Eu trato as pessoas como gostaria de ser tratado: Verdade ou mito?

“Se desejarmos fazer mudanças significativas precisamos trabalhar nas percepções que determinam nossa conduta, passar a ver as coisas de modo diferente, pensar e agir de um jeito diferente…Ter flexibilidade e sempre levarmos em conta pontos de vista diferentes dos nossos”.

(autor desconhecido)

Você já deve ter escutado e talvez até falado: “Eu trato as pessoas como gostaria de ser tratado”, como se esta fosse uma afirmação que demonstrasse o cuidado e a assertividade nas relações com o outro.

Se você concorda com isto, convido você a refletir sobre algumas questões, tais como quebrar este paradigma, que indica que você tende a atuar a partir das suas referências e não das referências do outro, comprometendo desta forma o resultado final.

Como você sabe as nossas percepções nada mais são do que a maneira como vemos, entendemos e sentimos o mundo e as pessoas. Elas são formadas a partir das nossas experiências individuais e das influências marcantes em nossas vidas, como por exemplo: a cidade onde nascemos, nossa família, a escola que frequentamos, religião, ambiente de trabalho, amigos, entre outros aspectos.

Se pensarmos a partir destas referências entendemos que pessoas diferentes interpretam de forma diferente o mesmo fato, pois tendemos a perceber só aquilo que tem importância para nós, bem como, podemos afirmar que as nossas atitudes e comportamentos resultam de nossos paradigmas, ou seja, os padrões ou modelos são referenciais que temos e que influem no modo como agimos, pensamos, tomamos decisões e percebemos o mundo.

Desta forma, se faz necessário primeiro entender como funciona a nossa percepção e de que esta é a base para que possamos compreender melhor a nós mesmos e aos outros.

Assim sendo, podemos concluir que perceber o outro, tal como ele é, exige de nós: disposição para ouvir, mente aberta, desejo de compreender e nos colocarmos no lugar do outro de forma construtiva.

Um outro aspecto que deve ser considerado além da percepção é o que chamamos de sistemas sensoriais ou sistemas de representação, descobrindo como são utilizados e como estão combinados.

Os sistemas de representação são aquelas estruturas cerebrais que formam a base das atividades e operações dos cinco sentidos. Através da Programação Neurolinguística – PNL podemos entender cada passo de um processo mental como sendo uma ativação de processos sensoriais, ou seja, pensar é tomado como a combinação de imagens, sons, sentimentos, odores e sabores, independente do fato de se tratar de um processo de decisão, de aprendizagem, motivação, lembrança, formação criativa ou de uma convicção pessoal.

Uma diferença marcante entre as pessoas é como cada uma percebe e se posiciona em relação aos acontecimentos inesperados, o que ocorre em função do sistema representacional de cada uma.

Podemos ser mais cinestésicos, visuais, auditivos ou ainda auditivos digitais, este último sistema foi incluído mais recentemente. Podemos dizer que usamos todos os canais sensoriais, mas tendemos a ter um canal mais desenvolvido, com o qual fluímos melhor e desta forma percebemos de maneira diferenciada uma mesma situação vivida por diferentes pessoas. Assim, se tivermos em uma mesma festa pessoas com sistemas representacionais diversos e depois conversarmos sobre a dita festa, teremos informações muito diversas, pois cada pessoa vai abordar a partir dos filtros usados, por exemplo:

  • Quem usou muito o sistema Visual prestou mais atenção ao que viu, às imagens, às pessoas, às cores, à decoração, como as pessoas estavam vestidas, aspectos estéticos em geral.
  • Já quem usou o sistema Cinestésico prestou mais atenção aos sentimentos e sensações, ao clima do ambiente.
  • Para quem tem o sistema Auditivo predominante prestou mais atenção aos sons, conversas, ruídos, vozes altas e baixas, risos, tilintar de copos e talheres.
  • Por fim, os Auditivos Digitais, vão permanecer no seu diálogo interno, ou seja, o que gostaram ou não, analisando, se perguntando de oportunidades…

Conhecendo o sistema favorito do outro, temos indicações de como ele pensa e como vivencia as questões, permitindo desta forma melhorar a nossa comunicação, pois podemos utilizar as palavras que terão maior impacto para o outro, fazendo com que a relação flua muito mais facilmente, ou seja, teremos maior facilidade de entrar em sintonia com ele, desenvolvendo o tão falado rapport.

Por exemplo, caso uma pessoa seja mais visual, tende a ter uma fala mais rápida comentando sobre imagens visuais, contando sobre determinados momentos, evocando cenários, mostrando fotos, perguntando sobre o ponto de vista do outro sobre uma determinada situação.

Entretanto se o outro for mais cinestésico, tende a ser mais preciso ao falar sobre os sentimentos e sensações que ocorreram durante o evento, se movimenta enquanto conversa, se expressa de forma compassada, e verifica os sentimentos da outra pessoa sobre o assunto tratado.

Tomando por base o que apresentamos até agora você já deve ter concluído que a leitura que você faz do mundo está intimamente ligada a percepção que se tem deste mundo levando-se em conta as experiências vividas.

Enfim, precisamos ficar atentos às palavras, à forma de falar, à respiração, à modulação da fala, entre outros aspectos, tendo em vista que as diferenças entre as pessoas são marcantes, desde uma simples escolha quanto às preferências alimentares, até amizades e relacionamentos amorosos.

Muitas vezes nos deparamos com situações em que alguém gosta muito de uma pessoa enquanto uma outra tem uma grande antipatia por esta mesma pessoa.

Segundo Bandller e Grinder no livro A Estrutura da Magia:

“Nós como seres humanos não operamos diretamente no mundo. Cada um de nós cria uma representação do mundo em que vivemos – isto é, criamos um mapa ou modelo que usamos para gerar nosso comportamento. Nossa representação do mundo determina em grande escala o que será nossa experiência do mesmo, como percebemos o mundo, que escolhas teremos à disposição enquanto nele vivermos”.

Existem vários testes disponíveis na internet para que você possa conhecer o seu canal sensorial predominante. Aproveite estas informações para se conhecer um pouco mais e ampliar sua percepção observando as pessoas que estão à sua volta. Quais os canais sensoriais predominantes nestas pessoas? Com quem você tem maior ou menor afinidade? Verifique quais as pessoas que têm o canal sensorial predominante semelhante ao seu e verifique como é o seu relacionamento com estas pessoas.

Se estas questões fazem sentido para você, fica aqui o convite para você conhecer mais sobre o assunto, para compreender melhor os modelos mentais e como pode utilizá-los ao seu favor para melhorar suas relações pessoais e profissionais.

Bibliografia:
  • BANDLER, R. e Grinder, J. A Estrutura da Magia, Ed. Summus
  • BANDLER, R. e Grinder, J. Atravessando, Ed Summus
  • BANDLER, R. e Grinder, J, Sapos em Príncipes, Ed. Summus
  • BANDLER, R. e Grinder, J, Usando sua Mente, Ed. Summus
  • CAYROL, A e Barrère, P. Guia de PNL, Ed. Record
  • COHEN, Allan R. , Stephen Fink – Comportamento Organizacional: conceitos e estudos de caso Rio de Janeiro: Campus, 2003
  • O’Connor, J. e McDemont, I., PNL e Saúde – Recursos de Prog. Neurolinguística.

Compartilhar

Facebook
Twitter
LinkedIn
Email
Telegram
Pular para o conteúdo