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Alisamentos com formol – A Perfeição que tira vidas

Os “alisamentos” com Formol são os preferidos entre alguns profissionais pela praticidade na execução do procedimento, como também por muitas clientes, devido a durabilidade do liso e brilho intenso dos fios. Mas toda essa facilidade e efeito perfeito têm um alto preço para a saúde.

Apesar de líquido, o Formol é um gás altamente tóxico, alergênico, corrosivo e impermeabilizante. Tem como função principal, ser um esterilizador, assim como os Parabenos e o Glutaral. Ele é liberado pela ANVISA numa quantidade mínima de 0,02% para conservar os produtos, evitando a proliferação de fungos e bactérias e mesmo nessa concentração, ele já oferece riscos à saúde se a exposição for constante, como sempre é no caso dos profissionais e clientes que fazem esses procedimentos repetidamente. 

Mas se é proibido por lei, por que existem produtos com Formol comercializados livremente? Geralmente funciona assim: as empresas mandam um lote para a ANVISA testar, esse lote é aprovado, e os outros são adulterados, recebendo uma quantidade maior de Formol. Em alguns casos, os lotes enviados são totalmente isentos do ativo conseguindo assim a aprovação e registros legalizados da ANVISA, feito isso, os lotes seguintes são adulterados e recebem o Formol muitas vezes em quantidades altíssimas.

O uso indevido do Formol é considerado crime hediondo pela legislação brasileira, de acordo com o art.273 do Código Penal e pode acarretar em até 15 anos de cadeia.

 

O Formol tem pH ácido, logo, quem afirma que ele é compatível com toda e qualquer química está no mínimo enganado. Ele tem as mesmas restrições de qualquer outro ativo químico, com o agravante de ser cancerígeno, mutagênico, altamente tóxico mesmo em níveis de concentração relativamente baixos e IMPERMEABILIZANTE. O que isso quer dizer? Nada entra, e nada sai dos fios. Ele desidrata o fio e o encapa. O que mantém a forma lisa é justamente essa impermeabilidade. Mesmo sendo lavados, shampoos, água, máscaras, etc., nada penetra nessa barreira criada pelo Formol, então o ativo da progressiva não é retirado, fazendo com que as progressivas durem mais tempo. Ótimo! Seria ótimo mesmo, se essa barreira não impedisse também, os fios de receberem tratamentos. Os fios dentro da vitrificação feita pelo Formol apodrecem e inevitavelmente terminam por se romper. Mas então, por que os cabelos ficam tão bonitos? Efeito maçã do amor.

Usar máscaras especiais durante os procedimentos evita os malefícios do Formol? Não. O simples ato de abrir a embalagem já inicia a contaminação, ele permanece ativo no ambiente por até 72 horas, ou seja, de nada serve usar máscaras apenas durante a execução do procedimento, pois o salão estará contaminado pela toxidade do Formol por 3 dias a cada vez que ele for utilizado.

Agora vamos falar tecnicamente:

FORMOL

O formaldeído é um dos mais comuns produtos químicos de uso atual. É o aldeído mais simples, de fórmula molecular H₂CO e nome oficial metanal. A solução aquosa de formaldeído é, em regra, diluída a 45%. É um gás produzido mundialmente, em grande escala, a partir do metanol. Em sua forma líquida (misturado à água e álcool) é chamado de formalina ou formol – solução aquosa: 37 a 50% de formaldeído e 6-15% de álcool, que tem função de estabilizante (IARC, 2004, OSHA, 2002).

O formol é permitido no mercado de cosméticos em concentração de até 0,2% como conservante e 5% como endurecedor de unhas, mas seu uso como alisante não é permitido devido à volatilização. Recentemente, emitiu se uma nova resolução proibindo seu uso com esse fim. 

 Consulte a legislação em vigor:

– Formaldeído como conservante: Resolução RDC nº 162, de 11 de setembro de 2001;

– Formaldeído como endurecedor de unhas: Resolução RDC nº 215, de 25 de julho de 2005;

– Formaldeído como alisante: Resolução RDC nº 36, de 17 de junho de 2009.

Para atingir o efeito alisante, o formaldeído deverá ser empregado em concentrações de 20 à 30%, o que é totalmente vetado.

O glutaraldeído é um dialdeído saturado, ligeiramente ácido em seu estado natural, que vem sendo utilizado como alisante desde a proibição do formol. É um líquido claro, encontrado em solução aquosa a 50%. Após ativação com bicarbonato de sódio para tornar a solução alcalina, o líquido torna- se verde. No Brasil, após diluição, é comercializado como esterilizante e desinfetante de uso hospitalar em concentrações a 2%. O glutaraldeído (glutaral) é um conservante relativamente comum em cosméticos, e pode ser usado em concentrações de até 0,2%. A mutagenicidade do glutaraldeído é extremamente similar àquela do formaldeído. A exposição por inalação ao glutaraldeído e ao formaldeído resulta em danos aos tecidos do trato respiratório superior. O glutaraldeído é de 6 a 8 vezes mais forte do que o formaldeído para produzir ligações cruzadas na proteína do DNA e cerca de 10 vezes mais intenso do que o formaldeído na produção de danos teciduais no interior do nariz após a inalação. A Internacional Agency for Research on Câncer (IARC) classifica a substância no grupo 2A, ou seja, como provável carcinógeno humano. Já a New Zealand Nurses Organization considera o glutaraldeído neurotóxico, levando à perda de memória e à dificuldade de concentração, além de cansaço e fadiga. 

Riscos dos formaldeídos

O risco do Formol e dos liberadores de aldeído, em sua aplicação indevida é proporcional a sua exposição, quanto maiores à concentração e a freqüência do uso, maiores os riscos e danos que ocorre pela inalação dos gases e pelo contato com a pele, sendo perigoso tanto para os profissionais que aplicam o produto, quanto para a clientela em geral. A inalação desses compostos causa irritação nos olhos, nariz, mucosas e trato respiratório superior. Em altas concentrações, pode causar bronquite, pneumonia ou laringite. Os sintomas mais freqüentes no caso de inalação são: 

  • Fortes dores de cabeça;
  • Tosse;
  • Falta de ar;
  • Vertigem;
  • Dificuldade para respirar;
  • Edema pulmonar.

O contato com o vapor ou com a solução pode deixar a pele esbranquiçada, áspera e causar forte sensação de anestesia e necrose na pele superficial. Longos períodos de exposição podem causar dermatite e hipersensibilidade, rachaduras na pele (ressecamento) e ulcerações (lesões) principalmente entre os dedos; podem ainda causar conjuntivite. O vapor de formaldeído irrita todas as partes do sistema respiratório superior e também afeta os olhos. A maioria dos indivíduos pode detectar o formol em concentrações tão baixas como 0,5 ppm (partículas por milhão) e, à medida que for aumentando a concentração até o atual limite de exposição máxima, a irritação é mais alarmante.

Foto: Daniel Iglesias/O TEMPO
Foto: Daniel Iglesias/O TEMPO

 A carcinogenicidade (avaliação do potencial cancerígeno) do Formol foi investigada por quatro instituições internacionais de pesquisa e o produto foi classificado pela:

 – Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) como carcinogênico para humanos (Grupo 1, julho 2004), tumorigênico (capaz de gerar um tumor) e teratogênico (anomalias e malformações ligadas a uma perturbação do desenvolvimento embrionário ou fetal.), por produzir efeitos na reprodução para humanos.

 – Agência de Proteção Ambiental (EPA) e a Associação de Saúde e Segurança Ocupacional (OSHA), dos Estados Unidos, consideram que o agente é suspeito de causar câncer para humanos.

 Os alisantes são produtos registrados como cosméticos de grau de risco 2 junto à ANVISA, ou seja, necessitam de registro para comercialização. Entretanto, uma prática clandestina e atualmente considerada proibida é a adição de Formol ou mesmo glutaraldeído a esses produtos, visando ampliar a capacidade alisante.

Para saber se um produto é registrado como cosmético grau 2, basta acessar o site da ANVISA, clicando no link a seguir: http://www7.anvisa.gov.br/Consulta/consulta_cosmetico.asp.

Por meio do nome comercial ou do número de registro que consta no rótulo, é possível saber se o produto é clandestino ou não. Esse número inicia com o algarismo 2, e tem 9 ou 13 algarismos.

O uso de Formol para alisamento capilar tornou-se freqüente, pois, além de mais barato, é um processo rápido e que deixa os fios com brilho intenso. Na verdade, o Formol é o formaldeído em solução a 37% a 50%, cuja venda em farmácias é proibida. A solução é empiricamente misturada à queratina líquida, que consiste em aminoácidos carregados positivamente e ao creme condicionador. O produto final é aplicado aos fios e espalhado com o auxílio de um pente. Em seguida, utilizam-se secador e prancha. O formaldeído se liga às proteínas da cutícula e aos aminoácidos hidrolizados da solução de queratina, formando um filme endurecedor ao longo do fio, impermeabilizando-o e mantendo-o rígido e liso. O efeito é o mesmo da calda da maçã do amor: por fora, lindo e brilhante, mas, por dentro, desidratado e quebradiço. O fio torna-se suscetível à quebras, em conseqüência dos traumas normais do dia a dia, como pentear e prender os cabelos. O problema maior é que o Formol é extremamente volátil e reativo, ele é liberado automaticamente cada vez que a embalagem do produto é aberta e, depois de aquecido, uma maior quantidade é inalada tanto por quem aplica como por quem se submete ao tratamento.

O uso do formaldeído tem como desvantagens:

  • Perde atividade com a presença de matéria orgânica;
  • Odor forte e irritante;
  • A formulação alcoólica corrói metais, danifica lentes, instrumentos ópticos, artigos plásticos e de borracha;
  • Deixa resíduos tóxicos em equipamentos;
  • Possui alta toxicidade. No ar sua concentração máxima permitida é de 1ppm (partículas por milhão) por 30 minutos, podendo, após esse limite provocar irritação de mucosas, dermatite, asma, bronquite e pneumonites;

Tipos de câncer associados à exposição do formaldeído:

  • Nasofaringe;
  • Leucemia;
  • Estômago;
  • Pulmonar;
  • Laringe;
  • Rins;
  • Fígado;
  • Pâncreas.

Agora que você já possui uma ampla gama de informações sobre o Formol, reflita:

Quanto vale a sua vida?

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Cláudia Silva

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