O orgulho pela prepotência.
Eis um dos maiores aliados do indivíduo narcisista, o caos. É através dele que consegue exercer com maestria seu conceito individualista de perfeccionismo digno de um trono.
Diante à ordem, ele é apenas mais um e precisa buscar alternativas para criar possibilidades intuitivas ou não, conscientes ou não, de expor toda a sua realeza lendária.
Instala-se nesses indivíduos uma necessidade constante de se prender a dramas aos quais não conseguem se desvencilhar.
O narcisismo se traduz por uma exaltação excessiva do próprio “EU”, e está muito longe de ser considerado excesso de amor próprio, mas sim, um superdimensionamento de si mesmo diante características normais do ser humano, como orgulho e autoestima.
Um desejo constante de se destacar ou de estar sempre à frente dos demais ao seu entorno.
Especialistas do comportamento humano entendem o narcisismo como aspecto fundamental para a existência de recursos de sobrevivência como coerência e facilidade de se reafirmar diante o mundo.
Para a psicologia forense, este conceito pode ganhar traços perversos e fatais em indivíduos com alto índice narcísicos.
Um dos exemplos mais impactantes é o de Suzanne Von Richtofen, condenada há 39 anos de reclusão após planejar e participar do assassinato dos pais em 31 de outubro de 2002.
Durante muito tempo acreditava-se que Suzanne era portadora de psicopatia, um mal tão devastador quanto o narcisismo pode se tornar.
Somente após o teste de Rorschach, ou teste do “borrão de tinta”, o diagnóstico pode ser concluído e apresentado a justiça demonstrando um egocentrismo exacerbado, influenciável a condutas violentas e risco potencial para a sociedade por conta da dificuldade em avaliar o resultado dos seus atos.
Narcisistas extremos não possuem a capacidade de dar o valor real das pessoas, pois são apenas instrumentos de super exaltação do ego.
É em meio ao caos que alguns chefes ganham o selo de identificação com ordens e contraordens muitas vezes absurdas de contornos assediadores.
Gostam de promover o caos também no recinto familiar, brincando com expectativas e tirando seu equilíbrio através do seu “calcanhar de Aquiles” ou em outras palavras, seu ponto fraco.
Se aproveitam de oportunidades de tomada de decisões para agir de maneira oposta a acordada ou esperada, dessa forma, se utilizam de tudo aquilo que possa desestabilizar e promover assim, o caos desejado para que se sobressaiam ganhando margens de controle.
Para todo narcisista patológico, o caos sempre está acompanhado de dramas.
Como o chefe que após se encontrar em meio ao caos, dá um show de indignação ou preocupação, se mostrando a princípio arrependido ou surpreso com discursos histéricos, como se não fosse ele o condutor de resultados controversos.
É extremamente comum narcisistas patológicos usarem o vitimismo para reconquistar a confiança de suas presas emocionais.
De uma forma ou de outra, narcisistas sempre usarão o caos, a desordem, seja ela de cunho emocional, material e até mesmo físico para despedaçar, fragmentar, psicologicamente suas vítimas.
As situações criadas na maioria das vezes são inconscientes, mas são todas utilizadas para nutrir expectativas, desencadeando em suas presas, ansiedades excessivas que levarão á frustração e consequente demonstração de superioridade do ser narcísico.
Existem, portanto, dois pesos para uma mesma medida. Um deles é o peso da realidade patológica e sua consequente necessidade geradora do caos, outro peso é aquele que se apresenta como vítima da sua própria patologia.
Estão sempre propensos a se desencantarem e a se entediarem com a própria vida, o que faz com que se tornem presas fáceis da depressão devido a inautenticidade, irrealidade de suas ações.
Se tornam presidiários de suas próprias armações e não conseguem estabelecer vínculos duradouros e construtivos enquanto na contramão, dependem excessivamente dos outros.
A manipulação de suas vítimas faz com que cresça no narcisista a satisfação da imagem de si mesmo abrindo brechas para novas estratégicas de caos e liderança psicológica.
Nas redes sociais, esses indivíduos ganham ambientes propícios para a criação e promoção de suas ilusões através da livre expressão.
O egocentrismo do exibicionismo de todos os passos, com selfies de si, alimentos, de conquistas materiais e até mesmo a necessidade de expor as atividades físicas, sugere relações superficiais consigo mesmo e consequentemente com o todo.
Hábitos estes que não são aceitos na vida real, mas que são dissimulados na vida virtual muitas vezes ganhando traços admiráveis com nome de popularidade virtual.
Todo narcisista possui autoestima baixa, por isso a aprovação do outro nas redes sociais complementa a si e neutraliza sua própria insegurança.
A vulnerabilidade, o ser sensível a frustrações e dissabores da vida real, faz com que busque a todo momento ser aceito, desejado, querido, aprovado pelo outro em meio virtual criando dessa maneira o ideal de ego.