Os relacionamentos afetivos, de forma geral, são regidos por princípios que são denominados leis do amor. Bert Hellinger, o terapeuta alemão que desenvolveu a metodologia das Constelações Familiares percebeu que nossos relacionamentos vinculam-se através de trocas entre o dar o tomar. Quando damos algo para uma pessoa isto gera uma tensão dentro da relação. O parceiro sente na alma a pressão por ter recebido algo e desta maneira ele retribui dando alguma coisa um pouco maior que também gera tensão no outro. Desta forma, os parceiros são conduzidos e estimulados a trocarem sentimentos e atitudes que os vinculam como casal.
É importante mencionar que para a alma o vínculo é fortalecido através deste intercâmbio entre o dar e o tomar. É como uma compensação. Porém, é comum nos depararmos com relacionamentos que não encontram-se neste processo de equilíbrio entre o dar e o tomar o que leva a um enfraquecimento da vinculação entre o casal e possível afastamento.
Em muitos relacionamentos é observado que um parceiro dá muito ao outro e se recusa a receber. Talvez não perceba que tal atitude esconde certa superioridade. Pessoas que dão muito devem aprender a receber também. Receber é um gesto de humildade que comunica ao outro que ele é necessário, que aquilo que ele dá é benéfico e valorizado.
Algumas mulheres possuem o desejo de fazerem tudo por seus parceiros e muitas vezes se recusam a receber aquilo que eles se propõem a dar à elas. Estas pessoas já possuem um script que só desejam receber aquilo que está de acordo com suas próprias expectativas e qualquer atitude do parceiro que seja diferente do seu script interno não é aceito, não é acolhido.
Desta forma, o parceiro que muito recebeu entra num processo de infantilização pois recebe muito e não compensa na mesma medida o que faz com que ele se torne quase como um filho para a parceira. As cobranças neste tipo de relacionamento se tornam evidentes: a mulher deseja receber o que está de acordo com a sua própria expectativa e o parceiro cada vez menos se vê disponível a dar algo para a mulher. O afastamento começa a surgir e não é raro observar que o parceiro que muito recebeu busca o afastamento desta relação por perder o interesse na parceira ou ainda ele envolve-se num relacionamento extra conjugal com o objetivo de buscar um alívio, uma troca com maior equilíbrio. Em contrapartida, ele pode desmerecer e agir com ingratidão com a pessoa que deu em excesso, tentando inconscientemente inferiorizar quem deu demais para que ela saia da sua posição de superioridade e seja possível uma troca de igual para igual.
Este desequilíbrio também pode ser observado em homens que dão demais e mulheres que recebem e não dão e ainda em casais homoafetivos. Na verdade, as leis do amor coordenam todos os relacionamentos humanos, independente da cultura, credo ou gênero pois estão em ressonância a uma consciência global, uma alma coletiva.
O equilíbrio entre o dar e o tomar é uma compensação que pode ocorrer tanto através de atitudes positivas como negativas. Alguns casais brigam insistentemente e se agridem como uma forma de compensação. Quanto mais agridem um ao outro mais se vinculam e se apegam, não conseguindo sair do ciclo tóxico que estão inseridos.
Quase que de forma unânime, as relações chegam ao fim quando esta troca cessa. Um ou ambos os parceiros se recusam a dar algo ao outro, o que gera o enfraquecimento do vínculo e risco ao amor que os une. Relacionamento afetivo sem troca gera um vazio que os parceiros não conseguem suportar.
A solução, nestes casos, é que o casal aprenda a dar e a tomar de forma equilibrada e consciente. Aquele que muito recebe precisa aprender a dar. Aquele que muito dá precisa ter humildade, sair da sua posição de superioridade e aprender a tomar do parceiro. Terapia de casal tem como objetivo verificar tais desequilíbrios e através de técnicas e exercícios harmonizar estas disfunções que colocam o relacionamento em risco.