você é.
– Seja lúcido de suas limitações e as aceite como sendo partes de seu crescimento e amadurecimento interno.
– Construa uma existência fundamentada no reconhecimento de si mesmo e no ser verdadeiro consigo mesmo, com o outro e com o todo.
– Manifeste diariamente a verdadeira autoestima para que haja sua continuidade.
– Lembre-se de que a verdadeira autoestima começa na transformação interna de suas dificuldades consigo mesmo e que, portanto, somente você pode desenvolvê-la.
– A verdadeira autoestima necessita do trabalho interno de sua construção que deve ser continua, pois do contrário irá fragmentar-se e não terá força de ancoragem, onde sua tendência é desaparecer e abrir o espaço para o desamor consigo mesmo.
– A verdadeira autoestima é um trabalho de construção, não sendo, portanto, pronta e perfeita.