Mulher Policial

Mulher Policial: o feminino dentro do espaço masculino

Como isso acontece?

Mulher, universalmente concebida como símbolo de ternura. Mulher, historicamente associada a maternidade, a fragilidade, a condescendência e a delicadeza.

Mulher Policial, por sua vez, imaginariamente, é expoente da força física, da violência e associada ao estereótipo masculino.

Ainda que sua função seja a manutenção da ordem e a proteção da sociedade, o universo policial ocupa, na mente humana, um local em que impera a bravura, a hostilidade e o heroísmo.

Enquanto a mulher acolhe e cuida, a polícia vigia e prende. Essa dicotomia, presente no inconsciente social, parece inviabilizar a presença da mulher dentro de uma corporação policial.

No entanto, sob determinada ótica, ambos estão à disposição do outro para prover cuidados e proteção – seja no âmbito pessoal, seja no mais amplo – o social.

Tendo este viés como base, e passando por todas as conquistas femininas – no campo social, laboral, interpessoal, é possível, então, visualizar mulheres provendo vagas dentro de uma corporação policial, destacando-se em suas atividades e sendo reconhecidas por suas atuações.

A inserção da mulher dentro de um espaço predominantemente preenchido por homens, traz algumas reflexões importantes.

Uma destas reflexões diz respeito a qual o lugar que a mulher ocupa dentro de uma corporação: faz parte da rotina policial de operações nas ruas, ou apenas de atividades internas, com fim administrativo e de caráter mais burocrático?

Neste sentido, ao atuar como psicóloga dentro de um batalhão da Polícia Militar, observo que as policiais também fazem parte da escala de operações nas ruas, de patrulhamento diário e ofensivo, em eventos esportivos e não apenas integram a equipe interna da unidade.

É também possível observar a participação ativa das mulheres dentro de grupos especializados da polícia como ROTAM e BOPE.

Dona de um olhar atento e conseguindo manter o foco em vários aspectos ao mesmo tempo, a mulher consegue desempenhar suas funções dentro deste espaço com dinamismo e dando à objetividade masculina nuances mais suaves.

Seja atuando na linha de frente, nas ruas e no policiamento ostensivo, ou seja, atuando dentro das unidades, em atividades internas e burocráticas, mas não menos importantes, o feminino traz a possibilidade de inovação do espaço de cumprimento da lei.

Apesar de à mulher ser permitido o ingresso na Polícia Militar do Paraná há cerca de 43 anos, o contingente feminino dentro da corporação ainda é pequeno.

Acredito que de grande importância seja mostrar à população que a inserção nesta profissão não brutaliza a mulher, ao contrário, transforma o espaço da polícia num espaço em que é possível se repensar sua ação: o fazer cumprir a lei não apenas como instrumento de punição, mas como movimento de acolhimento e retratação do erro.

Assim, a presença feminina quebra com a objetividade latente do espaço masculinizado, ressignificando o lugar do policial na sociedade, não apenas como aquele que cumpre e faz cumprir a lei, mas como aquele que tem a função maior de proteção, de cuidado e de zelo pela população.

  • Fotos gentilmente cedidas pela Policial (Cabo) Militar do Paraná: Cátia Simone Mocellin
    Fez parte da primeira turma das policiais femininas do Paraná atuantes na Força Nacional de Segurança Pública, pelo Estado do Paraná

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