A constelação familiar é um método desenvolvido por Bert Hellinger que nos mostra como somos afetados emocionalmente pelas gerações anteriores e como podemos afetar as gerações seguintes através de nossos sentimentos, comportamentos e crenças.
De acordo com este método, existe uma consciência coletiva que rege todos os relacionamentos humanos e a família. Esta consciência tem como função zelar pelo grupo e ela ocorre através de leis, chamadas leis do amor.
Uma destas leis é a do pertencimento, que assegura à todos o direito a pertencer ao seu grupo e nenhum membro da família pode ser excluído do sistema a qual está integrado. E o que isto quer dizer? A exclusão é um comportamento que vai além do sentido de não querer mais ver uma pessoa, estar entristecido ou magoado com ela. A exclusão, ocorre, quando um membro não é honrado e respeitado pelos outros entes como parte integrante do grupo.
É possível observar que quando se exclui um ente do seio familiar, esta exclusão pode causar uma disfunção em todo o sistema familiar até que esta pessoa seja olhada novamente e inserida como um membro pertencente à ela. O sistema não admite exclusões, ou seja, quando um pai não permite que o filho vá até sua mãe, por exemplo, isto pode causar na criança diversos sintomas disfuncionais, pois a criança também pertence a mãe, independente da disputa entre os pais. Uma criança pertence metade à sua mãe e metade ao seu pai, ou seja, ela foi gerada e concebida pelos dois cônjuges, pai e mãe e possui em sua memória celular características de ambos. Os pais estão vinculados eternamente neste filho e após a concepção da criança não é possível romper este vínculo. O casal pode vir a se separar, mas no filho continuam unidos. Vale ressaltar que a criança é regida por essa consciência coletiva em sua alma e sente os efeitos da exclusão em seu interior.
Quando uma mãe, por exemplo, exclui o pai do convívio com a criança, inconscientemente o que ela faz é negar uma parte de seu filho. O filho, sente a negação da mãe e passa a se comportar como o pai, naquilo que é reprovado por ela.
Por exemplo, uma mãe exclui o pai do sistema familiar por ele ser uma pessoa que possui traços de dependência química e agressividade. A criança, através de uma lealdade invisível e inconsciente, irá honrar seu pai em seu coração repetindo o mesmo padrão de comportamento. Será um adolescente com comportamento disfuncional e com possibilidade de se tornar um dependente químico. Este é o preço a pagar pela exclusão. Muitas mães, por amor e zelo falam sobre os pais para a criança, como forma de alertar sobre o comportamento inadequado que eles tiveram mas esta forma de alertar muitas vezes causa um resultado oposto ao aquele esperado.
Os filhos, mesmo que não tenham conhecido seus pais, inconscientemente alimentam um amor profundo por eles, pois através deles e somente deles, foram presenteados com a vida e isto tem peso na alma. Quando um pai se roga ao direito de falar mal do cônjuge para o filho, ele transfere isso para a alma da criança. Por exemplo, uma mãe que passa a vida falando mal do pai para a filha, transfere para ela a seguinte mensagem – “Seu pai não era bom, um pedaço de você não é bom, não confie nos homens, eles não são bons”. O que isso pode causar a longo prazo na mente desta menina? O quanto ela estará liberada para os relacionamentos afetivos futuros? Tão logo não confiará nos homens, pois aprendeu desde cedo que são maus ou perigosos. Isto cria uma marca no inconsciente da menina que traz grandes consequências na vida adulta.
Alienadores, são, em grande parte, pessoas que foram alienadas na infância. Carregam memórias de dor devido a exclusão que sofreram de um dos genitores e repassam isso para as próximas gerações. Veja bem, alienadores são pessoas que precisam curar seus sistemas de origem, suas marcas sofridas na infância para que abandonem o comportamento de impedir a criança em seu direito de pertencer ao outro genitor. Julgar o alienador não permite, muitas vezes, a possibilidade de que este venha a se curar de suas próprias feridas. Terapia é fundamental para que o alienador reconheça que está repetindo um padrão familiar anterior e tomar consciência das consequências de seus atos. Através da tomada de consciência, é possível que o alienador abandone o comportamento de exclusão.
Crianças que sofrem alienação parental, sentem-se divididas, confusas e ficam enfraquecidas com a exclusão. Podem ser, que através deste fenômeno, comecem a sintomatizar doenças e comportamentos inadequados. A criança, através do sintoma, visa reunir aquilo que até então estava separado. Quando pais decidem se reconciliar em suas diferenças, o sintoma da criança muitas vezes desaparece, pois ele está a serviço desta reconciliação.
Em algumas situações, na disputa de guarda da criança, não é explicita a alienação, ela ocorre de forma velada, ou seja, interiormente é possível sentir que um dos cônjuges reprova e exclui o outro e isto também reflete na alma da criança. A mudança, em um nível profundo, deve ocorrer através da reavaliação das causas desta exclusão com o outro genitor. Vale lembrar, que o pai só tem o filho devido à mãe que o gerou e a mãe só tem o filho, devido ao pai que o gerou. Isto é suficientemente um bom argumento para abandonar a disputa e compreender que a criança pertence aos dois genitores. É uma forma de honrar o que ambos geraram juntos, independente das circunstâncias ou diferenças que os separaram como casal.
Quando a situação se torna realmente difícil, um terapeuta familiar poderá mediar os conflitos que geram tal exclusão. Antes de mais nada, é importante ressaltar que feridas da infância podem eclodir em desordens posteriores na vida adulta que geram dificuldades na criação de filhos. Quando os pais conseguem a cura destas feridas, as crianças e as próximas gerações podem se desemaranhar de tais conflitos e seguirem de forma mais saudável em suas vidas.