Comportamento humano em catástrofes

Comportamento humano em catástrofes revela respostas adaptativas e disfuncionais diante de eventos traumáticos, impactando a saúde mental e social.

Nada cria uma vulnerabilidade tão profunda quanto as pessoas que passaram por uma situação de catástrofe

Essa fragilidade vai além do físico; trata-se principalmente da vulnerabilidade psicológica, que muitas vezes abre espaço para padrões delinquentes emergirem.

A desorientação emocional e a urgência por apoio podem tornar indivíduos suscetíveis a manipulações e abusos por parte daqueles com inclinações criminosas.

A criminologia e a psicologia forense oferecem insights valiosos sobre o comportamento humano em situações de catástrofe.

O contexto de desastres cria uma dinâmica única, onde as emoções estão à flor da pele e as estruturas sociais são temporariamente suspensas.

Esse ambiente propício pode ser explorado por indivíduos com tendências criminosas, que se aproveitam da confusão e da vulnerabilidade das vítimas para perpetrar seus atos.

Criminosos estes que exploram a confiança e a necessidade desesperada por assistência.

A psicologia forense analisa os fatores psicológicos por trás desses comportamentos, destacando como a desregulação emocional pode levar tanto vítimas quanto infratores a agir de maneiras inesperadas e, por vezes, prejudiciais.

A compreensão desses padrões comportamentais é crucial não apenas para investigar crimes cometidos em contextos de desastre, mas também para implementar medidas preventivas.

Enquanto isso, a criminologia busca identificar os fatores de risco que aumentam a probabilidade de exploração durante crises, visando desenvolver estratégias eficazes de proteção e resposta.

Em suma, a abordagem forense do comportamento humano em situações de catástrofe é fundamental para mitigar os impactos negativos e promover a segurança e a resiliência das comunidades afetadas.

Ao compreender as dinâmicas psicológicas e criminais envolvidas, podemos trabalhar em direção a soluções mais eficazes e compassivas diante de crises devastadoras.

A psicologia forense revela que indivíduos com tendências criminosas muitas vezes experimentam uma satisfação intensa ao explorar a vulnerabilidade das vítimas durante uma catástrofe. Para esses criminosos, a oportunidade facilitada de cometer um delito pode ser emocionalmente gratificante, alimentando consequentemente, uma sensação de poder e controle sobre os outros.

Durante situações de crise, os criminosos podem se sentir estimulados pela sensação de impunidade e pela ideia de que as vítimas estão mais propensas a confiar em estranhos que se oferecem para ajudar. A falta de vigilância e a necessidade urgente de assistência podem ser percebidas como um convite para explorar e manipular as pessoas em momentos de fragilidade.

Para alguns criminosos, a catástrofe pode representar não apenas uma oportunidade de cometer um crime, mas também um meio de expressar impulsos violentos ou destrutivos que normalmente estão contidos.

Assim, a presença de caos e desordem pode desencadear comportamentos antissociais que buscam satisfazer necessidades emocionais ou de autoafirmação.

A psicologia forense também destaca a importância de fatores individuais, como traços de personalidade e histórico de comportamento delitivo, na propensão de um indivíduo em cometer crimes durante uma catástrofe. Além disso, a falta de empatia e a capacidade de manipulação são características frequentemente associadas a criminosos que exploram vulnerabilidades em momentos de crise.

Criminosos que se aproveitam de catástrofes são motivados por uma combinação complexa de fatores psicológicos e situacionais. Compreender esses aspectos é fundamental para desenvolver estratégias de prevenção e intervenção mais eficazes no contexto de desastres e crises.

Durante a atividade criminosa, especialmente em contextos de vulnerabilidade das vítimas em situações de catástrofe, várias regiões do cérebro podem estar envolvidas, especialmente aquelas relacionadas à gratificação e ao controle emocional.

Ativação do Sistema de Recompensa: Em situações onde criminosos encontram uma facilidade maior para agir devido à vulnerabilidade das vítimas, há uma ativação do sistema de recompensa no cérebro.

Essa ativação envolve principalmente a região do cérebro conhecida como o núcleo accumbens (NAC), que é associada à sensação de prazer e satisfação.

Influência do Id, Ego e Superego:

De acordo com a teoria psicanalítica de Freud, o id representa os impulsos e desejos primários, o ego é responsável pela mediação entre o id e a realidade, e o superego busca impor padrões morais e sociais.

Em situações de crise, o id pode estar exacerbado, levando a uma predominância dos impulsos básicos de satisfação imediata sem considerar as consequências morais ou legais.

A decisão de agir criminosamente pode envolver uma combinação complexa de processos cognitivos e emocionais. A ativação do núcleo accumbens (NAC), está relacionada a uma resposta emocional intensa diante da percepção de oportunidade ou facilidade para cometer um crime.

Essa reação emocional pode preceder a racionalização ou justificação cognitiva do comportamento delitivo.

Em suma, a interação entre processos neurais (como a ativação do sistema de recompensa) e processos psicológicos (como os impulsos do id e a tomada de decisão do ego) pode explicar, em parte, por que alguns indivíduos sentem satisfação ao explorar a vulnerabilidade durante catástrofes.

Quando menciono que alguém pode agir de forma criminosa devido ao “id exacerbado”, estou enfatizando a predominância dos impulsos irracionais sobre o controle racional. No entanto, é importante ressaltar que mesmo sob a influência do “id”, os indivíduos são responsáveis por suas ações.

Como perita forense, reconheço que a responsabilidade legal e moral não é negada pela presença do “id”. Ao contrário, indivíduos com tendências criminosas podem ser extremamente impulsivos devido a um “id” mais dominante, mas isso não os isenta da capacidade de tomar decisões ou serem responsáveis por suas escolhas.

Portanto, o comportamento criminoso motivado por impulsos do “id” não significa ausência de responsabilidade. O desafio reside em entender os fatores que influenciam esses impulsos e desenvolver estratégias eficazes para prevenir e tratar comportamentos criminosos, mesmo quando há uma forte influência dos impulsos mais primitivos da mente.

Vivemos em uma era onde a busca por conhecimento muitas vezes é substituída por um culto à superficialidade e à popularidade superficial

Nossa sociedade tende a valorizar informações de quem possui um grande número de seguidores ou de figuras midiáticas, mesmo que nem sempre essas informações sejam úteis ou precisas.

Ao mesmo tempo, conhecimentos consistentes e embasados, provenientes de especialistas e profissionais com real expertise, muitas vezes são desconsiderados ou ignorados.

Essa dinâmica pode contribuir para o cometimento de delitos, pois cria um ambiente propício para a disseminação de desinformação e manipulação.

Criminosos podem se aproveitar dessa superficialidade e falta de discernimento para enganar e explorar pessoas desprevenidas.

Além disso, a constante distração proporcionada pelas redes sociais e pela cultura do entretenimento instantâneo pode desviar a atenção de questões importantes e fundamentais, incluindo a prevenção da criminalidade e a promoção de uma sociedade mais consciente e informada.

É preocupante notar que vivemos em uma sociedade onde a popularidade e o número de seguidores muitas vezes são considerados mais importantes do que a competência e o conhecimento especializado.

Um exemplo alarmante é a situação do Brasil, onde uma das maiores autoridades reconhecidas no quesito do conhecimento da mente criminosa é uma psiquiatra clínica sem formação ou expertise forense.

Essa realidade reflete uma tendência preocupante de valorizar a imagem e a visibilidade em detrimento da qualificação e da ética profissional.

O fato de uma profissional não qualificada estar ensinando temas complexos e sensíveis como a mente criminosa de forma irresponsável é uma manifestação clara dos perigos associados à superficialidade e à falta de critérios na busca por informação.

Em situações de caos, como em desastres naturais ou crises humanitárias, a estrutura social e as normas sociais podem ser temporariamente suspensas. Isso pode levar a um estado de anomia, onde as pessoas se sentem livres das restrições sociais usuais, aumentando a propensão a comportamentos desviantes e criminosos

Indivíduos submetidos a situações de caos extremo podem experimentar sentimentos intensos de desespero e desamparo. Essas emoções negativas podem levar a uma ruptura nos mecanismos de controle emocional e ético, facilitando a adoção de comportamentos agressivos ou destrutivos como uma forma de lidar com a situação.

Em contextos de crise, como falta de alimentos, água ou abrigo, pode surgir uma competição desesperada por recursos básicos. Essa competição pode gerar conflitos e comportamentos criminosos, à medida que as pessoas lutam para garantir sua sobrevivência ou a sobrevivência de seus entes queridos.

A presença de líderes carismáticos ou grupos organizados durante situações caóticas pode influenciar indivíduos a participarem de comportamentos criminosos. A dinâmica de grupo e a pressão social podem levar à conformidade com normas desviantes, resultando em ações violentas ou ilegais.

Indivíduos que já possuem um histórico de traumas psicológicos ou de comportamento criminoso podem ser mais propensos a agir de maneira hedionda durante crises. O impacto acumulado de experiências negativas pode comprometer a saúde mental e a capacidade de tomada de decisão ética em momentos de caos.

Já em relação às vítimas, elas podem experimentar níveis extremos de ansiedade.

Essa ansiedade intensa pode desencadear diferentes formas de compulsão, que são respostas emocionais descontroladas para lidar com o estresse e a angústia.

Alguns exemplos de comportamentos compulsivos que podem surgir em vítimas de catástrofes incluem compulsão alimentar, compulsão por compras e compulsão por limpeza ou organização, os quais representam respostas mal adaptativas à ansiedade exacerbada decorrente do trauma.

Quando as vítimas buscam ajuda, é essencial abordar não apenas os sintomas de compulsão, mas também a ansiedade subjacente que está impulsionando esses comportamentos.

A ansiedade é tratada como um sintoma central, pois toda compulsão está ligada a níveis elevados de ansiedade

Além disso, as vítimas podem desenvolver outros transtornos psicológicos, como a síndrome do pânico e o estresse pós-traumático (PTSD, do inglês Post-Traumatic Stress Disorder).

O estresse pós-traumático é uma condição complexa que pode se manifestar com os seguintes sintomas: Flashbacks vívidos ou intrusivos do evento traumático, pesadelos recorrentes relacionados ao trauma.

A vitima passa ainda a evitar  lugares, pessoas ou situações que lembrem o trauma.

Hipervigilância constante, irritabilidade e dificuldade para dormir.

O estresse pós-traumático pode ser especialmente desafiador devido à intensidade dos sintomas e à complexidade das respostas emocionais da vítima.

O acompanhamento dessas vítimas na Psicologia clínica geralmente envolve terapias específicas para traumas, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), e abordagens que visam reduzir a ansiedade subjacente e promover a recuperação psicológica.

É fundamental oferecer apoio especializado e compreensivo às vítimas de catástrofes que enfrentam diversos desafios psicológicos complexos.

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