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O futuro das livrarias físicas no Brasil

A atual crise no mercado editorial nacional levantou o debate em torno do modelo tradicional das livrarias físicas no Brasil.

O ano de 2018 foi conturbado para o mercado de livros no país, com más notícias nesse setor, inclusive para as redes de livrarias tradicionais e de grande porte.

A Laselva teve sua falência decretada no primeiro trimestre, enquanto que em setembro ocorreu o encerramento no Brasil dos negócios da francesa Fnac.

No fim do ano passado, após o fechamento de várias lojas, as megastores Saraiva e Cultura entraram em recuperação judicial, devido dívidas que somam cerca de R$ 1 bilhão de reais.

Vários são os fatores considerados como causas para a atual crise das grandes livrarias físicas, que vem se acentuando nos últimos cinco anos.

O e-commerce, ou seja, a venda online, é a principal queixa, principalmente depois da chegada da Amazon com seus descontos impraticáveis pelo modelo tradicional de comércio físico de livros.

Porém, nadando contra a corrente, livrarias de porte médio como a Leitura e as Livrarias Curitiba, começam a se aventurar em novos espaços ou ocupar as lojas fechadas pelas concorrentes.

O crescimento dessas redes menores levanta dúvidas a respeito dos motivos alegados para a crise das megastores, uma vez que o consumo de livros físicos não diminuiu nos últimos anos.

A questão é o que fazer para reverter essa situação? Será que não há mais mercado para as livrarias físicas? Mas, o que dizer da capital da Argentina que possui mais livrarias que o Brasil todo?

Fato é que a sociedade está em constante transformação, inclusive dos hábitos de consumo de literatura, pois apesar de ainda ser uma minoria, existe uma parcela de leitores que prefere os livros virtuais, por praticidade ou menor preço.

Então, as empresas do setor terão que repensar o modelo tradicional de distribuição de livros. É preciso reinventar-se, diversificar, conquistar novos leitores e reconstruir o mercado literário.

Porém, as livrarias físicas possuem um trunfo, porque proporcionam a experiência única, antes da compra, de tocar nos livros, sentir o cheiro, folheá-los, ler a orelha, enfim, prazeres impossíveis de serem realizados pelo e-commerce.

Há de se destacar também o importante papel das livrarias na formação de novos leitores, pois o contato físico com os livros e as experiências em eventos literários despertam a curiosidade e incentivam as crianças menores a lerem.

Percebe-se uma tendência mundial em se criar um novo estilo de negócio para a venda física de livros, oferecendo não só novos produtos ao cliente, mas sim, uma experiência diversificada e exclusiva.

Algumas livrarias estão ampliando a transparência na relação com os editores, investindo em tecnologia para compartilhamento de informações a respeito de vendas, estoque, pedidos, etc..

Outras estão se tornando verdadeiros pontos de encontros, onde se pode, além de ler, relaxar sozinho, encontrar amigos ou participar de palestras, cursos, oficinas e eventos culturais.

Parece que o momento exige inovações que ultrapassam a simples venda de livros. O leitor está querendo mais. E o mercado deve se adaptar às novas exigências.

Há de se considerar os avanços tecnológicos e os novos hábitos de consumo, inovando na interação com o leitor, incorporando a leitura para celulares e demais aparelhos eletrônicos.

Talvez seja esse o caminho, a reinvenção das livrarias, com foco e atenção no cliente e na experiência única de estar em um lugar de encantamento, que agrade e seduza o consumidor a voltar.

E aos leitores apreciadores das livrarias físicas, o que resta fazer? A esses cabe a importante tarefa de fomentar o consumo de livros físicos e a frequência das livrarias, bibliotecas, feiras e demais eventos literários.

Presenteie mais com livros e atraia as crianças para viverem as experiências que esses lugares encantados propiciam.

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Paula Maciel

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