As grandes descobertas e as evoluções tecnológicas fazem marcos na história, criam tendências e mudam comportamentos individuais e coletivos em suas épocas, onde o mundo virtual já é realidade nos dias atuais.
Por exemplo, o rádio, meio de transmitir informações à sociedade, foi usado para o entretenimento da família ao reunir-se em volta dele e compartilhar um capítulo de uma novela radiofônica.
É exatamente, o mesmo rádio que foi usado por Hitler para aliciar cidadãos alemães, influenciando-os para aceitarem os motivos de uma guerra que criou.
Outro exemplo, foi o descontentamento de Santos Dumont, pai da aviação, ao ver sua obra prima, o avião, criado para proporcionar viagem também, ser usado para matar pessoas, em batalhas na guerra.
Desta forma, o produto de uma descoberta em si é neutro, dentro de uma visão maniqueísta – de Bem e Mal. Mas, a forma que é utilizada é o que caracteriza o Bom e o Mal-uso.
Assim, o Mundo Virtual já faz parte do Mundo Real. Negar isso, uma descoberta de nossa época, é impossível e prejudicial ao desenvolvimento da história do Ser Humano.
É o caso do pai que encontra a filha no sofá com o namorado e para resolver esse problema, enche o peito de coragem e decide eliminar o sofá da sala, acreditando estar tudo certo de agora em diante.
Doce Ilusão! É tapar o Sol com a Peneira dando uma solução paliativa para a questão.
Saímos do sofá e vamos ao computador. Proibir crianças a utilizar a Internet, algo pertencente a sua geração, é uma violência ao seu desenvolvimento, é como tirar o sofá da sala, até privando os outros de seu uso.
As crianças buscarão alternativas para saciar sua curiosidade infantil frente ao desconhecido.
Desde os primórdios da humanidade, o proibido é algo fascinante e prazeroso, o desconhecido nos atrai e ao mesmo tempo nos amedronta, é a vivência de um sentimento dúbio.
A insatisfação e a busca por coisas novas, que despertam a curiosidade, é a mola propulsora das descobertas, seja por crianças ou por adultos.
Portanto proibir uma criança de utilizar a Internet, algo próprio de sua geração é uma violência ao seu desenvolvimento cognitivo e uma tática nada inteligente dos pais.
Ninguém é tão Onipotente e Onipresente, como gostaríamos de acreditar, para preservar a criança de lidar com as frustrações e decepções no seu cotidiano.
Com esse propósito, coloca-se os filhos dentro de uma “redoma de vidro”, protegendo-os dos males do mundo.
Algo extremamente egóico para os pais, que acreditam e se veem como super-heróis protetores e detentores do controle.
O proibir é justificado pelo discurso do amor/proteção – “faço isso porque te amo”.
Fazer a criança pensar que os adultos a controlam porque a amam faz com que elas aceitem o comportamento dos seus pais.
Porém, estes ao contrário de as proteger, como pensam, estão tornando-as mais desprotegidas e extremamente vulneráveis, ao privá-las do conhecimento e do preparo necessário para lidar com o mundo fora de sua transparente redoma.
Tornar o desconhecido em conhecido para a criança, através do diálogo, é uma boa forma de saciar a curiosidade infantil e uma ótima oportunidade para os pais saberem o que seus filhos pensam sobre determinados assuntos, mesmo àqueles considerados tabus.
Conversas frequentes dos pais esclarecendo as dúvidas e trabalhando com as angústias dos filhos é uma forma natural de prepará-los que O Mundo Virtual já é Real…