Identifique e saia da sua realidade desvirtuada.
Você descobriu que está ou estava vivendo um relacionamento abusivo e quer conhecer um pouco mais sobre as fases deste relacionamento ou está confuso com as suas atitudes ou as do seu parceiro dentro do relacionamento?
Então vamos lá.
Se não leu meu artigo anterior, Ele terminou comigo! A culpa é minha. Será mesmo?, sugiro que o leia antes de continuar aqui, a fim de ter uma melhor compreensão.
Se é uma pessoa que acabara de tomar conhecimento de que estava ou está vivendo um relacionamento abusivo, ouso acreditar que está em estado intenso de ansiedade e desespero.
E mais. Bem provável esteja num estado de transi, pensando, falando somente nisto onde quer que vá e com quem quer que se encontre, assim como que seja uma pessoa que ama demais.
Nada saudável não é mesmo?!
E deve estar se questionando: o amar demais não é saudável?
Não, não é. Embora o amar demais pareça um tanto quanto agradável aos nossos olhos, a pessoa que ama demais, igualmente à pessoa abusadora, vem de um lar disfuncional e carrega traumas, muitas vezes, ocultos e silenciosos.
Mas, vamos deixar para tratar sobre esses assuntos nos próximos artigos.
Aliás, enquanto escrevia este artigo, decidi tratar, também, sobre os coabusadores: aqueles que cooperam com a pessoa abusadora, mesmo que de forma inconsciente.
Agora, concentre-se na busca da compreensão do ciclo do relacionamento abusivo para a sua própria consciência e liberdade, seja para decidir permanecer ou não neste relacionamento ou obter uma epifania ou insight de que é um forte candidato à atuar como abusadora em suas relações.
E mais.
Se e quando estiver passando por uma fase de bombardeio de amor por outro alguém, conseguirá, de imediato, identificar que não está diante de um relacionamento saudável e terá a opção consciente de dizer não.
Já, se seus atos praticados dentro de um relacionamento forem parecidos com uma pessoa abusadora, da mesma forma, poderá cessar o mal em você e no próximo.
Pelo menos assim espero.
É importante que se atente a um detalhe: a sua libertação, qualquer que seja ela, como abusada ou abusadora, irá requerer não apenas o conhecimento, mas, também, um coração disposto.
Então, vamos conhecer as 3 fases do relacionamento abusivo, como havia prometido.
Recorda-se da história da Betina e do Vitor no meu artigo anterior (Ele terminou comigo! A culpa é minha. Será mesmo?)?
Se, de fato, viveu ou vive um relacionamento abusivo, é certo que se identificou muito ou integralmente com a Betina ou com o Vitor, não é mesmo?!
Se é uma leitora que passou pelas 3 fases do relacionamento abusivo (bombardeio do amor, desvalorização e descarte) uma vez e está neste estado emocional, imagine passar por isso por mais vezes?
É exatamente o que vai acontecer se permanecer neste relacionamento.
Ou pode ser que tenha enfrentado inúmeras vezes durante todo o seu relacionamento essas mesmas fases.
As 3 fases do relacionamento abusivo são sempre praticadas pela pessoa abusadora como um ciclo constante até que ela decida eternizar o abandono.
E como alguns profissionais especializados entendem, o qual me adapto, muito embora a parceira sofra muito neste relacionamento, há, também, sofrimento por parte da pessoa abusadora, mesmo que ela não tenha nenhuma empatia com as suas dores.
Ambos precisam de ajuda.
E como chegou a uma situação tão desesperadora como a que está vivendo?
Não obstantes os fatores ambientais que proporcionaram eventuais traumas, baixa autoestima, medo, carência, dentre outros, justamente em razão da primeira fase: a fase do bombardeio do amor, conhecido como idealização e love bombing, é que está vivendo todo esse pânico.
A propósito, se estiver se sentindo o último dos seres, pare agora.
Saiba que a abusadora te escolheu porque é especial. Ela jamais se relacionaria com pessoas comuns.
Bem provável que você seja alguém forte (essa é a preferência da pessoa abusadora), de muitos talentos e com grande empatia – o que nada tem a ver com carência e até mesmo baixo autoestima.
Isto porque, dada a baixíssima autoestima da abusadora e a necessidade constante de ser admirada, manter relacionamento com pessoas especiais é um meio de suportar e de aumentar a sua própria autoestima.
Logo, olhe para si e perceba o quanto é especial!
Exatamente por isso, está aqui; buscando obter conhecimentos e mudar, para melhor, sua vida, em especial os seus ciclos e resultados.
Vamos logo então saber um pouco mais sobre cada uma das fases do relacionamento abusivo, devendo salientar que, por se tratar de uma revista voltada para o público feminino e serem homens os maiores atuantes como abusadores, apenas para melhor compreensão e em consonância com o conto de Vitor e Betina, utilizarei o gênero feminino para a pessoa abusada e o masculino, para a abusadora.
1ª Fase do Relacionamento Abusivo: Bombardeio do amor – idealização
Todos nós quando estamos iniciando um relacionamento, acabamos por praticar tal fase, mas não na mesma rapidez e intensidade, como praticados pelo abusador.
No relacionamento abusivo é tudo muito rápido e intenso.
A fase do bombardeio do amor é a do conto de fadas, de concretização do sonho infantil de uma princesa: ser encontrada e amada pelo príncipe encantado inteligente, amável, protetor, perfeito que, tanto a procurava.
É a fase da idealização.
O abusador te ouve; te admira; te ajuda; te dá carinho; cuida de ti e está presente constantemente; percebe todo o seu valor.
De uma forma muito rápida, para o abusador, passa a ser a pessoa mais importante para ele.
Tudo é perfeito, seu parceiro e, consequentemente o relacionamento. Assim você crê.
É, também, viciante, já que alguém te olhou, percebeu seus valores e esse alguém é exatamente o príncipe do conto de fadas que sempre sonhou, pois ele a encontrou.
Já nos primeiros dias, ele já deixa claro que quer compromisso e, desde logo, confessa que a ama… você é a pessoa que ele tanto esperava, inclusive para ser sua companheira e mãe dos seus filhos, já que nenhuma das outras ex-namoradas foram leais e merecedoras.
Em pouco tempo, é apresentada, como um troféu, para a família e amigos do abusador.
O que não se sabe é que todos familiares e amigos já estão acostumados com essa postura. Este relacionamento é apenas mais um, tal como os inúmeros outros que lhes foram apresentados anteriormente.
Tudo o que pertence a ti e vem de ti é importante para o abusador.
O interesse do amado em explorar o seu eu, é intenso. Conhecer seus medos, seus traumas, seus sonhos que, inclusive, se tornam os dele e, assim, de algum modo, tenta subjetivá-lo, são prioridades.
Seu príncipe é atento a qualquer coisa; até mesmo a seu corte de cabelo; no pintar de suas unhas; no utilizar uma roupa nova; a preocupação com o que acontece e aconteceu com o seu dia.
Nunca houve um amor tão perfeito em toda a sua vida… e a partir daí passa a acreditar que necessita dessa pessoa para sobreviver.
Uma pessoa saudável, logo perceberia que não é normal uma pessoa amar outra e se doar em tão pouco tempo.
Mas não se sinta culpada de nada!
Como já está viciada nesta fase do love bombing, é normal sublimar tal anomalia.
Porém, infelizmente, a fase do conto de fadas não perdura por muito tempo, diante do surgimento da segunda fase do relacionamento abusivo.
2ª Fase do Relacionamento Abusivo: Desvalorização
Repentinamente, começam a ser lançadas piadas acerca de seus traumas, medos ou outros sentimentos negativos que há dentro de você e um dia foram divididos com o abusador.
As piadas do abusador passam, também, serem direcionadas à assuntos importantes e com grande relevância para sua vida.
Posteriormente, começam as críticas; o desdém.
Aquela imagem que tinha de si própria, passa a ser modificava negativamente.
Todos os seus atos passam a ser errôneos e desvalorizados pelo abusador.
Obviamente, as atitudes do abusador passam a ser impugnadas, sendo recebidas por ele como loucura e insanidade de sua parte.
O abusador passa a se irritar facilmente e iniciar discussões em razão de assuntos e fatos irrelevantes.
A atenção que era toda voltada para este relacionamento, passa a ser quase que zero.
Pouco a pouco o abusador passa a ignorá-la, não atendendo às suas ligações, tampouco respondendo às suas mensagens.
Começam a surgir mentiras, traições, bem como serem novamente praticados, com excesso, os vícios ocultos do abusador.
E quando decide procurar o abusador para entender o que está acontecendo e com objetivo de resolverem os problemas desta relação é que, então, surge o ódio e a CULPA da pessoa “amada”, a fim de justificar os atos do abusador.
Sem que tenha qualquer responsabilidade pelos atos do abusador, ele a culpa pela raiva/ódio que sente, bem como por estar vivendo uma fase ruim do relacionamento e por ele agir malignamente.
É aquela conhecida frase: “Você me fez agir dessa forma!”
O abusador, semelhantemente, passa a culpar amigos seus e parentes, assim bem difamá-la para família e amigos.
Com o único objetivo de retornar à primeira fase do relacionamento, acaba se afastando de todos e, ao perceber que a situação só piora, se sente totalmente só e, consequentemente mais viciada neste relacionamento.
O abusador passa a te acusar injustamente por mentiras, flertes e traições invertendo os papéis, já que, não raras as vezes, é exatamente o que ele faz.
Ao estar vivendo uma desarmonia em si mesma e com o relacionamento antes feliz, assim como uma realidade desvirtuada, direcionando, naturalmente, falas e atos negativos para o abusador, automaticamente, é denominada como louca, sendo convencida, inclusive, fazer tratamentos e terapias.
Se o abusador acredita naquele momento que o problema é a incapacidade da abusada (sob o seu ponto de vista), de suma importância para ele, tal como: sexual; de cozinhar; de trabalho; intelectual, a convence buscar ajuda para capacitá-la.
Mas nada adianta.
Isto porque, não foi capaz de chegar ao nível exigido pelo abusador ou a sua incapacidade foi redirecionada pelo abusador para uma outra vertente.
E o que antes eram apenas piadas degradantes e discussões, passam a se tornar ofensas verbais e a culpa é toda sua; pois é a culpada pelo abusador agir dessa forma.
Aliás, o abusador deixa bem claro que só acontece contigo; tudo em razão de sua incapacidade e/ou descontroles emocionais.
Jamais o abusador agiu dessa forma nos relacionamentos anteriores.
E vem aí a pior fase.
3ª Fase Do Relacionamento Abusivo: Descarte
Este é o momento mais avassalador deste relacionamento ou, quiçá, da sua vida.
Essa fase do descarte é o momento em que o abusador não a quer mais; ele está farta de ti.
E se tentar mudar isso; convencê-lo de que ele é o culpado, enfrentará uma verdadeira cena de filme de terror, pois será muito mais acusada e desrespeitada.
Ao tentar mostrar para o abusador que os problemas estão com ele, é desperto um ódio tão grande que o leva agredi-la verbalmente e até mesmo fisicamente.
E de quem é a culpa?
Claro, sempre sua.
Foi você quem o levou a ser agressivo.
A propósito, o momento do descarte já é uma exibição pavorosa, atingindo a sua alma.
O abusador te abandona sem nenhum remorso.
E acredite, é bem provável que o abusador já esteja tendo relacionamento com outra pessoa.
E não cogite que será diferente com a nova parceira. O ciclo neste novo relacionamento do abusador, será idêntico.
Tudo se torna vazio, desesperador, desvirtuado e irreal.
A mesma pessoa que te fez viver momentos inimagináveis, repentinamente te deixa destruída; assolada.
E para piorar: passa a acreditar que, talvez, seja a responsável por destruir a relação, sem que tenha agido para tal feito.
Sem qualquer capacidade de identificar a sua culpa, posto que ela inexiste; desejando somente voltar à primeira fase, não há outro pensamento senão o relacionamento e a busca de identificar eventual culpa, pois, talvez, o abusador tenha razão.
A pessoa realmente chega a quase uma insanidade mental.
Já o abusador, muito embora há inúmeros artigos estabelecendo que há plena consciência nos atos por ele praticados, tal como planejamento, fingimento, dentre outros, sou associada ao entendimento de que os sentimentos dele foram verdadeiros, porém por algumas razões distorceu toda a realidade neste relacionamento.
Regra geral, o abusador sofrera abuso familiar na infância, tendo traumas de afeto e ao passo que verdadeiramente sentira tudo o que demonstrara na fase inicial, idealizando o outro, com o passar do tempo se sente controlado e vítima da parceira, sem compreender que é ele o culpado por todo o resultado.
Tal como a parceira abusada, o abusador sofre com os efeitos dessa realidade desvirtuada.
Nos próximos artigos, vamos explorar um pouco melhor sobre tais assuntos.
De fato, compreendendo melhor as fases de um relacionamento abusivo, o que é muito importante neste momento é aceitar que você não é a culpada e não será capaz de mudar o outro, seja lá qual for a forma e tamanho do seu amor.
Nunca seremos capazes de mudar ninguém, apenas a nós mesmos e não espere para amanhã; comece desde já.
Por outro lado, há grandes chances de ter se identificado como abusador, e se esta for a realidade, da mesma forma, não perca tempo.
Analise o quanto as suas atitudes fazem mal para si e para o próximo e decida hoje mudar.
Procure tratamento com pessoas especializadas e treine o amor diário pelo próximo, até que o amor e respeito passem a integrar o seu caráter.
Todos nós podemos mudar, basta decidir e executar!