As representações de gênero na oratória das mulheres advogadas
Fala Advogada: A importância da fala assertiva para as advogadas está diretamente associada a importância do papel das mulheres na sociedade.
Tradicionalmente, a advocacia, assim como muitas outras profissões, por muito tempo, foi considerada uma profissão masculina.
Nos últimos anos, cresceu, exponencialmente o número de mulheres com carteira da OAB. Na esfera nacional, esse percentual já é de 50%. Em estados como Bahia, Espírito Santo, Pará, Rio de Janeiro e Rondônia, as mulheres já são a maioria.
Porém, até o começo do século XX, inexistiam mulheres nos órgãos de classe da categoria. A advogada Myrthes Gomes de Campos foi a primeira mulher a obter o registro no Instituto dos Advogados Brasileiros, em 1906.
Apesar de as mulheres já representarem metade da categoria, bem como ocuparem a mesma proporção nos quadros da OAB, até hoje, essa entidade nunca foi presidida por uma mulher.
Da mesma forma, no sistema judiciário, a situação não é diferente.
Somente em 2000 tivemos a primeira mulher indicada para o STF: a carioca Ellen Gracie Northfleet, que foi também, a primeira mulher a presidir a alta corte brasileira.
Foi apenas em 1954 que Thereza Grisólia Tang tornou-se a primeira juíza de direito do Brasil.
Segundo uma pesquisa realizada por Roberto Fragale Filho, Rafaela Selem Moreira e Ana Paula de O. Sciammarella em 2016, a presença feminina não chegava a 30% nos diversos ramos da justiça – federal, eleitoral, conselhos e tribunais superiores.
Segundo a advogada e autora do livro “Mulheres na Advocacia: padrões masculinos de carreira ou teto de vidro?” Patrícia Tuma Martins Bertolin,
“Os escritórios perdem advogadas em razão de não terem políticas específicas para mulheres com responsabilidades familiares”.
As mulheres, mesmo estando mais preparadas e mais qualificadas para atuarem no mundo do trabalho, sentem-se despreparadas, inseguras e com dificuldades de construção de uma identidade pessoal e profissional.
A título de exemplo dessa realidade de discriminação e desrespeito contra as mulheres advogadas, na semana que esse artigo estava sendo finalizado, assistimos, estupefatas, à simulação violenta, desrespeitosa e ofensiva a todas as mulheres, realizada pelo advogado Claudio Dalledone no julgamento do feminicídio da, também advogada Tatiana Spitzner.
Esse crime bárbaro, comoveu o país inteiro e instituiu o dia 22 de junho, o Dia Combate ao Feminicídio no Paraná.
Da mesma forma, a liberdade e o empoderamento feminino, não nascem somente por decretos ou políticas públicas; nem todas conseguem romper com as estruturas internas dos papéis sociais construídos historicamente e cristalizados como sendo “naturais” ou “coisa de mulher”.
Onde estão os principais problemas?
Dentre os principais problemas que as mulheres encontram no exercício da profissão estão:
- Remuneração inferior à dos homens para realizarem as mesmas funções, com a mesma qualificação ou até serem mais qualificadas que seus colegas;
- O direito de ser mãe e licença-maternidade quando não são negados, tornam-se um empecilho para o exercício da profissão. Tais dificuldades aparecem desde serem preteridas num processo de seleção, até a ausência de acessibilidade, existência de fraldários nos fóruns, entre outros;
- O assédio moral e sexual, assim como em outras profissões, ocorre com certa frequência seja nos escritórios, como nos fóruns e juizados;
- Além de os cursos de direito não prepararem para o empreendedorismo, muitas mulheres advogadas são incentivadas a procurarem a estabilidade dos concursos ou trabalharem em escritórios de advocacias e/ou empresas. Segundo uma pesquisa realizada pela Women in Law Mentoring Brasil com 3.715 profissionais, apenas 34% delas eram sócias de capital nos respectivos escritórios em que trabalhavam.
Uma mudança nesse cenário somente é possível por meio de uma discussão aberta desses problemas, investimento na formação pessoal e profissional, e fortalecimento dos espaços feminino nos órgãos de classe.
A seguir, deixaremos algumas dicas importantes para contribuir com o desenvolvimento pessoal e profissional das mulheres no exercício da advocacia:
Dicas importantes:
- Empoderamento Feminino – além da formação acadêmica, é preciso que a mulher invista na compreensão de si mesma, por meio de uma análise comportamental pessoal e profissional, para que possa saber quais são seus pontos fortes e como potencializar as áreas mais frágeis;
- Liderança Assertiva – as mulheres não precisam reproduzir o estilo de liderança masculino para se tornarem respeitadas. A agressividade masculina pode ser substituída pelas soft skills como a empatia, a resiliência, a adaptabilidade e a facilidade na resolução de conflitos, que são características fundamentais de uma liderança assertiva;
- Feminilidade e sororidade como diferenciais – identificar o estilo feminino, bem como espelhar-se e modelar-se a partir de lideranças femininas pode se tornar um diferencial competitivo;
- Investir na Comunicação Assertiva – por muito tempo, a fala normativa foi entendida como sendo a masculina. A oratória não era vista como fazendo parte do “kit do Ser mulher”. Assim, investir num excelente curso de oratória e de comunicação assertiva contribui para o empoderamento feminino e a formação de uma liderança que valorizem a feminilidade e a assertividade das mulheres.
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