kaballah

Dilemas de uma vida Inquieta – A busca pela essência

Quando falamos de essência não reduzimos apenas a um sentido individual. Dilemas de uma vida, são representações constantes da natureza humana, daqueles que de fato precisam de um sentido.

Sempre fui uma alma inquieta. Desde pequenina as tragédias da vida cotidiana me impressionaram e impulsionaram a procurar respostas para esses dilemas.

Por inúmeras vezes me vi perder noites de sono, deitada no telhado sob as estrelas, questionando “quem criara D’us?”; “de onde o mal surgiu?”; “existem vidas em outros planetas?”

Como tantos outros antes de mim, tudo parecia fazer parte da existência, de um processo de desenvolvimento cognitivo natural, até que essa busca pelo inalcançável se tornasse meu sentido de vida.

Custou-me longos anos esse processo. Confirme-o as poucas pessoas que conseguiram acompanhar-me em minha busca existencial.

Aos quatro anos resolvi me alfabetizar. Ainda que filha de professora, decidi ser autodidata. Escolhi certo dia, uma biblioteca particular de um tio escritor, um livro que me chamava atenção.

Letras douradas, escrita arcaica, praticamente impossível de ler, (mas como eu não lia nada ainda…). Era esse que eu almejava desbravar em minha primeira aventura literária: a Kaballah.

Foi bastante interessante a cena: eu tentando abrir o livro e inventar meu repertório literário, quando o tio, dono do livro, me tomou-o das mãos esbravejando: “Não é assim que abre esse livro, e também não pode lê-lo!”

Confesso que fiquei mais meândrica com o “não pode lê-lo” do que “não é assim que se abre”. Trinta anos depois, já estudante da língua hebraico e da Kaballah por alguns anos, compreendi todo o processo de inversão descrito pelo tio escritor.

Não é difícil entender o porquê da inspiração.

A busca pelo Eterno, me levou ainda a muitos confrontos, negações, mas me trouxe a grande revelação que mudou minha vida: “O Reino de D’us está dentro de nós!”.

Essa descoberta, meu elo perdido da alma, parecia ser a única resposta convincente para tantas questões, mas ainda assim eu ingressaria em uma jornada mais que teológica: a jornada da vida.

Deixe-me contar algo que não poderá ficar sem ser revelado. Sendo eu um resultado frustrante de várias tentativas de aborto, com doença cardiovascular grave, deficiência auditiva severa, e rins fracos, não restava muito interesses em brincadeiras ou programas infantis.

Desde cedo, compreendera a vida como um presente, e desejava muito agradecer quem me presenteou. Meus pais não sabiam o endereço do remetente. Tive que buscá-lo sozinha.

Nas letras, nos delírios literários, encontrei a razão. Nas vozes, ainda que caladas, o sentido. Desde então, resolvi me aventurar pelas culturas afins.

Desafiei-me ainda a encontrar outros pares iguais, e assim minha aventura se deu entre os marginais, indígenas, refugiados de guerras, doentes e todos que se sentissem oprimidos. Descobri que minha cura os curaria. Resolvi compartilhar o remédio.

Com a maior e melhor receita, eu dediquei dezoito anos a sorrir. A abraçar, a me quebrantar e a perceber que não existem fármacos mais preciosos que esses.

Minha alma inquieta encontrou a paz quando decidiu pela paz e distribuiu a paz. Em meio às guerras da indiferença, das rejeições, da violência, do descaso, eu encontrei o sentido. Dei o sentido, e aqui estou.

O poeta Salomão já citava, nas eras que se perdem: “O coração alegre aformoseia o rosto”. Mesmo um sorriso banguelo. Dentes são detalhes. Detalhes atrapalham abstrair o todo.

Descobri que as pequenas coisas desta existência se tornaram cruciais para a minha sobrevivência.

Compreendi que a essência do ser se dá quando abrimos os olhos do coração, e com altruísmo construímos teias de amor; amor incondicionado, que não tem preço, nem mede interesses.

É esse amor que me faz pegar a pena e dizer: você não está sozinho!

Mas então descobri vidas em outros planetas? Ainda não!

Enquanto não me reste esta alternativa, descobri que aqui, neste imenso globo, muitos estão nessa condição existencial de estrangeiros: sem pátria, sem família, sem direitos sociais e econômicos, sem sentidos.

A estes que eu estendo a mão, dou-lhe meu abraço, meu afago e meu sorriso; e insisto: o Reino que D’us é real, e ele se manifesta em nosso meio.

Seja Ele corpóreo ou etéreo, quem O manifesta é a razão emaranhada, que desata através do amor. Esse é o sentido! Meu sentido! E o seu?

Amar nosso próximo como a nós mesmo, apregoados pelos antigos mestres iluminados e repetido por Cristo, trouxe ao homem a possibilidade de um reino não material, mas eterno.

Um reino que é despertado a partir de nossos dilemas e conflitos, que atravessados pela busca desse despertamento para a verdadeira essência, que é a vida, nos elevam para dimensões e possibilidades infinitas.

Ascender é preciso, ainda que nossos dilemas nos impeçam, romper com a acomodação e abrir asas à sabedoria, é um grande passo a essa conquista.

Com Carinho, da amiga, Chris Viana.

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