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Psicopatia

Psicopatia – como se ver livre dessa desolação assoladora?

Na ausência de empatia, a marca registrada da Psicopatia se revela

Psicopatia como tema aterrorizador, não expressa tanto pavor nas narrativas da mídia atual. O caso Lázaro Barbosa nos revela bem esse detalhe.

Encaramos a psicopatia como tema perturbador que revela certo mistério sombrio, implicações estarrecedoras na sociedade, um mistério que atrai e tenta ser decifrado.

Nessas últimas semanas, a mídia não traz outro tema mais instigante que Lázaro Barbosa, um assassino foragido, dono de uma vasta lista de crimes, conhecido por driblar a segurança pública da federação brasileira em vários estados e cidades.

Mas, tirando a massiva apologia à psicopatia, sejam nas séries dignas de maratona, sejam nos filmes e mesmo na íntegra, o que de fato é psicopatia?

Os Podcasts, os noticiários, as redes sociais parecem dar ao assassino o lugar de prestígio nunca antes alcançado, ao reforçar seu narcisismo primário.

Lázaro outrora, apenas mais um criminoso em questão, hoje é referenciado como o serial Killers mais procurado do país. Vale lembrar que Lázaro não é a primeira figura considerada assassino serial em nossa história.

 Psicopatia – Perversidade ou doença?

Tivemos outros casos descritos enquanto ações de psicopatas, tais como caso Champinha (2003 – São Paulo); Suzana Van Richthofen (2002 – São Paulo); Lindemberg Alves (2008 – Caso Eloá) dentre outros.

Isso para não citar casos mais antigos, tais como o assassinato de Daniella Perez, em 1992, pelo casal Pádua. Para alguns criminologistas e pesquisadores do crime, esses assassinos não foram considerados seriais, mais apenas pessoas destituídas de empatias e a motivação de alguns seria passional.

Mas, quando falamos de reincidência criminal, modus operandis, organização e teor altamente violento dos crimes, remontamos Febrônio Índio do Brasil (1895-1984), considerado o primeiro psicopata brasileiro, autor de diversos crimes sádicos-sexuais.

Conhecido também como Índio do Brasil e Filho da Luz, Febrônio foi posteriormente diagnosticado com esquizofrenia hebefrênico-paranoide, diagnóstico este, que permite alguns criminalistas a excluí-lo da lista de seriais. Contudo, em termos de modus operandis e ação organizada, é um dos casos mais interessantes.

Outro caso relevante a nós, é Chico Picadinho (1942). Esse assassino é considerado um dos maiores criminosos do Brasil. Nascido no Estado do Espírito Santo, ele aterrorizou a polícia paulista entre 1966 a 1976, com seus assassinatos.

Diagnosticado posteriormente como portador de transtorno dissociativo de identidade, Chico Picadinho, hoje com 79 anos, vive no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Taubaté desde 2019, quando deixou a penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo.

Sem sobra de dúvida, a interdição o impediu de dar sequência a sua lista de nove mortes violentas. Poderíamos falar do “Maníaco do Parque”, “Monstro do Morumbi”, “Preto Amaral”, “O Linguiceiro da Rua do Arvoredo”, etc.

Para tal, seria preciso iniciarmos um livro. Como nosso espaço não nos permite, citei apenas alguns casos, considerado em minha pesquisa sobre violência humana e psicopatia, há mais de 15 anos, bem relevantes à questão levantada.

Como o objetivo deste artigo é compreender a psicopatia enquanto comportamento e não enquanto psicopatologia (doença), vamos ao que interessa!

Os criminosos violentos chamam a atenção pelos seus crimes. Os psicopatas típicos, dividem por inúmeras vezes os holofotes com um variado número de assassinos, cujos crimes horripilantes parecem estar associados a graves transtornos mentais.

Mas, é aí que o tiro saiu pela culatra! Assassinos seriais psicopatas (ou não) – não são loucos. Pois, nem todo psicopata é um assassino serial!

Por mais que pareça perturbador, precisamos ter clareza que, uma grande maioria de psicopatas realiza seus empreendimentos sem matar ninguém. Sim! Eu disse empreendimento!

Vou melhorar isso! Quer ver uma coisa? A maioria dos psicopatas não foram descobertos por seus rastros criminosos. Geralmente são bem documentados, pessoais que interagem socialmente, são parentes, vizinhos, conhecidos de alguns, quando não, nossos conhecidos também!

Segundo especialistas, existe uma incapacidade profundamente perturbadora e se preocupar com a dor e o sofrimento experimentados por outra pessoa, i.é., uma completa falta de empatia, que é pré-requisito para o amor.

Em uma tentativa quase que desesperadora para explicar essa ausência de empatia, voltamos ao histórico do passado familiar. Mas apenas em alguns casos existem dados clínicos que justificariam um certo lugar traumático.

É sabido que a infância de alguns psicopatas (o gênero aqui é epiceno), é marcada por privação emocional e abusos físico e emocional. Para cada psicopata adulto originário de uma família problemática.

Há outro cuja vida familiar foi aparentemente mais calorosa e instrutiva, e cujos irmãos e/ou demais familiares são normais, conscienciosos, capazes de se preocupar uns com os outros. Richthofen é um bom exemplo. Guilherme de Pádua também. Nenhum dos dois exemplos cometeram crimes em sequência! Será por que foram detidos?

Vale ressaltar ainda que, a maioria das pessoas com infância horrível, não se tornaram psicopatas! Por mais que sejam esclarecedoras (e, aliviadoras) os argumentos traumáticos da infância enquanto gatilhos para o desencadear da psicopatia, são argumentos rasos e não se sustentam á luz de outras áreas do desenvolvimento humano.

Os argumentos de que crianças submetidas a abuso e violência tornam-se adultos molestadores e violentos valem pouco aqui. Existem explicações mais profundas que requerem de nós outra oportunidade de narrativa.

Então, o que Sabemos Sobre A Psicopatia?

Importa-nos saber que, embora a psicopatia possa ser preditor mais forte de violência entre uma variedade de tipos de violência, ela precisa ser avaliada por especialistas com instrumentação validada.

Não é um jargão ou modismo midiático que decidirá que determinado sujeito é um psicopata ou não. A psicopatia é um preditor da violência! Além da violência e do comportamento criminal associado aos psicopatas, muitas outras informações serão precisas para diagnosticar um comportamento psicopata.

Bases biológicas da psicopatia

Sabe-se a partir de estudos que os psicopatas exibem déficits emocionais/interpessoais e cognitivos, a base biológica para a externalização dessas expressões de psicopatia não são tão claras (HUSS, 2011, p.105).

Alguns psicopatas têm demonstrado consistentemente respostas fisiológicas características, ou seja, exibem um medo reduzido na antecipação de estímulos desagradáveis ou dolorosos usando medidas fisiológicas como a aceleração cardíaca e condução elétrica da pele (HART, 1998 APUD HUSS, 2011).

Existem outros inúmeros estudos sobre as possíveis bases biológicas da psicopatia, mas nenhuma definição prévia e uníssona sustenta qualquer argumento. Apesar de muitos avanços terem sido alcançados nessa área.

Deve-se ter cautela na interpretação dos resultados obtidos até o momento. Particularmente, essa discussão deve ser embasada em outras esferas não médicas, como moral, ética ou jurídica.

Finalmente, compreendemos que o aspecto mais amplo do estudo da psicopatia foi sua relação com o comportamento criminal. Esse comportamento aponta, de uma forma em geral risco de perpetração de violência, o que chamamos de crimes seriais.

Sabe-se que a importância da psicopatia dentro de uma variedade de culturas e etnias. Existem evidencias em mulheres, crianças e adolescentes.

Mas será que o comportamento dos psicopatas é mal adaptativo? Do ponto de vista social talvez seja, mas não para os próprios indivíduos. Quando solicitados que mudem seus comportamentos para que se adaptem as normas pré-estabelecidas, estamos pedindo que ajam contra suas próprias naturezas.

Surge-nos outra pergunta: Psicopatia tem cura? A resposta é simples: Eles podem até fazer o que pedimos, mas apenas se for de interesse deles. Todo programa de tratamento precisa compreender este princípio! Inclusive você!

 Sintomas de possível comportamento psicopata

Ao tratarmos da psicopatia enquanto comportamento antissocial, procuramos de forma sucinta relatar alguns de seus aspectos. Contudo, a avaliação não é simples e exige, além de formação, uma avaliação multidisciplinar e de cunho jurídico (forense).

Em nenhuma ocasião ao longo deste artigo, esboçamos desejo de fechar a questão ou realizar juízo de valor. Nosso maior objetivo é alertar ao leitor alguns exageros midiáticos, mas também sobre uma realidade assustadora, contemporânea.

Nisto, resumimos alguns desses aspectos em nossa narrativa. Como descobrimos que um psicopata “mora ao lado”, algumas dicas são possíveis nesse espaço. De qualquer forma, apenas um profissional especialista poderá avaliar de fato qualquer impressão.

Vamos à dica?

Vale insistir: Não use esses sintomas para diagnosticar a si ou outras pessoas! Caso suspeite de algum conhecido ou se encaixe no perfil. Procure um psicólogo ou psiquiatra forense (jurídico), qualificado e registrado!

 Sintomas-Chave da Psicopatia
EMOCIONAL/INTERPESSOAL DESVIO SOCIAL
  • Eloquente
  • Egocêntrico e grandioso
  • Ausência de remorso ou culpa
  • Ausência de remorso ou culpa
  • Falta de empatia
  • Enganador e manipulador
  • Emoções “rasas”
  • Impulsivo
  • Fraco controle de comportamento
  • Necessidade de excitação
  • Falta de responsabilidade
  • Problemas de comportamento precoces
  • Comportamento adulto antissocial
Dicas de como se proteger de um psicopata

As pessoas psicopatas são encontradas em qualquer seguimento da sociedade, e há uma boa chance de que, algum dia, você tenha um humilhante e doloroso encontro com elas. A melhor defesa é o conhecimento desses predadores. Vamos a algumas dicas!

  • Proteja-se – Não tampe os olhos para o narcisismo. Relacionamentos abusivos podem revelar psicopatia. Conheça melhor a si, se respeite e Denuncie!
  • Controle os danos – Não se envolva em transações de riscos e promessas de conquistas rápidas e fáceis. Fique na defensiva quando a oferta for muito grande!
  • Não se culpe – Psicopatas seguem feromônios de pessoas frágeis! Eles adoram a submissão da “presa”. Busque autoconhecimento e autonomia emocional! Liberte-se!
  • Não se sinta burro (a)! – Não tenha vergonha em revelar uma situação abusiva ou danosa. Milhares de pessoas já foram vítimas dessa situação. Recorra à ajuda! Grite! Não fique neste lugar! Ser vítima não é ser burra!
  • Estabeleça regras firmes – Embora uma pessoa psicopata é ótima para “tomar o controle das coisas”, você pode se prevenir assumindo o protagonismo de sua vida! Não perca seu lugar na existência!
  • Não espere que um psicopata se cure – Psicopatia não é doença! Psicopatia não tem cura! Apesar de prometerem constantes mudanças para terem o controle, são predadores inatos! Continuam ser sempre o que foram! Saia fora!
  • Procure apoio de grupos – Em geral suspeitas levam a busca de um diagnóstico e então fica claro a possível jornada acidentada que se terá à frente! Procure ter todo apoio emocional possível! Não fique só!

Finalmente chegamos ao final de nosso artigo. Não concluímos o assunto pois, como disse no início, queria provocar uma abertura. Jamais um fechamento!

Apesar de muitos estudos, especulações e notícias sobre serial killers, a psicologia compreende este lugar enquanto perfis psicopatológicos, ou seja, são indivíduos clinicamente perversos e com graves distúrbios mentais.

O caso Lázaro não deve ser reduzido ao que evoca a mídia ou meras especulações. Há muito o que ser compreendido ainda. E isso não é do senso comum. Em outro artigo, pretendemos ainda falar sobre que é satanismo! Outra coisa incansável de ser dita pela mídia!

Voltando à criminologia, nem todos têm caráter exclusivamente psicopático. Aproveitamos o momento e discutimos essas questões, que no senso comum se misturam e se confundem. Nisso, nossa intenção informativa se respaldou até aqui.

Aproveitamos também para diferenciar de forma muito abreviada o que seria uma espécie de transtorno mental e perversidade (crime). E ainda, para alertar sobre possíveis indicadores desses comportamentos.

O sistema de justiça gasta bilhões para ressocializar muitos desses sujeitos. Mas todos esses esforços incansáveis ainda não foram suficientes para uma socialização positiva e intervenção precoce.

Queremos continuar buscando a chave deste mistério, mas enquanto isso, não podemos deixar de alertar: Cuide-se!

Referências Bibliográficas:
  •  American Psychiatric Association. (1952). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. Washington, DC: American Psychiatric Association.
  • DAYNES, Kerry; FELLOWES, Jessica. Como identificar um psicopata: cuidado! Ele pode estar mais perto do que você imagina. São Paulo: Cultrix, 2012.
  • EKMAN, Paul (2011). A Linguagem das Emoções. Tradução de Carlos Szlak. São Paulo: Lua de Papel.
  • R. D. (2013). Sem Consciência: o mundo perturbador dos psicopatas que vivem entre nós (1ª ed.). Porto Alegre: Artmed.
  • HUSS, M. T. (2011). Psicologia Forense: pesquisa, prática clínica e aplicações. (1a ed.). Porto Alegre: Artmed
  • HUSS, Matthew T. Psicologia Forense: pesquisa, prática clínica e aplicações; tradução: Sandra Maria Mallmann da Rosa; revisão técnica: José Geraldo Vernet Taborda. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre: Artmed, 2011.
  • SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes perigosas: a psicopata mora ao lado.
  • Globo: São Paulo, 2014.
  • VASCONCELLOS, S. J. L.; Silva, R. S.; Dias, A. C; Davoglio, T. R.; Gauer, G. (2014). Psicopatia e Reconhecimento de Expressões Faciais de Emoções: Uma Revisão sistemática. Revista Teoria e Pesquisa, 2, 30, 125-134.

Com carinho,

Da amiga de sempre, Chris Viana.

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