Sempre considerei crises como desafios e sempre confiei que as resolveria.
Eis que, aos 33 anos me vi com artrite e uma depressão leve. Um médico me sugeriu voltar a tocar piano que, há quase 20 anos, não o fazia.
Frequentei a melhor escola de música do país, o CLAM do Zimbo Trio e em dois anos fui convidada a me tornar pianista profissional.
Simples assim. Se não fosse a resistência de meu ex-marido que entendeu que tocar na noite é para biscate e que não permitiria.
Aí aconteceu, imagino, o maior empreendedorismo da minha vida. Resolvi empreender em mim mesma. Me assumir como individualidade, senhora de minhas ações, meu destino.
Claro que me separei, virei pianista profissional, tocando de noite, de dia, a qualquer hora que me chamassem. Passei a ser muito solicitada para tocar em vários restaurantes e bares de São Paulo e até na minha terra Piracicaba. Sentia-me validada, reconhecida, feliz!
Como na época poucas mulheres tocavam como profissionais, os convites foram muitos e sobravam. Passei a não dar conta!
Eis que me inspirei e me desafiei a montar uma empresa de assessoria musical para eventos corporativos e sociais. Passaria a montar um “casting” de pianistas e assim poderia atender a todos os chamados, já que, claro, eu não poderia estar em dois lugares tocando, ao mesmo tempo! Hummm, por que não?
Perguntei-me do que eu mais gostava numa música. Claro, aprecio belas melodias, porém, harmonia é o que mais a enriquece, além da letra.
E assim nasceu a HARMONIA EVENTOS MUSICAIS.
Em pouco tempo e pela falta de bons profissionais disponíveis, minha empresa passou a ser conhecida, requisitada, respeitada.
Hoje, passados 27 anos de atuação no mercado corporativo e de eventos sociais, teve como carro-chefe a companhia aérea TAM. Com o projeto Music Hall, idealizado pelo meu grande mentor Comandante Rolim, me permitiu realizar nas salas de embarque mais de 12 mil apresentações ao longo de 20 anos. As apresentações com músicos tocando solo, duo ou trio, das 6 horas da manhã às 21 horas, TO-DOS OS DI-AS. Numa conta rápida feita há alguns anos, somando-se as horas tocadas em São Paulo, Rio e Recife, onde também colocava músicos para entreter passageiros, quase daria para ir à Lua.
Ao empreender, inovar nessa área (havia poucas empresas que faziam isso, nos anos 90), muitos músicos passaram a nos procurar para participar da Harmonia Eventos. Chegamos a um casting com mais de mil músicos cadastrados, entre bandas, solistas, toda sorte de profissionais freelancer relacionados à música e, com os anos, abarcamos toda forma de entretenimento, com diversas atrações desde sósias de gente famosa, mágicos, a escola de samba, shows temáticos.
Tudo foi feito nos conformes. Nota fiscal, pagamentos de impostos, razão social, conta empresa no banco, contador contratado.
Num país, em que pesquisas do IBGE mostram que mais de 50% das empresas abertas no Brasil encerram suas atividades em três anos, posso afirmar com orgulho que a minha deu certo. E tenho a satisfação de ter fama de boa pagadora.
Jamais atrasei um dia sequer o combinado com meus contratados, sendo que sei de músicos que tocam no réveillon e vão receber perto do dia das mães.
Ter uma empresa, fechar muitos contratos todo mês, atender a dezenas de multinacionais, ser respeitada no mercado a ponto de receber um prêmio pela nossa atuação me engrandece profissionalmente. E reforça a certeza de que a ética, o profissionalismo, o compromisso, rendem bons frutos.