Baleia Azul, o game, com toda a onda de ameaças pela internet, poderá trazer a oportunidade de uma nova família. A harmonização está em nossas mãos!
A baleia é um enorme animal, difícil de cair na rede. Geralmente, caçada por arpão, teve sua morte proibida por proteção à espécie em extinção. Há um fenômeno chamado “arrojamento”, onde as baleias encalham e, segundo observadores ou lenda, cometeriam suicídio coletivo. Essa hipótese, entretanto, é negada pela ciência. (1)
Hoje, são nossas redes sociais que estão presas na armadilha “Baleia Azul”. É preciso proteger a sobrevivência daqueles que estão sendo caçados pelo game/jogo e ameaçados de suicídio: os nossos jovens. De que forma são afetados os comportamentos das crianças e adolescentes que já estão jogando nas redes, e, como os pais educadores podem se harmonizar com os filhos, em ações preventivas, é o que desejamos refletir neste artigo.
Segundo a mídia, já há perto de 25 mil vídeos sobre o jogo Baleia Azul / Blue Whale, e, dezenas de grupos fechados no Facebook, em português ou inglês. Convites chegam pelo WhatsApp e o ingresso ao jogo é imediato. O nome é atrativo, nada sombrio ou para desconfiar. Fácil de atrair crianças, adolescentes e enganar adultos desinformados. Dizem, que há, constantemente, mudança dos nomes dos grupos, por seus curadores/administradores, para disfarçar e recrutar de forma mais fácil.
“O jogo Baleia Azul surgiu em 2015 como “fake news” (notícia falsa) divulgada por um veículo de comunicação estatal da Rússia. O assunto se espalhou em uma histeria coletiva e gerou um contágio, principalmente entre jovens. De acordo com especialistas, o jogo não existia, mas com a grande repercussão da notícia, pode ter passado a existir. (2). Se tornou viral na internet e causou mortes comprovadas de adolescentes na Europa. No Brasil, já há suicídios e tentativas, em investigação.
Entre nós, jovens procuram, voluntariamente, a adesão ao jogo. Outros, são apanhados por descuido. Quando se dão conta, é tarde, pois foram fisgados. Em nossas redes pessoais, é necessário abordar o tema e divulgar matérias para alertar às famílias, aos adolescentes que desejam experimentar o novo game, e, mesmo a alguns mais desligados quanto à forma de recrutamento.
Neste período, é recomendável combinar com seus filhos e demais jovens da família e vizinhos que não devem seguir links desconhecidos e aceitar convites feitos por amigos ou amigos de amigos, no computador e no celular. Essa fase deve ser de “stop” para qualquer expansão em rede pessoal. O jogo não tem limite mínimo e máximo de idade.
Mas, de que tipo de jogo estamos falando? Qualquer jogo ou game, conforme se conhece, tem regras a serem seguidas, mas não ordens de comando. Há sempre liberdade para a decisão e segurança para que o jogador possa abandoná-lo, a qualquer momento.
Aqui, trata-se de mortes anunciadas, até agora, de adolescentes. Não há liberdade de escolha nem segurança para desistência da partida. Desistência é palavra não permitida e a única “partida” é da vida, com o suicídio do participante, quando obedece ao comando de número 50. Para conhecer todos os comandos, os sinais de quando o jovem precisa de atenção especial, e, mais informações, leia outro artigo da Revista. (3)
Os efeitos se espalham por alguns estados (SP, PR, MG, MT, PE, PB, RJ, SC) com alertas policiais e de saúde apontando prejuízos físicos e emocionais dos jovens atendidos. Casos de hospitalização, devido aos cortes por lâminas. Suicídios e tentativas, por adolescentes, aumentaram nas últimas semanas. Tudo vem sendo investigado em suas conexões com o jogo.
Na tentativa de traçar linha de raciocínio hipotético, com base em conceitos de planejamento, podemos situar “Baleia Azul” como um projeto maior, formatado em game. A não valorização da vida humana é sua mensagem simbólica; a maior quantidade de suicídios é a meta dos curadores (é possível até que cada administrador de grupo ganhe um bônus por quantidade de jovens admitidos / eliminados); a missão dos criadores/gestores é o “arrojamento” humano de suicídios coletivos, similar ao, supostamente, cometidos pelas baleias; a estratégia experimental é a disseminação viral pela rede Internet e a submissão às ordens trágicas aparece como tática, que, possivelmente, usa a lavagem cerebral como técnica.
Os comportamentos dos jovens jogadores, divulgados na mídia, auxiliam os pais na sua identificação, pois, muitas vezes, a falta de tempo, ausência do hábito de observação dos filhos, ou, a crença de que seria impossível acontecer algo assim em sua família, os impedem de reconhecer o problema. Estes são os mais importantes para buscar ajuda especializada em saúde mental:
Mutilações e desenhos na palma da mão; assistir filmes de terror/psicodélicos com regularidade; cortes grandes com lâminas, nos braços, com imagens de baleia ou outro animal (pode usar mangas compridas para encobrir); desenhos de baleias; publicação em redes sociais com os dizeres “#iamwhale” (“eu sou uma Baleia”); sair de casa em horários fora dos hábitos comuns; cortes nos lábios; furos de agulhas nas mãos; provocar e arranjar brigas; evitar conversas muito longas. (4)
A lavagem cerebral não está tão longe de nós. Uma frase que virou moda, adotada pela família: “adolescente é aborrecente” pode exemplificar. Socialmente, e, em casa, os pais gostam de repeti-la. A frase é ouvida, até a exaustão, pelo adolescente, que a obedecerá sem raciocinar, criando motivos reais para aborrecer a família. Outra causa de desespero, tristeza e raiva, no adolescente, é ouvir, repetidas vezes, que “está gordinho/gordinha”, pois a mídia já definiu o padrão, e, os colegas não perdoam quem foge da “modelagem”. Seu filho/filha já sofre bullying na escola [sobre o assunto ver (5)] e não encontra acolhimento na família para expor suas emoções. Isso pode levar à depressão, com a crença de que “sou a vergonha de meus pais”. O mesmo acontece com a adolescente muito magra e com pouco busto, ao ser comparada com outras da mesma idade,“mais vistosas ou cheinhas”, como tantos pais repetem. Ela pode se fechar, omitir-se do social, sentir desprezo por si mesma porque não possui os atributos apreciados. “Verdades” que não ajudam no crescimento e na harmonização da criança e do adolescente devem ser evitadas. No processo educacional, na família e na escola, algumas verdades podem ser ouvidas como mentiras e vice-versa.
“Mentiras, repetidas à exaustão, viram verdades, ensinou Joseph Goebbels enquanto comandou a máquina de propaganda nazista. Para fazer lavagem cerebral não são necessários equipamentos de ficção científica ou hipnotismo. Há todo tipo de técnicas testadas e aprovadas que qualquer um pode usar para passar por cima da parte pensante do seu cérebro e ativar um interruptor dentro dele que diz “OBEDEÇA”…Há uma parte primitiva na parte inferior do cérebro que é denominada amídalas e é responsável pelo controle das reações básicas emocionais. Desprezo e vergonha são geradas por nossas amídalas que desligam a parte analítica do cérebro e fazem com que nos comportemos de forma ridícula ou desmedida.” (6)
“Lavagem Cerebral” foi denominada, pela primeira vez, pelo jornalista americano Edward Hunter, em 1950. Por mais estranho que pareça, ela pode ser caracterizada como uma modalidade educacional de aprendizagem que dribla a consciência da pessoa e bloqueia qualquer grau de liberdade do aprendente, modificando seu comportamento para o bem ou para o mal. A zombaria, ou, o que hoje se chama, nas redes sociais, de “zoação”, pode anular o raciocínio crítico, fazendo com que a pessoa reaja, violentamente, ou, tristemente, contra os outros ou contra si mesmo. Um jogo/game ao usar esse tipo de técnica, alcançará seu objetivo, qualquer que seja ele, despertando emoções que geram comportamentos fora do pensamento e raciocínio crítico.
Muitos adolescentes querem se mostrar corajosos, desejam provar algo à família, estão depressivos, desiludidos, revoltados, ou, apenas curiosos, e, por isso se tornam caça fácil ao “Baleia Azul” ou “Blue Whale” homicida.
Encontramos apoio à hipótese de lavagem cerebral no “Baleia Azul”, na declaração do delegado Marcelo Magalhães do COPE do Paraná, quando comentou a hipótese de indiciamento, por tentativa de homicídio, dos administradores dos grupos, “porque há uma lavagem cerebral durante 50 a 60 dias, que é o prazo para que todas as 50 tarefas sejam realizadas”.(7) Outro aspecto mencionado pela mídia, refere-se às denúncias, uma vez que induzir, instigar ou colaborar em suicídio é também considerado crime no Brasil e tem pena prevista de dois a seis anos. Na Polícia, “em caso de ameaças ou se existir algum material que comprove a participação no jogo, através do Disque Denúncia 181.” Nas redes: “pelo Facebook: ao lado do botão “compartilhar”, clique nas reticências e escolha uma razão – “conteúdo violento ou prejudicial”, clique em concluir, e, pelo WhatsApp: quando o curador entrar em contato, clique em “denunciar como spam e bloquear”. (8)
Num cenário onde todos se acostumaram a “bloquear”, “deletar” opiniões e a “descartar” pessoas nas redes sociais, dentro do parâmetro do “gosto ou não gosto”, pode parecer fascinante, aos jovens, entrar num grupo/jogo em que esta opção não existe, sendo o descarte feito por suicídio, que muitos, no início, podem achar que seja virtual.
A confusão entre virtual e real, em muitas de nossas crianças, não é facilmente percebida pelos pais. As notícias de que alguns meninos vestidos de super-heróis se atiram de prédios parecem muito distantes de nossas casas. Gostamos de vestir nossos filhos de super-heróis Marvel e nossas filhas de fadas ou princesas da Disney, aceitamos que eles participem de games violentos, assistam quaisquer desenhos animados, filmes de ação e de terror. Tudo isso ocorre sem que brinquem, joguem, ou assistam, junto aos pais, para que possam criar os significados de fantasia e de realidade, com apoio dos adultos. Cremos que nossos filhos já sabem de tudo porque são inteligentes, e, desconsideramos que o emocional das crianças precisa ser nutrido, assim como o físico e o intelectual.
Leitura de livros de fantasia, junto a outros livros, de prosa e poesia, é essencial ao desenvolvimento infantil para que a criança lide com as emoções, com o bem e o mal, através das personagens. Isso pode ajudá-la a dizer “não” a um convite para um jogo que é mau para ela. Teatro, desenho, música, modelagem, recorte, pintura… Arte para expressar a fantasia no real deveria ser mais vivenciada na família, além da escola. Resgatar os serões familiares, quando os adultos assistiam e participavam junto com os filhos e netos de brincadeiras e das lições de casa, seria extremamente saudável. É preciso ter coragem para desligar televisões, computadores, guardar os nossos celulares e os deles, e despertar, novamente, o gosto por brincar e aprender em família, algumas noites por semana. Poderá ser um ou dois períodos de convívio.
Algo estranho percebido no comportamento? Não tenha medo de falar, perguntar, mostrar que se importa. Seja franco(a) e direto(a). Saiba que conversar gera alívio, mesmo que seu filho/sua filha recuse no primeiro momento. Insista, e, aos poucos irá conseguindo chegar mais próximo. Estabeleça momentos dedicados a seu filho/filha, em que você conversa, segurando suas mãos, olhos nos olhos, observando a respiração dele/dela e a sua também. Certamente esses momentos poderão iniciar um processo de harmonização em família. A respiração se altera conforme as emoções sentidas. Interpretar a respiração pode ser um aprendizado novo e significativo tanto para seu autoconhecimento quanto para entender o momento que os mais jovens estão vivendo. Com estresse, a respiração se localiza na parte alta do peito que oscila. Com medo, a respiração fica bem curta. Na ansiedade, a respiração é irregular. Quando sentimos satisfação, ela é harmônica e suave. Aprender isso em qualquer idade é muito importante. Você e eles poderão fazer suas próprias observações. Poderá ensinar a seus filhos que, ao respirarem lentamente, poderão acalmar suas emoções, ficando mais conscientes e deixando de agir no automático. A Universidade de Stanford, a partir de estudos, publicou em 2015 que “um conjunto especial de neurônios dita o ritmo da respiração e regula o equilíbrio entre comportamentos calmos ou agitados… Esse grupo de neurônios não é homogêneo e é composto por vários subgrupos. Um dos subgrupos gera o ritmo de respiração e projeta diretamente para um centro do cérebro que tem um papel crucial para os estados de alerta generalizado, atenção e estresse.” (9) A conclusão mostrou o que o Yoga e outras práticas milenares já afirmavam.
Uma sabedoria ancestral oriental, Jin Shin Jyutsu, ensina a harmonizar as emoções, pela respiração, e, também com leves toques nas mãos. A cada dedo corresponde uma atitude (um comportamento emocional manifestado, frequentemente, por uma pessoa). Assim, o dedo polegar harmoniza a atitude de preocupação; o medo é harmonizado quando se segura o indicador; a raiva se dissolve, como postura na vida, ao ser envolvido o dedo médio; a atitude de tristeza se harmoniza pelo dedo anular; o dedo mínimo harmoniza o fingimento/pretensão de ser diferente de quem somos, e, o isolamento/solidão se dissolve com um toque na palma da mão com os dedos da outra mão. Segure as mãos de seus filhos, enquanto conversam. Observe qual a atitude está predominante em seus comportamentos. Crie o hábito de observá-los, sem julgar. Envolva, levemente, com um toque delicado, o dedo para harmonizar a atitude correspondente. Espere até pulsar, com suavidade.
Se for criança, invente brincadeiras onde cada um segura, alguns minutos, os dedos do outro e trocam palavras de carinho. Os adolescentes, também, poderiam criar o hábito de trocar palavras de afeto. Com essas práticas, estaremos fazendo ações preventivas para que nossos jovens não busquem “Baleia Azul” ou qualquer jogo nocivo a eles. Há outras ideias do Jin Shin Jyutsu para autoconhecimento e harmonização. [sobre o assunto ver (10)]
A harmonização das atitudes não é atendida pela família. Nosso hábito é de punir os filhos, por emoções inconvenientes. Muitas vezes, mandamos que estudem, priorizando, assim, o desenvolvimento mental cognitivo. Quando mostram emoções de raiva, tristeza, medo… não sabemos como tratar e repetimos frases como: “engole o choro”; “menino não chora”; “parece mulherzinha berrando”; “menina não pode chorar porque faz ruga” “foi melhor assim, esse/a namorado/a não servia pra você”. A dor e a tristeza não são aceitas como parte da vida. Parecemos desvalorizar os sentimentos e as emoções porque temos medo e não queremos ser “fracos” ou “transparentes”e chorar com os filhos.
As emoções parecem ser a caixa preta do avião a ser aberta somente em acidentes. E quando esses ocorrem, é difícil aceitar que nosso filho esteja com depressão. Surge, então, um “Baleia Azul” que o engole até a morte.
“Higiene emocional é a diminuição de emoções negativas e a manutenção de sua habilidade mental para a clareza e calma, que constitui uma mente saudável. De modo a fazer isso, nós devemos primeiramente cultivar e desenvolver o interesse em fazê-lo. Sem nenhum interesse, você não pode forçar as pessoas a fazê-lo… Tem de vir através do entusiasmo individual, que só vem quando você vê o valor em fazê-lo.” (Dalai Lama) (11)
A reflexão sobre a onda “Baleia Azul” pode ser uma oportunidade para a nova família: praticar “higiene emocional” com ações educativas em casa; valorizar o emocional e não somente o cognitivo dos filhos; diminuir o medo de tratar com as emoções dos filhos e com as nossas próprias; buscar conversas e autoconhecimento. (12) Conseguir a harmonização, através das mãos e da respiração, com entusiasmo autêntico e sincero pela convivência. Dedicar-se às crianças e aos adolescentes para vivenciar o novo…
Com base em texto anônimo, que circula no WhatsApp, finalizo este artigo, convicta de que muitos aspectos devem ser refletidos em outras matérias, com várias abordagens.
“Se acabarem com a “Baleia Azul”, outros animais “coloridos” aparecerão em forma de game, pois o que está faltando é a “cor” nas famílias… Estamos demasiadamente distraídos… Estamos pais “cinzas”, sem vida, sem ação, sem autoridade, sem carinho com os filhos, sem tempo… Fomos nós que empurramos os filhos para esse mundo virtual de isolamento… Vamos aproveitar a desgraça da baleia azul para alcançar a “Graça” de acordar para o cuidado com nossos filhos. Se você não tem tempo para seus filhos, os bichos do mundo terão.”
Notas de Referência:
- https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2017/04/20/conheca-a-baleia-azul-animal-que-da-nome-ao-jogo-mas-nao-sao-suicidas.htm
- http://paranaportal.uol.com.br/geral/curitiba-tem-maior-registro-de-envolvidos-com-jogo-baleia-https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2017/04/20/conheca-a-baleia-azul-animal-que-da-nome-ao-jogo-mas-nao-sao-suicidas.htmlazul/
- https://aempreendedora.com.br/blue-whale-ou-simplesmente-baleia-azul-brincadeira-que-mata/
- http://www.gazetadopovo.com.br/curitiba/sobe-para-oito-numero-de-casos-envolvendo-jogo-baleia-azul-em-curitiba-e1x2lphwh9qzjc01eis3vebat
- https://aempreendedora.com.br/temor-e-morte-na-escola-bullying/
- http://www.fatosdesconhecidos.com.br/6-tecnicas-de-lavagem-cerebral-assustadoras-que-sao-usadas-ate-hoje/
- (http://www.gazetadopovo.com.br/curitiba/baleia-azul-grupo-de-elite-da-policia-civil-tera-apoio-de-psicologos-em-investigacoes-2rue9cm15icax695lqu64whbp
- http://www.gazetadopovo.com.br/curitiba/sobe-para-oito-numero-de-casos-envolvendo-jogo-baleia-azul-em-curitiba-e1x2lphwh9qzjc01eis3vebat
- http://www.budavirtual.com.br/respirar-fundo-realmente-acalma-a-ciencia-provou-seus-beneficios/
- http://www.jsjbrasil.com.br/autoaplicacao e http://www.youtube.com/jsjbr
- http://www.budavirtual.com.br/uma-frase-dalai-lama-para-nos-recitarmos-todas-manhas/
- A arte de me conhecer e o Método das Chaves in https://www.facebook.com/amorarubra/