Os termos “Empreender” e “Empreendedorismo” surgiram nos Séculos XVII e XVIII na França e identificava indivíduos ousados e audaciosos que estimulavam o progresso econômico através de suas atitudes pioneiras.
Empreendedorismo feminino, bem mais que agentes do desenvolvimento, as mulheres se tornaram ao longo da história, influenciadoras de mercado.
Porém foi somente no ano de 1950, que o empreendedor ganhou definição pelas palavras do economista e cientista político Austríaco Joseph Schumpeter, que o identificou como alguém que possui habilidades técnicas e capitalistas com a capacidade de organizar operações internas.
Recria, aperfeiçoa e até mesmo revoluciona o processo de produção conhecido por “criativo-destrutivo” do capitalismo, através do desenvolvimento de novas tecnologias ou ainda através de antigas tecnologias que culminem em inovações.
São esses, portanto, os agentes do desenvolvimento econômico.
Ao longo da história da humanidade homens e mulheres desempenham papéis nitidamente distintos.
Por estar sempre a figura feminina associada à fragilidade, foi durante muito tempo entendida como dependentes dos homens.
Esse padrão fez com que as mulheres estivessem sempre subordinadas à figura masculina tanto antes como depois do matrimônio.
Com o passar dos anos e o desenvolvimento de novas tecnologias que diminuíram o esforço braçal, houve a necessidade de trabalho intelectual, criaram-se assim novas oportunidades para a inserção feminina nos mais diferentes ramos de atividade.
O empreendedorismo é um desses ramos, que traz não só o retorno econômico e com isso a independência financeira, mas principalmente a satisfação pessoal, elevação da autoestima e claro, a redução do preconceito histórico que sempre rebaixou a figura feminina como um todo.
Um dos episódios importantes que marcou o início e com isso a permanência feminina no mercado de trabalho foram a 1ª e a 2ª Guerra Mundial ocorridas entre os anos de 1914-1918 e 1939-1945.
O elevado número de homens que se ausentaram nesse período, tanto por mortes como em função dos próprios combates tornou inevitável a contratação de mulheres para desempenhar funções até então exclusivamente masculinas.
Ao ganharem mais espaço, as mulheres passaram a se unir em defesa dos seus direitos e principalmente pela luta constante de igualdade entre os sexos.
Foi justamente no Século XVIII que os movimentos femininos não só cresceram como se fortaleceram graças ao Iluminismo e à Revolução Francesa.
Nascia assim, portanto o protagonismo feminino através de garantias jurídicas pela Constituição Federal de 1988 que atribuiu às mulheres a mesma capacidade dirigida até aquele momento, somente aos homens, possibilitando a partir de então, a conquista do espaço feminino no empreendedorismo.
Segundo dados recém-divulgados pelo GEM (Global Entrepreneurship Monitor) o número das mulheres empreendedoras, principalmente no Brasil vêm se aproximando cada vez mais ao número dos homens empreendedores.
Só no ano passado 163 milhões de mulheres iniciaram uma atividade econômica.
Foram pesquisados 63 países, entre eles o Brasil, e constatou-se que entre 2015 e 2017 o número de mulheres que iniciaram uma atividade econômica aumentou 10% e por outro lado, nesse mesmo período, diminuiu o percentual entre homens e mulheres para apenas 5% na média mundial.
Já no Brasil, essa marca é ainda maior, pois em conjunto com Indonésia, Filipinas, Vietnã e México, o número de mulheres empreendedoras é igual ou maior que os homens.
O relatório ainda aponta que quanto maior o grau de escolaridade e a renda familiar, menor a participação das mulheres no empreendedorismo.
Entretanto, quanto maior o grau de escolaridade e renda familiar, menor o número de mortandade de negócios dirigidos por elas.
Já em economias menos desenvolvidas o número de mulheres que empreendem são 20% maior que dos homens e o percentual de mulheres que tem iniciado negócios inovadores é 5% mais que os homens.
No Brasil o perfil diz que 40% delas são mulheres com menos de 34 anos que estão concentradas principalmente em quatro áreas de atuação: restaurantes (16%), serviços domésticos (16%), cabeleireiros (13%) e comércio de cosméticos (9%).
A maior parte empreende dentro de casa (35%) e apenas 6% possuem graduação completa.
As brasileiras têm 5 vezes mais participação que os homens em negócios de educação, saúde e bem-estar social.
Observamos ainda uma mudança significativa no comportamento financeiro das mulheres, que conseguiu se libertar do aprisionamento de instituições privadas que as desestimulavam a assumir o mundo das finanças.
Logo, as rendas obtidas pelas mulheres têm ganhado cada vez mais sua importância chave no orçamento familiar, isso porque a cada 10 lares brasileiros, 4 são chefiados por mulheres segundo dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios). Dessas, 41% desenvolve sua própria atividade econômica e ocupam 43,2% o cargo de gerência em micro e pequenas empresas.
Um estudo recente revela que, a participação feminina até 2020 chegará á um percentual de 49% no número de mulheres à frente de empreendimentos, 42 % ocuparão a posição de empregadoras e 47% mulheres que trabalharão por conta própria.
Ainda que a participação feminina no mercado de trabalho esteja cada vez mais em evidência em diferentes segmentos e níveis hierárquicos, mister se faz observar que a ascensão tanto para cargos de liderança, quanto assumindo a posição de donas da própria atividade econômica, continua sendo uma tarefa árdua.
Isso se deve a uma série de questões como por exemplo o famoso fenômeno da “dupla jornada”, que obriga as mulheres a dividirem seu tempo entre família, tarefas domésticas e trabalho, dificultando muito a dedicação à sua própria atividade.
Isso explica o fato do conservadorismo feminino aliado ao sentimento de insegurança, bem diferente dos homens na hora de se lançarem ao empreendedorismo.
O número elevado de responsabilidades assumidas socialmente pelo público feminino, cria uma postura mais rigorosa em relação ao desejo de empreender, enquanto estimula a se aperfeiçoar intelectualmente para aprender a gerir sua organização e se destacar neste processo.
No entanto ainda se deparam com o preconceito e as ressalvas que são obrigadas a enfrentar quanto ao modo de gerir ou gerar sua própria atividade econômica.
Alguns estudos identificam que as mulheres costumam desenvolver poucas atividades empresariais em países onde o setor estatal é maior e o Estado de Direito é mais fraco.
Embora com todo o seu preparo e estudo que identificam sua competência, ainda em pleno século XXI as mulheres têm sofrido com situações onde sua capacidade e inteligência são postas á prova, ainda que de maneira discreta.
Há também os que defendem os antigos “ papéis sociais”, que se incomodam com o destaque feminino e que se esforçam diariamente para desestimulá-las na criação e na gestão de sua própria organização.
Seja enfrentando dificuldades em decorrência ao acúmulo de tarefas cotidianas, ou enfrentando descabidas provocações preconceituosas, as mulheres mostram, cada vez mais, que não existem motivos reais para serem subjugadas.
E ensinam que o universo empreendedor tende a ser mais humano quando livre de posicionamentos que restringem e dificultam o aprimoramento racional de desenvolvimento igualitário.