Uma recente pesquisa sobre estereótipos de gêneros, divulgada pela Harvard Business School revela a conversa de investidores sobre projetos que lhes são apresentados.
Uma das chocantes constatações do estudo revela o estereótipo de que a mulher teria qualidades opostas àquelas consideradas importantes para empreender.
Segundo o estudo, na média, os homens conseguem aporte de recursos na ordem de 52% do que foi proposto, enquanto que as mulheres um quarto do que requisitaram. Detalhe, a pesquisa foi realizada na Suécia, onde um terço dos negócios são conduzidos por mulheres.
Voltando à nossa realidade, outro estudo sobre a vida profissional da mulheres, foco de tese de doutorado da FEA-USP, também revelou dados alarmantes. O objetivo da pesquisa realizada com mais de 500 mulheres, investigou como a vida conjugal influencia na carreira feminina.
Após analisar os dados, a autora do estudo chegou a três fatores fundamentais, que são: apoio conjugal ao desenvolvimento da carreira da esposa, suporte financeiro do parceiro para a carreira e atitudes de sabotagem à carreira da mulher por parte do cônjuge.
Quase 60% das respondentes afirmaram ter média ou baixa satisfação com a remuneração, enquanto que 74% apontaram a carreira com o mesmo grau de importância que a dos homens.
Ou seja, minha vida profissional é tão importante pra mim quanto para os homens, porém sei que a remuneração e até mesmo os investimentos que venha a receber serão bem mais baixos. Difícil, não?
Mas sempre há luz no fim do túnel. Com a potencialidade da tecnologia, mulheres estão conseguindo driblar as dificuldades do mercado e da vida pessoal. Inegável o dna materno que há em cada uma de nós (umas mais, outras menos).
Deixar os filhos pequenos para lutar por uma carreira formal, tendo que cumprir longas jornadas de trabalho, sempre foi um ponto delicado para muitas.
Por outro lado, as empresas sentem sim uma certa limitação de algumas mulheres com viagens e participação em eventos fora do expediente.
Buscando equilibrar estes pontos, o espírito empreendedor, a criatividade e, em especial, a coragem têm impulsionado o universo feminino a se posicionar com negócios online.
Um levantamento com 200 mulheres feito pela TV Mães S.A, em parceria com a Rede Mulher Empreendedora, revela que 67% das entrevistadas começaram um negócio próprio após terem filhos, apenas para estarem mais próximas a eles.
Outra pesquisa na mesma linha, chamada de “Quem são elas?”, mostra que 75% das mães questionadas se arriscaram no empreendedorismo após a maternidade pelo mesmo motivo: acompanhar de perto o crescimento dos bebês.
As aceleradoras de negócios também estão expandindo a atuação para dar suporte ao empreendedorismo feminino, oferecendo capacitação e orientação para administrar as finanças, operações, marketing e estratégia.
Mesmo com todos os incentivos, ainda há muito a se desenvolver em termos de acesso ao crédito, políticas públicas, divisão das tarefas e apoio “verdadeiro e sem sabotagem” do parceiro. Acredito que seja um caminho sem volta, porém ainda um longo caminho. Empreender pode parecer fácil e glamoroso, mas a realidade é mais dura do que estão nos vendendo.
De jeito algum sugiro que alguém desista de seu sonho de empreender. Porém, só a vontade de estar perto dos filhos, evitar o corrosivo ambiente corporativo, flexibilidade de horários e autonomia, não são suficientes para gerar impacto significativo na condução de um negócio. Seja ele qual for.
A boa notícia é que o ring está armado, para continuarmos lutando. E neste cenário, sem dúvida alguma criatividade e inovação farão muito mais diferença do que força.
Comente e divida com as milhares de leitoras seu ponto de vista sobre o tema. E, claro, traga suas ideias para a discussão. É desta forma que aprendemos e crescemos.
Obrigada por sua leitura.
Até a próxima.