Ensinar é criar

Ensinar é criar condições para alguém aprender

Série: Para aprender – A resposta não vem pronta, ou pelo menos não deveria

Ensinar é criar condições para alguém aprender. O aprendizado ocorre na experimentação, nas várias tentativas e erros. Ocorre muitas vezes na subversão da lógica, no pensar diferente, compartilhando não as respostas, mas os questionamentos.

É dessa forma que o conteúdo a qual você foi exposto, vai (ou não) ser oportuno para você. Sabe aquela frase de mãe: “Mas esse menino(a) não aprende mesmo”. Sem o interesse e a aplicação do conteúdo, não podemos afirmar que houve mudança ou o tal saber fazer.

Aprender também acontece nos momentos de desconexão entre o que eu esperava e o que é real e diante dessa incerteza, entendemos que a resposta não está pronta, ou pelo menos não deveria.

Respostas prontas, gurus do conhecimento e 7 passos para ser um grande lifelong learner sempre foram as fórmulas mágicas para ter aquela sensação de que já sabemos tudo sobre algum assunto.

Sem esforço mental, sem prática e sem a própria vivência, engolimos conteúdo como se bebêssemos um copo de água gelada no deserto, nos alimentamos de fórmulas prontas, sem ao menos sabermos se é algo aplicável.

Em 2016, uma publicação bem humorada chamada Science Post(1) fez um post com o seguinte texto: “Estudo: 70% dos usuários do Facebook leem apenas a manchete das notícias de ciência antes de comentar

Ao clicar no link, o leitor perceberia que estava participando de um teste, pois o texto era totalmente desconexo, sem sentido e só provaria que o título da matéria estava correto, mais de 46 mil pessoas compartilharam a matéria sem ao menos entender a ironia.

E isso é mais comum do que imaginamos, desde a infância até as universidades corporativas, fomos ensinados que aprender é colocar conteúdo para dentro, que aprender é estudar, confundimos aprendizado com aquisição de conteúdo.

Com isso, temos a ideia que ensinar é transmitir conteúdo e aprender é se alimentar desse conteúdo, seja uma pequena parte dele ou consumindo o máximo de informações que eu posso.

Muitos de nós acabam não desenvolvendo um bom relacionamento com os estudos. Sabemos que aprender é importante, mas consideramos chato. Para que aprender se torne algo agradável e prazeroso precisamos ressignifica-lo em nossas vidas.

O objetivo geral do conteúdo é gerar aprendizado, mas para que isso ocorra, o aprendiz, no caso, qualquer um de nós, podemos transformar este conteúdo em algo que nos coloque mais ativo diante desse processo.

Irão existir diversas definições sobre o que é aprender, mas existem dois grandes aspectos em comum em todas elas, que o aprendizado gera mudança e que ele ocorre quando vivemos uma experiência.

Sem a nossa ação, aplicação e vivência, o conteúdo é só mais uma informação, mas quando agimos, aplicamos e tiramos lições dessa aplicação, conectamos tudo o que há de mais concreto quando falamos de aprender.

Conecte essa informação anterior com o ato de saber fazer, ela está totalmente ligada a uma ação autônoma, é algo que parte de mim, do meu agir, do meu aplicar, da minha vivência e da minha forma de fazer.

Quando entramos neste ciclo do: receber conteúdo, degusta-lo, aplica-lo e gerar mudança, entendemos que o ser passivo fica para traz e abrimos espaço para ressignificar o aprendizado nas nossas vidas.

Podemos aplicar esse ciclo em todo momento, seja lendo um livro e conectando com seu dia a dia, seja realizando um curso e posteriormente criando meios de colocar as ações em prática, fugindo do que sempre foi comum: colocar apenas o conhecimento para dentro.

Ensinar é criar

Ensinar é criar condições para alguém aprender
Ensinar é criar condições para alguém aprender

Podemos repensar as ações de Educação Corporativa

Pare e pense, dentro da sua organização vocês tratam adultos como adultos? Essa pergunta está ligada ao fato que nossas ações educacionais estão focadas em métodos pedagógicos conteudistas e não na forma como os adultos aprendem.

Não quero ser mais um guru do conhecimento e te mostrar os passos para a aplicação de metodologias de educação de adultos, mas quero levantar apenas algumas provocações para você refletir na prática.

  • O que significa aprender dentro da sua organização? Como as pessoas aprendem?

Talvez aqui você responda que aprender é treinamento, ou aprender é sair fazendo na prática, porque ninguém está disposto a transmitir conhecimento, o chamado “se vira nos trinta”, ou que aprender é fazer o máximo de cursos possíveis na plataforma LMS da empresa.

Refletir sobre essa pergunta é perceber quais os caminhos que estão favorecendo o real aprendizado ou estão impedindo que ele aconteça.

  • As pessoas tem espaços e tempo para colocar o aprendizado em prática?

Essa resposta dirá muito sobre como a empresa trata o aprendizado no dia a dia, se isso é uma pauta importante para ela.

  • Separamos o momento de aprender com as atividades normais do dia a dia do trabalho?

Aqui é um ponto que talvez você ainda não tenha parado para refletir, mas, não há mais como separar o momento de trabalho com o momento de aprender, estamos continuamente aprendendo, seja com um cliente, com um parceiro de trabalho ou com meu líder, o que precisamos é tornar esses momentos pontos de luz e compartilharmos essas experiências vividas por cada um, inúmeras vezes ao dia.

Tornando o aprendizado não mais uma matéria, um conteúdo, mas um estilo de vida da organização.

Ensinar é criar condições para as pessoas aprenderem. Crie espaços de vivência e experimentação dentro da sua empresa ou para sua vida como aprendiz e saiba que conseguirá extrair muito mais do que conteúdo, você verá mudanças reais.

Referências: 

Entre em contato para mais informações pelo Instagram: @talitacpaulino

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