Ela é mulher e seus olhos são vendados. Carrega em suas mãos a balança e a espada, sendo que uma complementa a outra. A espada, sem a balança, nada mais é do que a força bruta.
Se os olhos da Justiça não fossem cegos, é provável – e humano – que ela sempre tomasse partido de algo.
Não é segredo que o Brasil foi gravemente diagnosticado com transtorno bipolar e a noção de justiça e tudo o que ela representa foi deturpada. Em junho de 2013, o “gigante acordou” e, tal como o King Kong, segurou em sua mão a mulher dos olhos vendados e escalou o topo do congresso. E a verdade é que ele perdeu o equilíbrio e continua caindo.
Explica-se: não há nada de errado em tomar partido e defender esta ou aquela bandeira. O que não dá é para montar torcida organizada e julgar que os partidos de direita são isto, os partidos de esquerda são aquilo e ou você é coxinha ou mortadela (parece que os mais liberais chegaram ao consenso de que somos todos pamonhas). Na “República de Curitiba”, por exemplo, acabaram de eleger o Pinguim como prefeito. Seu oponente era o Duas Caras. Nesse cenário promissor, como definir quem é o mocinho? A única certeza é que é exatamente esse tipo de circo que certas figuras da política adoram ver armado. Enquanto nos entretemos com os clowns mais popularescos, as quadrilhas políticas tentam enfraquecer o judiciário.
Há poucos dias, Renan Calheiros tentou aprovar um requerimento de urgência que nada mais era do que o tal ‘pacote anticorrupção’ com alterações bem curiosas, como a proposta de punir juízes e integrantes do Ministério Público por abuso de autoridade. Como nem tudo está perdido, 44 senadores votaram contra a urgência e 14 a favor. Medinho da Lava Jato? Qual o interesse em enfraquecer a maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro que o Brasil já teve?
A corrupção não tem bandeira. A corrupção é um das tragédias inerentes à raça humana e os políticos não são uma “entidade a parte”. A corrupção se manifesta nas empresas; nas muletas falsas; na ajuda pra “comprar remédio pra dor de dente”; no troco errado; na falsa Black Friday e em outros inúmeros e péssimos exemplos daqueles que buscam levar vantagem em tudo.
A corrupção (pasmem!) também não tem sexo. Ainda assim, como as mulheres são xingadas por causa dela! Afinal, “político é tudo filho da…”. Enfim. Tem tupiniquim a balde pra invocar Winston Churchill e referir que “a democracia é a pior de todas as formas de governo, excetuando-se as demais”. Fiquemos então com as palavras mais atuais da presidente do STF, que disse enxergar a política como indispensável para manter a ordem democrática.
Este editorial até pode ser pretensiosamente apolítico, mas tem público-alvo. Ele é dedicado às mulheres empreendedoras e o nosso desejo de que o futuro deste país esteja livre do jeitinho brasileiro – em todos os âmbitos da sociedade. Que o futuro tenha vocês como exemplo.
O poder e o dinheiro sempre serão um teste, como se fossemos colocados na balança da Justiça e ela nos observasse através da venda.
E quando a ética pesa, você só tem duas medidas: ou mostra do que é feito, ou esperneia feito um garotinho.
A Empreendedora
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