Conexão e aceitação, duas buscas incessantes do ser humano desde a primeira infância, o primeiro estágio do amor próprio determinante para a liquidez ou para a efetivação de relacionamentos eternos.
Relacionamentos no Século XXI – Relações interpessoais ou relações entre pares desde a primeira infância são essenciais para a formação psicossocial de desenvolvimento. Atividades em grupo são de suma importância no desenvolvimento infantil na dominação de habilidades sociais.
Há uma serie de habilidades emocionais tanto cognitivas como comportamentais que se desenvolvem nos dois primeiros anos de vida e colaboram de maneira significativa na construção de relações entre pares.
Entre elas estão, por exemplo, a capacidade de lidar com a atenção, regular emoções, inibir impulsos, imitar as emoções de outras crianças ou de seus pais (em busca de aceitação), compreender relações causa-efeito, entre outras.
Relações com os membros da família, bagagem cultural, socioeconômica, além de fatores individuais como incapacidades físicas, intelectuais ou comportamentais também contribuem para as experiências das crianças com seus pares.
A curto e médio prazo, relações problemáticas se associam com baixo rendimento escolar, traduzindo-se por baixo desempenho acadêmico e mais tarde problemas em relacionamentos amorosos.
Hoje vivemos a Era do amor líquido, em que relacionamentos se assemelham a relações de consumo, uma vez que desejamos nos relacionar como quem deseja um objeto em oferta num shopping.
Buscamos ansiosamente por alguém que nos complete sem nos darmos conta que nosso “objeto de desejo” também esta incompleto, fazendo com que busquemos outro ”objeto” numa busca incansável de nós mesmos.
Relações estas feitas sob medida no cenário líquido da vida moderna em que se deseja que as possibilidades românticas surjam e se refaçam numa velocidade cada vez mais crescente e num volume cada vez maior, devastando-se mutuamente e buscando impor aos gritos a promessa de ser a mais satisfatória e completa que a outra.
Assim, tornam-se cada vez mais valorizados os relacionamentos virtuais, uma vez que o “desejo pelo outro” é muito maior que a necessidade real de “conhecer o outro”. Pessoas demonstram interesse por curtidas e optam pelo relacionamento por mensagens de texto.
Estão literalmente em nossas mãos através de smartphones. Observando o crescente número de pessoas que se conhecem por aplicativos de relacionamento, notamos então aquela primeira necessidade humana de aceitação e conexão.
Corpos quase desnudos para atrair a atenção do “objeto de desejo”, mas que quase sempre terminam em “relações bloqueadas” no próprio aplicativo, comprovando mais uma vez que aquilo que se busca está distante da tecnologia, distante do outro, distante de figuras midiáticas e distante até de si mesmo.
Eis a doença do século XXI, a completa ausência de conectividade real entre pessoas guiadas pelo imediatismo em relacionamentos curtos, vazios e frágeis por pessoas tão ansiosas que confundem satisfação momentânea por felicidade amorosa.
Ocorre que um dos elementos essenciais no relacionamento é o amor próprio que também é liquido. Não há possibilidade de amar o outro sem que eu tenha a capacidade real de amar a mim mesmo.
A nossa falta de autoestima nos leva a ter relacionamentos diluídos em segundos.
Por isso, o termo amor líquido, pois tudo o que reflete a nossa realidade dos relacionamentos modernos, escapa de nossas mãos, não somos capazes de solidificá-lo com a força necessária para que se mantenha vivo.
Transformamo-nos em colecionadores de eventos líquidos, entretanto, todo ser humano necessita de compromissos fortes e o primeiro deve ser consigo mesmo. Sem responsabilidade pessoal, sem a capacidade para transcender, raríssimas serão as vezes que estaremos dispostos a assumir relacionamentos sólidos.
Mais que relacionamentos, buscamos conexões, assim nos tornamos seres menos transcendentes e mais individualistas pessoalmente nos revestindo de necessidades de satisfação momentânea do real ao virtual em relações imateriais sem conteúdo e sem compromisso.
Com sorte, ainda nos resta uma ferramenta na luta contra a imaterialidade das relações, chama-se educação.
Mas para se obter grandes resultados, há a necessidade de se iniciar na infância com a formação de crianças mais seguras de si, ou seja, com autoestima, consciente de si mesmos e da importância de se estabelecer vínculos de relacionamentos reais e duradouros.
Crianças com capacidade de pensar e seguras em cada projeto que empreendem. Caso contrário, nossos filhos e nós mesmos estaremos sempre presos em amores líquidos, de realidade líquida, de mundo líquido.
Avançamos a passos rápidos em tecnologia e em socioculturas, mas não em consciência humana.
Desenvolvemos a dependência emocional, a possessividade, e outros sentimentos vinculados aos valores de referência que cada um sustenta de si mesmo, que se resume em resistência para alcançarmos maturidade emocional.
E esse cenário se mostra evidente, por exemplo, quando se cobra do outro um posicionamento efetivo em mídias sociais, quase que demarcando o “objeto de desejo”. Percebe-se a necessidade imatura de se viver um relacionamento a partir da exposição.
Já em relações entre pessoas do mesmo sexo, esta questão é um pouco mais complexa e muito mais delicada. O universo feminino emocional, sentimental e até sexual é muito mais hermético.
Para nós mulheres nada é tão simples, pois nossa visão vai além do superficial, então a busca é por novas possibilidades de realizações afetivas, onde a troca se dá pela conquista de afinidades. Além é claro de traumas de relacionamentos heterossexuais.
Outra questão não menos importante de se observar é a questão de modismos, que com a ajuda de meios de comunicação divulgam o homossexualismo, e isto pode num primeiro momento contribuir para que haja uma compreensão equivocada, que tem muito mais a ver com modismo que atração real.
Por fim, um bom relacionamento é aquele que uma busca completar o outro e não aquele em que se busca o complemento. Assim, todos os dias serão de aprendizado mútuo, crescimento emocional e principalmente estabilidade real.
E você que leu até aqui, o que pensa sobre essas questões, dos Relacionamentos no Século XXI?